Michele Miranda
Voando com balões eis que algo me transpassou.
Era a realidade que nunca dorme enquanto eu há muito cochilava.
Voando como balões eis que algo me transpassou.
Era a realidade que nunca dorme enquanto eu há muito tempo,
Aérea num céu de brigadeiro, cochilava.
Sonhava tanto que me esqueci que a dura realidade
É o oposto das fluidas nuvens que eu estava.
Repentinamente comecei a cair para o mais profundo abismo,
Para um buraco obscuro da solidão.
Eu não sou um anjo ou algo assim,
É que meu mal foi ter me apaixonado por alguém
Que fincou meus pés na terra onde, pouco habituada, pisei.
Junto com o amor brotaram também tristeza, ilusão e decepção.
Joios no trigo, não deu pra separar.
E eis que quem muito sonhava não aprendeu a vigiar.
Embora hoje o medo seja aquele chato que insiste em ser um chegado meu,
Tento achar um calço, um apoio para sair dessa situação. Me apoio na fé.
Sei que vou me levantar e me desvencilhar a cada dia desse breu (quase) sem fim.
Tento encontrar um novo jeito de amar ou voar ou amar e voar ao mesmo tempo.
E enquanto a escuridão e dias ruins se seguirem, a perseverança será agora
o meu escudo.
A verdade é que ninguém quer ver a fraqueza
Nem em si mesmo nem nos outros.
Para uma grande gama de insucessos pessoais,
Toda a humanidade se faz de cego, surdo e indiferente.
Então jogamos nossos pesares para baixo do tapete,
Preenchemos o vazio estampando um sorriso e
Fingimos que o mundo em volta nos agrada.
Afinal em novela, ficção, até a pobreza é bonita.
Quem vai deter muito tempo de atenção para algo que não é estético?
O mundo quer comprar felicidade.
As pessoas estão dispostas a vender.
Ainda que não seja pura e de qualidade,
O que importa é ostentar,
Ruim é não se iludir.
Frustrações,
Infelicidades,
Solidão,
Desmotivação,
Fragilidade,
Extrema falta de vaidade.
Mesmo sabendo que não estamos sozinhos, há um universo de pessoas vivendo os mesmos dramas, ainda sim somos capazes de pensar que ninguém na face da terra está, neste exato momento, mais triste do que nós.
Quero mudar de profissão mas como come?
Quero superar uma desilusão mas como esquece?
Quero levantar e guinar minha vida mas como levanta?
Há dias que custam a passar
Há dias que nos arrependemos por tê-los deixado passar
Se o tempo é senhor de todas as coisas
Somos todos meninos feitos de esperança.
Uma das coisas que as religiões de maneira em geral tem em comum, é a de solicitarem a seus seguidores, um tempo para pausa e reflexão.
Quando um problema à sua frente mostra-se de difícil resolução, nossa cabeça volteia em torno do mesmo, num emaranhado de confusão sem fim. Então, pedimos o silêncio da alma.
Um tempo pra falar baixinho, só consigo mesmo é como dar água a uma planta doente.
Quando você grita desesperado para que seus problemas fujam, pois tanta coisa junta em sua mente só o faz querer brigar mais, a resposta que busca nunca vem. É trabalho, família, dinheiro, tudo ao mesmo tempo rodeando, rodeando, te deixando zonzo, sem sabermos ao certo por onde começar. E quando tentamos resolver algo, nada parece funcionar, bagunça demais para uma mente só.
Pedimos a Deus que interceda por nosso problemas e num instante: Shhhh... Ventos de calmaria sopram sobre seu rosto. Você não sabe por onde começar a resolver tudo, mas sabe agora que essa brisa trouxe um afago tão gostoso que importa não mais tentar resolver os problemas do mundo mas sim arrumar os sentimentos dentro de sua casa, dentro de você.
Não é fácil ter silêncio quando tudo lá fora está um caos. De imediato mais parece que frases de ordem latejam na sua mente: FAÇA, RESOLVA, OLHE ISSO, NÃO ESQUEÇA DISTO!
Porém buscar a calma é algo tão confortador, faz germinar tantos pensamentos de esperança, que a paz de espírito que isso traz vira então um exercício saudável de praticar-se a cada dia.
Mesmo tendo uma bomba relógio nas mãos para resolver, compreendo que preciso urgentemente, para que tudo se esclareça da maneira correta, um instante para que eu apenas
Pare.
Por favor , não adoce tanto o café ...
Deixe - o feito tristeza de ébrio ao meio dia .
E sirva -me bem pouco ...
O suficiente para aguçar meu paladar e as minhas memórias infindas .
