Michele Daiana
Anita estava com 63 anos, era uma escritora renomada, reconhecida pelo seu trabalho. Havia escrito vários livros ao longo de sua vida, a maioria sobre amor. Ela falava de amor de um jeito magico, puro e único. Nunca conheci alguém que descrevia tão bem meus sentimentos como ela. Mas algo sempre me intrigou. Conheço Anita desde quando eu era criança. Cresci admirando ela e querendo ser igual. Ela fez crescer em mim o amor por escrever, o amor pelos livros e sempre enxugou minhas lágrimas quando eu tinha o coração partido. Anita sempre foi a mãe que eu pedi a Deus.
Me lembro como se fosse hoje o dia em que fui adotada por ela. Eu tinha 7 anos e desde o primeiro instante em que a vi, eu sabia que faria parte da vida dela. Acho que ninguém no mundo poderia me dar uma educação melhor do que a que ela me deu. Se não me engano, na época Anita estava com quase quarenta anos. Lembro-me de todo o trabalho que ela passou para conseguir me adotar. O fato de ela ser solteira e estava sempre viajando para divulgar os seus livros. Mas ela nunca desistiu, alias, nunca vi Anita desistir de nada. O que sempre me intrigou em Anita é o fato de ela falar tão bem de amor, sendo que nunca a vi com ninguém. Nunca, nem sequer um dia. Sempre pensando no meu bem estar e escrevendo seus livros. Anita dizia que não precisava de mais nada. Além de mim, um bloco e canetas. Nossa, como eu a admirava e queria ser como Anita.
Um dia a encontrei chorando em seu quarto, foi a única vez que a vi chorando. Estava com uma fotografia nas mãos, era de um jovem. Muito lindo por sinal. Parecia-me ter seus 20 anos. Naquela noite Anita me contou uma longa história. De como eles haviam sido felizes juntos, de como ela o amou e também de como ele foi embora sem nem sequer dar adeus. Ela me disse que depois dele, nunca mais amou outra pessoa em sua vida. Anita acreditava que o amor acontecia apenas 1 vez na vida de cada um de nós. Alias, o que mais ela falava em seus livros, era de como era importante segurar este amor quando ele nos surge. Ela falava que nós nunca deveríamos ser movidos pelo orgulho, e sempre pelo amor. Anita me disse naquela noite, que escolheu viver com a saudade, porque saudade não matava ninguém.
Passei a entender o porquê de ela escrever tão bem sobre o amor. E passei a admirar muito mais pelo fato dela nunca ter deixado de acreditar nas pessoas. Mas hoje pensando bem, Anita poderia ter vivido outras histórias, outros amores. Não posso dizer que Anita se amargurou, porque ela estava sempre com um sorriso no rosto, tinha uma alegria invejável e nada a desanimava, sempre vendo tudo por um lado positivo.
Ela sempre dizia que a maior felicidade de uma pessoa era poder provar do verdadeiro amor. Talvez por isso o sorriso aberto de Anita. Mas eu, no lugar dela, não sei se conseguiria viver assim, eu logo teria partido para outra, esquecido e guardado um grande rancor da pessoa. Mas ela não, apesar de tudo, ela lembrava com alegria.
Hoje, vendo Anita ser sepultada e ainda com aquele sorrisinho no canto dos lábios, já não sei se gostaria de ser igual a ela. Quero ter uma família grande, cachorros, gatos e vários filhos correndo pela casa. Quero uma vida agitada. Quero bastante pessoas na minha volta. Quero ter alguém do meu lado, que quando eu precisar, eu sei que ele estará lá. Hoje, vendo Anita assim, meu maior medo é de ser sozinha como ela. Todos disseram que ela morreu de causas naturais, mais eu sei que Anita morreu de saudade.
Difícil me definir em uma única palavra. Eu vivo de fases, assim como a lua. Estou sempre mudando. Mudando de ideia, de cabelo, de roupa, de estilo. Não sei se é indecisão ou se enjoo fácil das coisas. Talvez seja os dois.
Às vezes eu quero ficar sozinha, às vezes quero companhia. Mas a verdade é que toda vez que estou cercada de gente, é quando quero estar sem ninguém. E quando estou sozinha é quando daria tudo por alguém ao meu lado. As coisas são assim na minha vida, tudo fora de ordem, de hora. Tudo confuso, ou será que é eu que sou confusa? Ou será que sou eu que complico tudo?
Não conheço ninguém que muda de ideia tão repentinamente como eu. Talvez eu seja várias em uma só. Ou talvez eu não tenha encontrado nada que realmente me satisfaça. Ainda não sei. Mas eu acho que todo mundo muda, alguns mais rápido, outros mais lentamente e eu sou daquelas que muda todos os dias. Não sei se isso é bom ou ruim. Bom por que ninguém pode reclamar de rotina comigo, e ruim por que nunca ninguém sabe o que esperar de mim. Ainda não cheguei à conclusão de ser assim. Pode parecer falta de identidade, mas para mim é exatamente o contrário. A mudança é o que eu sou. Nunca gostei muito de coisas paradas, que ficam no mesmo lugar.
Nunca sei se o problema é comigo ou com todos os outros que me rodeiam. Não sei se é eu que me entrego demais e me apego fácil, sei lá. Só sei que quando eu digo “eu te amo” é pra valer. Não coleciono amores, não me apaixono 10 vezes no ano, não saio pulando de um relacionamento para outro, e nem me esqueço de um amor facilmente. Já entrei uma vez em um relacionamento por medo de ficar sozinha e e
u sei o quanto isso machuca, atrasa e sufoca. Já beijei para matar vontades e já me entreguei achando que o vazio iria diminuir. Não matou minha vontade, o vazio aumentou e com ele veio também os arrependimentos.
Então optei por ser destas garotas consideradas “antigas”. Que sai para as festas apenas para curtir com as amigas, que bebi porque quer e não para perder a vergonha. Optei por não beijar qualquer boca, porque percebi que isso não me adiciona em nada. Minhas amigas dizem que eu não sei aproveitar a vida. Mas se isso é aproveitar, então eu realmente não sei viver. Troco uma noite de festa por uma noite tranquila no meu quarto, lendo. Eu nem sempre fui assim, já cheguei a ir a festas de segunda a segunda, e cheguei à conclusão de que isso não é para mim. Admiro estas garotas que conseguem sair tranquilamente de um relacionamento, sem machucados, intactas.
Mas eu sempre fui a rainha do drama. Quem me conhece de verdade sabe bem do que estou falando… Eu choro, grito, sinto ciúmes, fico brava com facilidade e tudo em mim é em excesso. Tudo em mim é demais. A maioria das pessoas tem medo desta minha intensidade. Mas eu aprendi a me aceitar. Aprendi que eu prefiro errar pelos meus excessos do que pelos meus medos. Prefiro jogar na cara tudo que eu sinto, como quem joga um copo de agua fria no outro. Prefiro por para fora, a me amargurar e guardar. Prefiro lutar por um mundo onde o amor seja verdadeiro. E não mais uma palavra banalizada. Prefiro ser a ultima na terra a acreditar nesse sentimento.
No final talvez nada tenha valido a pena, mas não quero nada em vão na minha vida. Quero estar ciente de que se eu entrar em um relacionamento, seja porque eu realmente quero e não por me de ficar sozinha.
São 3 da manhã e eu estou aqui me perguntando porque você não me ligou para dar boa noite, como todas as noites você fazia. Nosso ultimo encontro foi tão breve e você parecia distante. Eu estou aqui tentando encontrar uma razão para todos os nossos desencontros. Mas a razão é ela eu sei. Eu sei que ela voltou a te ligar. Eu sei também que você ficou mexido com o pedido dela para vocês voltarem. Eu só aceitei fazer parte da sua vida porque você havia me convencido que não existia ninguém além de mim, mas na verdade não existe ninguém além dela. Não sei porque eu aceitei tudo isso, na verdade eu sei. Deve ser porque eu adoro uma história dramática. Em algum momento eu sei que você tentou gostar de mim, talvez você tenha chegado bem perto e se ela não tivesse voltado a te atormentar, você poderia ter chegado lá. Mas ela não é eu, os meus lábios não são os dela e o meu abraço não é igual. Eu sou mais complicada, mais insegura e mais imatura também. Eu sei que todos os caras que ficaram comigo, só ficaram porque eu sempre me mostrei frágil, e todos sentem uma grande necessidade de cuidar de mim. Você foi só mais um, mais um que tentou cuidar de mim. Vocês todos entram na minha vida querendo arrumar a minha bagunça, organizar os meus pensamentos. Mas está bagunça sou eu e a cada tentativa de concerto, eu apenas pioro. Bom, você conseguiu me concertar direitinho, mas você pensou na bagunça que vai ficar de novo agora que você vai embora? Acho que eu preciso encontrar alguém como eu, alguém que goste desta minha desordem emocional, alguém que ao invés de arrumar, desorganize mais. Porque é isso que eu sou, eu sou toda essa bagunça ao meu redor. Depois de amanhã talvez eu me arrependa, não importa, eu faço o que me parece ser certo no momento e não fique bravo por eu lhe mandar uma mensagem de texto as 3 da manhã. Eu só quero que você saia da minha vida, vá e fique com ela.
- Meu medo é que você encontre alguém melhor por ai. Alguém mais seguro de si e sem tantos defeitos. Alguém com mais amor próprio e sem tantas complicações. Alguém que ao contrário de mim, simplifica as coisas. Meu medo é que você de repende descubra que confundiu tudo. Que você caia em si e perca todo esse encanto por mim. Meu medo é que você se perca de mim, e se encontre em outra. Eu tenho medo do tempo e do rumo que as coisas tomam. Eu tenho medo de você seguir novos rumos e eu ficar para trás. Meu medo é que você encontre alguém sem tantos medos.
- Existem muitas pessoas melhor que você. Mas sabe pelo que me apaixonei em você? Me apaixonei pelos seus defeitos, seus medos. Eu quero te mostrar que ao meu lado, não existe porque você ter medo. Eu já confundi muitas vezes o amor e pela primeira vez eu sei que me encontrei. E desde que você sempre esteja segurando a minha mão, eu nunca me perderei de você. Caso contrario eu me perderia de mim também.
A vontade é de não acordar mais pela manhã. Admitir que me rendi para a fraqueza e que a saída é definhar agarrada no meu travesseiro. A vontade é de não ter mais vontade. Não da nem para levantar o braço e pedir ajuda. Queria dizer que meu passado me ganhou e me engoliu, e que eu ele não podemos mais conviver numa mesma vida. Mataram o lado bom que havia em mim e me tiraram a inocência que me era tão pura.
Não desista de viver.
Fácil pra quem não tem o peso do mundo nas costas e a culpa para acompanhar por onde se vai.
Esquece isso.
Arranquem meu cérebro, rasguem minhas veias e me façam nascer de novo, talvez eu esqueça.
Me levem numa psicóloga e me façam entender porque eu precisei passar por tudo isso.
Eu não acredito na bondade das pessoas, sabe. Veio alguém aqui e me fez desacreditar de tudo.
Mas estou aqui ainda, não vivendo. Apenas existindo.
Sou um livro aberto para quem quiser me ler. Porém você precisaria de muita atenção. Sou daqueles livros escritos com palavras difíceis, me escondo nas entrelinhas e às vezes até em outra língua. Eu sou essência e não capa, sou daqueles livros com paginas demais, muitos desistem na metade. Sou para poucos, sou porque eu quero ser. Aos que conseguem me ler, no final nunca entendem, porque não fui feita para ser entendida, e sim compreendida. Venho eu mesma a muito tempo tentando me ler, me entender, mas ainda há muito que não sei sobre mim. Gosto de pensar que sou um livro da Clarice, poucos leem e poucos entendem. Talvez eu tenha sido feita para confundir a cabeça das pessoas, alguém muito desordenado me escreveu. Mas eu gosto de ser assim, aos poucos que se atreveram a me ler, no final não se arrependeram de todo o esforço mental.
Ela costumava deitar todas as noites na cama e pensar em tudo que deixou para trás, lembrava das feridas que ainda não haviam cicatrizado e todos os dias remexia nos machucados, sem saber que era ela mesma que não os deixava curar. Só ela sabia tudo que já havia passado até ali, e o quanto tem sido difícil o caminho. Sim, ela era forte, mas não o suficiente para esquecer. Ela carregava consigo o medo e havia criado uma barreira contra qualquer um que tentasse se aproximar. Pegou todo o seu passado e colocou numa mochila, e o carrega por ai, todos os dias só para não esquecer o quanto as pessoas já a fizeram sofrer. Proteção, autodefesa? Não. E sim medo. Medo de ser feliz, medo de gostar e medo de errar. Coração vazio é cômodo. Coração magoado é triste. Ela vivia a vida assim, quando alguém dizia que a amava, não acreditava. Era como se alguém tivesse passado por ali e levado tudo de bom que existia. Coitado de quem veio depois, de quem ela condenou sem nem mesmo conhecer. Coitado de quem veio com boas intenções e ela ignorou. Coitada dela que deixou de viver, que jogou sua história fora.
O telefone ficou mudo e de repente eu percebi que ele nunca mais iria tocar. Não com seu nome no visor nem aquela mensagem falando de saudade. Não iria mais porque a gente quis assim. Nossos planos para março foram rasgados como uma besteira sem valor. De repete todas as juras de amor se perderam no infinito que é o céu. Coração disparado para daqui a algumas horas nunca mais bater de novo. Percebi que eu estava caminhando para um caminho diferente que o seu, e bateu aquela falta de ar. Aquela falta da alma, aquele vazio que sempre foi um companheiro constante, mas que você me fez esquecer que ele existia. Mas cá estamos nós de novo. No mesmo quarto, mesma solidão, ouvindo as mesmas musicas, escrevendo as mesmas coisas e fazendo as mesmas promessas. Que eu nunca, nunca mais vou me envolver de novo.
Menina, você lê livros como quem procurasse uma resposta nas entrelinhas. Diz não acreditar em contos de fadas, mas quando fecha os olhos imagina como seria bonito se um dia o príncipe aparece na sua vida. Esse mundo de imaginação se tornou o seu mundo. Não por medo do que há lá fora, por pura distração, a realidade é tão chata eu sei. Nenhum grande amor para te tirar da rotina, coração vazio, sempre foi assim. Cria histórias querendo que todas elas fossem suas, vê a vida passando todas as manhãs pela sua janela e não corre atrás dela. Ainda tão criança, mal sabe que o 1º passo quem tem que dar é ela.
Nunca sei direito por onde começar. Mas com nós foi tudo tão natural, que agradeço. Não precisar perder noites de sono por um amor não correspondido foi muito bom. Você veio para me corresponder, entender e aceitar o meu jeito. Jeito esse que já afastou muitos outros antes de você. Confesso que no inicio tudo o que eu mais queria era não me envolver, mas só ao te olhar eu perdia os sentidos.
Eu nunca acreditei em amor a primeira vista. Até te ver pela primeira vez. É muito clichê dizer que você foi a peça que faltava no meu quebra cabeça? Talvez todo amor correspondido soe meio clichê. Não me importo, até pouco tempo atrás eu era só metade neste mundo todo. Como eu agradeço você não ter ouvido todas as vezes que eu te pedia para ir embora, porque no fundo você sempre me conheceu tão bem, que quando te pedia para ir, era para te ver ficar.
Como eu agradeço nunca ter dado certo com ninguém antes e ter te reservado este espaço que foi feito especialmente para você. Sempre li nos livros que a gente sente quando o verdadeiro amor chega e confesso que sempre senti medo de deixar escapar. Mas o que é para ser, apenas é.
Aprendi que a saudade também pode ser boa, quando se tem a certeza que logo ela se vai. Percebi que nem sempre coisas ruins nos tiram o sono, quando não consegui dormir de tanta felicidade. Quis passar muitas noites em claro com você para não perder nenhum segundo do teu lado. Alias, desculpa todas as vezes que te via fechar os olhos no meio da madrugada e te chamava, tentando prender a sua atenção. Nunca consegui dormir primeiro que você, então passava horas te olhando, e você mal sabe disso.
Ainda nem acredito que alguém me ame tanto quanto eu. Te falei milhares de vezes o tão complicada eu era, e você quis pagar pra ver. Nunca entendi como você continuava falando comigo depois de eu desligar o telefone propositalmente na sua cara. Não entendo como você me perdoa tão facilmente depois de eu ficar emburrada, sem motivos. Nunca fiz nenhum esforço para você ficar, e ainda assim, você ficou. Você viu qualidade onde para mim só havia defeito. Você mergulhou de cabeça nos meus sonhos e aceitou torna-los realidade comigo. Você escolheu viver a vida do meu lado, mesmo sabendo que qualquer motivo para mim virá discussão. Me deixou sem armas, e eu me rendi completamente. E prometo lutar, até o fim, pela única pessoa que nunca desistiu de mim, você.
Nunca entendi porque deus me fez tão sonhadora. Fui daquelas crianças que deitava mais cedo na cama só para ficar sonhando acordada e passava horas imaginando como seria o meu futuro. A verdade é que sempre fui sonhadora de mais, sonhava tanto que nunca sabia qual sonho colocar e prática. Então eu fui guardando eles na gaveta, fui deixando para mais tarde. Quando criança dizia que ia ser desenhista, durou até os 8 anos, quando decidi que ia ser cantora, até perceber que não tinha dom nenhum para isso, quis ser modelo, policial, delegada, professora, psicóloga, socióloga e por fim antropóloga (nem sabia direito o que era isso, mas eu queria!). Quando chegou a hora de escolher, optei pelo mais fácil, guardei de vez todos os meus grandes (e absurdos) sonhos na gaveta e fui viver uma vida comum, fui ser professora. Mas no meio do caminho eu descobri uma paixão: escrever.