Michael Oakeshott
Assim, ser conservador é preferir o familiar ao desconhecido, preferir o tentado ao não tentado, o facto ao mistério, o real ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao superabundante, o conveniente ao perfeito, a felicidade presente à utópica. As relações e lealdades familiares serão preferíveis ao fascínio de vínculos mais proveitosos; comprar e expandir será menos importante que conservar, cultivar e desfrutar; a dor da perda será maior que a excitação da novidade ou da promessa.
Ser conservador é, pois, preferir o familiar ao estranho, preferir o que já foi tentado a experimentar, o fato ao mistério, o concreto ao possível, o limitado ao infinito, o que está perto ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao perfeito, a risada momentânea à felicidade eterna.
Quando o governo possui um poder imenso, a atividade de governar não atrai para si homens moderados e temperados, preocupados em evitar os defeitos da iniciativa na qual estão envolvidos, mas os neuróticos e frustrados que não conhecem limites ou o parvenu que se embriaga facilmente com a oportunidade de fazer coisas grandes e brilhantes. Quando esse poder é gerado pela submissão “das massas” que buscam uma “segurança” abrangente, acaba caindo nas mãos de protetores que prometem mais do que podem realizar e, fingindo liderar, impõem a seus seguidores a responsabilidade por suas próprias ações.