Milton Santos Passos
Meu Jardim Lageado
Próximo da morte
longe de tudo.
Aqui chegou o migrante.
Saudade.
Pequena e bela capela
templo cristão e indígina,
catequese.
Evolução, progresso, repressão.
Ocupação urbana, favelas.
Saneamento; sacramento.
Rio Tietê da nascente à poluentes.
Nordestinos e nortistas
na labuta na lida, fizeram
destas paisagens de São Miguel,
a nova capital da Bahia.
Manoéis e Marias
Antonios e Joaquins,
neste pedaço de chão
no breu a luz fez surgir.
Volto à infância
a caça de pardais.
Lagoa verde, lagoa azul,
draga, rio toco virado, olaria...
prainha, chácara pirâni.
Ioiô, peão
bolinhas de gude
pipas e cabuchetas.
Meus pais.
Lembranças do sertão.
Banhos de chuva.
Peladas na rua, crua.
Bola de capotão.
Descalço de malicia,
desconhece solidão.
Ruas empoeiradas,
cheiro de mata,
orvalho, chuva,
relva, e lamaçal.
Lageado!
Que saudades
de tempos idos,
e de entes queridos...
Jangadas
arroios
raios
desnudos,
infantilidade
molecagens.
Lembro
ainda
garoto;
extrovertido
arruaceiro
danado.
Oxente...
Deusa
eterna da
bonança,
outrora
rainha do
amor...
Amanhecer
nórdico
tardes
oblíquas
noites
inebriantes...
ocasionais