Mlailin
Um dia...
Um dia aprenderemos
a amar
Por enquanto vamos ficando no:
Um dia EU amarei
Um dia TU amarás
Um dia NÒS amaremos
Um dia VÒS amareis
Um dia ELES amarão
Um dia direi o que fazer com suas milhas...
Agora me restabeleço
Como uma paciente depois da cirurgia
Na hora foi estranho, nos primeiros dias tb,
mas agora as coisas estão se encaixando,
e quando sai agora de onde irei retornar para pegar o ônibus para não mais voltar para esse lugar, olhei no céu e vi uma lua tão linda...
A minha lua preferida, aquela que parece com uma linha e isso me deu uma paz, não digo que foi grande pq não existe mais paz de bom tamanho
mas existe uma certa resignação
diante de coisas que não se pode mudar
e quer saber uma coisa, meu coração nem doeu
e isso foi de bom tamanho
Dizem que ele não tocou minha alma
ainda bem que não
Bastava o coração para ter me matado
Não sei ser alma sem meu coração
Encostada na janela do oitavo andar
olhou para a piscina
para o play groud
e indagou
Onde estão as crianças
Andou pelas ruas
colocou o ouvido
na porta da casa alheia
Olhou cada canto da rua
cada banco da praça
Não conseguia encontrar
a explicação do por que
do silencio
de modo tão grotesco
Onde estão as crianças?
O sorriso
A timidez
As perguntas
As brincadeiras
O abraço apertado
O beijo carinhoso
Poderiam estar cantando
em algum lugar
Meu lanchinho, meu lanchinho...
Parecia um filme mudo
preto e branco
A vizinhança estava morta
Onde estão as crianças?
Naquela noite
ela fez
uma viagem muito curta
Onde a vendedora
explicava a uma turista
o valor da bolsa de capim dourado
Que tédio!
Onde estão as crianças?
Então as luzes se apagaram
desceu as escadas
atravessou a rua
Havia outros turistas
olhando para o mar
fez uma pergunta
ao morador local
Onde estão as crianças
Um francês perguntou
ao guarda em um português truncado
Onde fivaca...
Pensou ouvir
Onde estão as crianças?
A unica luz vinha do lado de uma lampada solitaria
clareando o mar, viu
Felizes e radiantes
teve o seu caminho
bloqueado
Por uma dezenas deles
Uma alegria conhecida
desde a infancia
Encontrou a criança
Eloá, dorme em paz
Sou uma menina e vejo todo o tempo
A forma como o Senhor
Deve ver esse imenso universo
Que se mostra diante dos meus olhos
As vezes
As vezes eu olho
para o horizonte e tenho a estranha sensação
De que o Senhor é cheio
de segredos
Segredos sobre toda a terra
Pensamentos mais altos do que o meu
Tenho orgulho de você
Capaz de ver onde cada estrela esta indo
e chama a cada uma pelo seu nome
Meus pés são marfim e azuis
Os seres humanos passam por mim,
alguns mais lentos
outros mais apressados,
exaustos.
Também param
conversam e sorriem
ficam calmos,
confiantes e belos
Compartilham a tranquilidade do mar.
Essa terra é um mosaico de pessoas adormecidas
aconchegados uns aos outros
E quanto a mim
não se preocupem
Estou em paz
Sou solidão
Há tamanha solidão em mim
Que eu posso vê-la no movimento
Lento do oceano
Escuto o exílio
A derrota
A traição
E esse homem
Outros olhos
Outros cabelos
Outros pés
Outros dedos
Penso na minha vida
E comparo a outras vidas
Logo mais você irá se queixar
E se lamentar em seus poemas
Sobre como eu sou
Irá dizer também
Sobre seu pouco caso
Para comigo?
Sobre sua corrida maluca para o passado?
Deito-me na areia
E depois caminho ao redor do mar
Uma hora depois
Começo a me sentir melhor
Deixo que ele
Desmanche os meus cabelos
Enquanto digo “sim”
Nossos sonhos de união
Estão ali:
“Ela levou a furadeira?” Perguntei
“Sim, levou” – Respondeu
Limpo o banheiro
Varro o chão
E às vezes faço uma comida
Um pouco mais saudável
Há – ele me disse segurando o copo
Com suco de uva
Este é o melhor de todos
O oceano espuma
Dá licença?
Dá licença ai!?
Dá licença ai de interromper e agradecer
Jonathan agora irá ao pediatra
e não mais a um descaso
que depois de um desmaio
sem nenhum exame receitou
ao pobre garoto, gardenal
Um simples remédio
Uma simples receita
Dá licença ai, preciso agradecer
por não ter esquecido o ontem
e ainda lembrar que um jornalista foi brutalmente assassinado
seu sangue ainda quente escorre pela minha tela
e os efeitos da bala atingiram meu coração
estou definitivamente desenganada
Posso morrer a qualquer instante
De direito já devia estar morta
Da licença ai, preciso agradecer
pela minha teimosia de ainda aparecer
capengando
chocada
no meio do sol desenhado
das flores de papel
da felicidade que foi passada uma mão de cal
Dá licença ai de interromper e dizer:
Somos quase nada
Desejo
O que é que eu tanto desejo?
O que é que eu estou tentando ver?
A vida?
Minha própria vida agora encarnada em Amanda e na pequena Laura?
Estou eu por acaso tentando tocar alguma coisa que me foge,
sentir alguma coisa que me é impossível enxergar?
Viver por viver
Foi deitar-se
não sem antes dar uma olhada
na secretária eletrônica na esperança de encontrar pelo menos um número.
Não encontrou um único sinal...
Parou na porta do quarto, a mão na maçaneta, como se aguardasse ouvir uma voz
mas nenhuma voz se fez ouvir
A noite caia no marasmo costumeiro
Despiu-se devagar, olhando pela janela, a fim de inspecionar o vaso de violetas e os gatos da vizinhança
Fitou a noite escura, a rua deserta... Tudo silencioso, se evaporara o sutil sabor de todas as coisas. A rua agora é um úmido concreto mal cheiroso, nada limpa.
Arrastou-se até a cama, fechou os olhos
e adormeceu...
Não esqueça de agradecer
Estou aprendendo...
Amanheceu e agradeci, mesmo sendo muito cedo, agradeci por isso
E por mais uma vez não ter conseguido realizar meu sonho: dormir até as 2hs da tarde
Talvez tenha gente demais fazendo isso
Agradeci o sol que se esconde entre as nuvens
em duvidas assim como eu: vou ou não vou?
Agradeci pelos meus amigos
Aqueles que são e aqueles que ainda estão pensando
Agradeci pelo carro de gás que agora passa na rua fazendo barulho, me lembrando que o meu caminha para 7 meses sem troca e agradeci por ouvir Pour Elise de Beethoven
Agradeci mais ainda pela minha vida e por hoje ter lembrado depois de três dias de tomar meu remédio semanal para os ossos
E pedi e continuo pedindo ânimo e coragem para abrir essa porta e sair e ir até o posto de saúde marcar consulta para um neto e um avô que acabaram de chagar do norte e estão muito doentes.
Pedi coragem também para mais tarde ir até a casa da Cida e ouvir pela milesima vez sobre sua tristeza, sua solidão, sua depressão, suas noites mal dormidas, suas idas até o posto de saúde tarde da noite. Farei isso, enquanto abrirei seus armarios e colocarei em ordem a bagunça dos seus mantimentos e arrumarei suas gavetas enquanto ela atrás de mim continuará a falar sem cansar...
Agora, enquanto escrevo e ouço essa música
Não me perguntem por que essa música. Talvez vocês saibam melhor do que eu.
Neste momento peço que a tristeza suba até os céus e vá para aquele que tudo pode e que eu não seja mais uma acometida pelo mal da indiferença. Não quero ser capaz de não saber dividir aquilo que tenho
Nossas crianças
Se farão homens
Se chamarão povo
criança em expansão
tentativa inexorável
principio das dores
força do homem
caminho para o amanhã
produção da primavera
do mais fundo sofrimento
do mais fundo da terra
do mais duro
do mais ferido
Beleza pura
Obra de pobres assustados
flores surreais
desamparados dos subúrbios
Uma dádiva do mais alto
do mais eterno
sonho
Você pode sonhar com um lugar bonito
emoções profundas
O amor da sua vida naquela paisagem.
E a festa na sua cabeça
vai entrando pela noite...
Cada vez mais doida...
Parece uma farra mental...
Mas não:
os sonhos têm um propósito.
Eles tecem a realidade
Assim sou
Assim sou eu...
O tempo...
parado
branco na mente
pensamento que não se forma
palavra esquecida
nome
data
idéia
que não se conserva
por muito tempo
como objeto
fora de uso
Aqui...
Aqui
uma chuva fina
calor horrível
Aqui
suor, livros velhos
silêncio na sala
Além disso,
unhas por fazer
pés no chão
pernilongos ao entardecer...
Não tenho sono
e a noite é longa
Aqui estou
Aqui me detenho
silêncio, mediocridade
contas de água
passo o dedo no teclado
examino a poeira
Aqui terça-feira dia 10
quente,
outono...
E ai?
Aqui...
Responderá:
Aqui quarta-feira dia 11
Há três meses atrás
Também quarta-feira dia 11
Coincidência?
Aqui
amanhecendo...
janela aberta, sol nascendo
Aqui as ondas do mar,
Aqui todos queimados de sol
passeios de barco a vontade
vento gelado...
Só um pouco triste, isto sim.
Aqui
as vozes claras
em ecos de risadas
e de pouco caso chegarão
Engraçado...
Engraçado?
Não compreendes que a ira
é tardia e inútil?
Até onde foi o homem - Neil Armstrong
Quem?
Oras, Yuri Gagarin!
Na capsula espacial Vostok 1
uma hora e 48m percorrendo 40 mil km em volta
da terra em uma única órbita
Era imperativo sobrepujar os russos
custasse o que custasse
Como?
Oras, pouso na lua!
Em 1959, Eisenhower recusou-se a aprovar o pedido
O custo: 34 a 36 bilhões de dólares
A esperança veio com o novo presidente
Kennedy influenciado pelo fato de
que os soviéticos haviam atingido os píncaros da glória
e a América estava em baixa devido a fracassada invasão a Baía dos porcos...
E ai?
Oras, sabe não?
O desfecho de todo esse empenho
é agora história - Neil Armstrong
e Edwin "Buzz" Aldrin deixaram as primeiras pegadas humanas em solo lunar
em julho de 1969...
Lembrado como "um herói americano",
sua família deixou essa nota:
"Para todos que querem lhe prestar uma homenagem
temos um simples pedido:
Honrem seu exemplo de serviço e sucesso
e de modéstia e da próxima vez que caminharem
sob uma noite clara observem a lua, sorriem
e pensem que Neil Armstrong pisca para vocês".
Ele pode ter deixado suas pegadas e uma lata de coca-cola em solo lunar
Mas toda vez que olhar para o céu em noite enluarada
veja os olhos de Deus
piscando para você
Tony Scott
Quase 19:30, estava atrasada
Antes de sair ainda dei uma olhada na tela e li:
“Polícia investiga motivos para o suicídio do cineasta Tony Scott
Tony saltou no domingo de uma ponte de 56 metros de altura
Deixou um bilhete de despedida no escritório
E no seu carro uma lista de pessoas a serem contatadas...
Fiquei atônita
Caiu como uma bomba em cima de mim
Enquanto na aula os números dançavam em minha mente...
aritmética, geometria e a álgebra...
A pergunta martelava:
“Mas que raios essa polícia quer investigar os motivos?”
Deveria investigar que motivos uma pessoa tem para viver
se encontrarem dois ou três
Oh, glória!
Sabe meu velho,
escute aqui
Deveria ter deixado por escrito os motivos que tinha
Desesperança, medo, guerra, crimes, violência, governantes, doença, futuro, sociedade desinteressada, magoas... Uma infinidade...
É sempre assim
querem sempre saber
Como se não soubessem o tamanho da profundidade.
Afinal, o que houve?
Vamos diga
Estava doente?
Doente do coração?
Não se sentia feliz?
Completamente feliz?
Completamente?
Vamos, meu velho, conte-me a verdade
jogue fora esse pensamento torturante
ainda inconfessado
Bob Dylan
"A política mudou. O tema mudou. Na década de 60, havia um monte de gente saindo de escolas onde haviam aprendido política com os professores que eram pensadores políticos, e estas pessoas ocuparam as ruas. A política que aprendi, aprendi nas ruas, porque era parte do meio." (Bob)
Hoje falar sobre ela nos causa nojo, ira e vergonha . Os professores não falam, não ensinam. Eles tentam, nos impor aquilo que "eles" acreditam, e a maioria acredita em um nanico. Se pudesse ouvir, se pudesse escutar nosso sentimento de pesar