Mitó Dygueh
"A droga"
Sou eu quem faz os que me consomem delirar
Sou eu quem faz os tais viajar
nos lugares onde não há fronteiras.
Sou a fonte de inspiração
Sou o que faz esquecer-se dos problemas por alguns instantes
Sou a falsa solução
Dou motivação aos malvados
e coragem aos fracassados
Faço dos que me consomem sentirem-se gigantes e donos do pedaço.
Arranco-lhes a piedade, o amor e o afeto, tornando-os violentos
Faço-os pensarem que sem mim não podem nada
Torno-os meus verdadeiros dependentes, degradando-os pouco aos poucos, infernizando a eles e aos que fazem parte deles
Eis que sou o destruidor de lares, o quebrador dos laços de amizades e familiares
Sou eu, a droga!
"Só preciso de ar"
Só preciso de ar!
Então pare de me sufocar
Deixe-me sentir a brisa do vento
Pois, comigo tu tens sido tão violento
Só preciso de ar!
Pois, com ele posso respirar
e sentir um pouco de liberdade
Não aparte de mim essa janela
Pois, para viver, eu dependo tanto dela
Só porque sou uma mera indefesa
e sem valor
Tu me tratas assim como uma presa
Oh god!
Quem dera que tu tivesses um pouco de amor
Ui, Ui!
Não me aperte tanto assim e nem mexa com a minha fraqueza
Onde quer que eu vá
Vejo a sua face mesmo de olhos vendados
e onde quer que eu esteja
Ouço a sua voz mesmo com os ouvidos tapados
Farto estou das tuas palhaçadas
Pois, agora decidi viver como vivem as pessoas libertadas.
Cada palavra que atinge à minha imaginação, eu a costuro num papel. E quando o faço, é parte de mim sendo absorvida.
SE EU PUDESSE
Se eu pudesse, pintava todas as paredes do bairro e da cidade com o teu nome
Para que todos soubessem que foi neste dia que to deram a luz.
Se eu pudesse gritava o teu nome no pico mais alto da montanha
Para que todos ouvissem o soar perfeito do seu nome.
Se eu pudesse estampava a sua foto no céu
Para que todos contemplassem a magnitude da sua pulcritude.
Ah, se eu pudesse!
POR ONDE ANDASTE?
Palavrei todos sentimentos que saíam do meu âmago
E pronunciei todas letras que vinham em minha mente.
Entoei todos hinos que invadiam o meu espírito
E dancei todos passos que excitavam meus pés.
Escalei montanhas, zanzei em todos cantos do mundo te procurando,
Mas lá não estavas.
Gritei pelo teu nome o mais alto que pude,
E podes crer que até os surdos ouviram;
Consultei adivinhos e ciganos
Mas nenhum deles soube me dizer do seu paradeiro.
Rasguei as vestes, rebolei sobre o chão
Como se de um maluco me tratasse.
Por tua causa perdi tudo que tinha
Até o meu "eu" ficou sem norte;
Era tanta dor que para suportar a tua ausência,
Só me restava a morte.
Foram tantas estações de surto
Que sobrevieram chuvas ácidas sobre os meus olhos.
Houve tempo em que já não podia mais chorar,
Pois as lágrimas já estavam escassas em mim.
Orei e jejuei mesmo sendo ateu
Nem sei o que me deu.
Afinal, por onde andaste?