Meryellen Rangel.
OS DISPOSTOS SE DISTRAEM
Ela gosta de rock, ele de Rap
Ela fuma cigarro, ele um back
Ela frequenta bares, ele vai a bailes
Ela estuda literatura, ele estudou na rua
Ela não se fantasia, ele usa clóvis na folia
Ela recita poesias, ele só fala gírias
Ela é libertária, ele quer uma família
Ela sai à noite, ele sai de dia
Ela quer revolução, ele quer calmaria
Ela é música do Chico, ele é o funk das esquinas
Ela é o avesso incompatível, ele é o verso dessa rima
Ela sacia o desejo, ele a ama todos os dias
Quase, ainda não!
Faz tempos eu não escrevo nenhuma poesia
Não consigo organizar as palavras com sintonia
Divago em pensamentos sem nenhuma magia
Alimentando minha alma com monotonia
Nem com o trago do cigarro eu me trago
Nem com o sopro do vento eu me embalo
Nem no silêncio da noite eu me acho
Nem no canto das cigarras eu viajo
Diante de mim, por mim e em mim
Reflito o marasmo que eu me permiti
Clamo o poeta que sucumbe nos trilhos
Incrédulo, desvairado, acuado e solitário
Que compadecido renasce em mim
E é por ele que eu não me calo.
Olhos que invadem
Despem e ardem
Mãos que tateiam
Desvendam e acariciam
Cheiro que entorpece
Impregna e entontece
Calor que aquece
Acolhe e enlouquece
Língua que Inebria
Lambuza e excita
Boca que devora
Beija e demora
Corpo que consente
Encaixa sublimemente
Coincidências à parte
Daquele que parte
Livremente
Para qualquer parte
Destinado ao acaso
Unindo suas partes.
Encontrou-se.
Retrocesso social.
Em tempos modernos
Arcaicos e desconexos
Predomina a hipocrisia
A falsa moral
Em nome da ”santa família”
Que devasta e hostiliza
Uma geração evoluída
Sem dogmas, sem preceitos
Livres, pelo direito de ser.
É o retrocesso social
Nosso, de cada dia!
NÃO PROCRIE, A HUMANIDADE AGRADECE.
Filhos do meio
Filhos das “selfies” de um fim de semana
Filhos de quinze em quinze dias
Filhos bastardos de pais vivos
Filhos de pais de um futuro próximo
Filhos do tempo e do medo
Filhos do próprio destino e desamor
Filhos da sede, da fome e do sono
Filhos das esquinas e de roupas maltrapilhas
Filhos da ignorância e da hipocrisia
Filhos do abandono de todos os dias
Filhos e irmãos de um legado sem fim
Pais desses filhos: Não mais procrie!
A humanidade agradece
Escrever é superar
Transpor aquilo que a voz não fala
Desatar o nó da goela
Expressar, perpetuar
Embriagar-se de si mesmo
Compartilhar emoções
Palavras belas e sinceras
Protestar e inquietar
Suas tristezas e lamúrias
Frustrações e angústias
Viajar e não sair do lugar
Criar, inovar
Renascer em versos e prosas
Construir e desconstruir
Conhecer-se e desconhecer-se
Descobrir, imaginar
Sonhar, concretizar
Uma busca incansável e interminável
De novos horizontes, sabores
Amores e desamores
A busca interior exteriorizada
Uma “voz” que não se cala,
Talvez, cala-te.
Não sei o que quero
Sei o que eu não quero
Não, eu não quero
Sonhos roubados
Abraços partidos
Olhares vazios
Falsos sorrisos
Não, eu não quero
Beijo sem graça
Corpo sem alma
Euforia contida
Tédio e melancolia
Não, eu não quero
Qualquer desventura
Toda amargura
Viver sem aventuras
Não ter formosura
Não sei o que quero
Sei o que eu não quero
Não, eu não quero
Eu quero contigo sempre estar
Surgiu para mim como num romance
E desde então, não paro de sonhar
Moço bonito de olhar excitante
Eu quero contigo sempre estar
Seu jeito manso me acalma, me acolhe
E o seu abraço me enche de paz
A sua voz viola os meus ouvidos
Eu quero contigo sempre estar
Sua presença alegra o meu dia
Colore o branco, que a vida me dá
Sua ausência retira o meu fôlego
Eu quero contigo sempre estar
Seu beijo doce, molhado e suave
Arrepia minha pele e me faz viajar
Meu coração acelera e palpita
Eu quero contigo sempre estar
Seu carinho me rouba os sentidos
Transporta a minha alma para um outro lugar
Minha vida é linda ao seu lado
E eu quero contigo sempre estar
Euforia.
Tomar banho de chuva e perceber cada gotícula d’água
Sentir o cheiro de terra molhada
Andar descalça na areia, na rua ou na calçada
Apreciar o vento e ficar descabelada
Estar com os amigos até a madrugada
Falar de amor, de dor e até conversa fiada
Música dançante ou a que acalma
Com abraços, risos e cerveja gelada
Talvez, um bom vinho e ficar sossegada
Ou ler um bom livro e viajar fascinada
Ir ao cinema, no parque ou na praia
Correr, pular, dançar até ficar estonteada
Rir sem perceber ,sem estar acompanhada
Fazer novos amigos e cultivar os de longa data
Beijar, amar e enamorar sem amarras
Impregnar alegria na alma e na fala
Vinda a madrugada
Calada e serena
Me acompanhar
Meu espírito
Agora harmonioso
Inspirado e matuto
A devanear
Fragmentos de mim
Perdidos
se encontram
Transformam
Renovam
O brilho no olhar
Minha alma
Agora elevada
Me indica as trilhas
Que devo traçar.
Aos poucos fomos nos afastando
A distância já não é insuportável
Com o passar fui me acostumando
E vejo um mundo antes inimaginável
Renasce em mim um novo olhar
Cheio de anseios e outros sonhos
Deslumbrando-me onde quer que eu vá
Com novos sabores e outros encantos
Contemplo hoje, a beleza da vida
Minha alma perdida, já se encontrou
Caminhando na minha própria companhia
Reinventando a fórmula do amo
Eu me trago.
Em cada trago, eu me trago
Lembro- me, que você me deixou em pedaços
Me refiz de trago em trago
Mesmo com toda a dependência desse trago
Eu ainda prefiro o cigarro!
De repente
A vida passa
E a gente se dá conta
Do tempo que ficou
Olha pra trás
Tudo fica
Simplesmente perdido
Num tempo
Que jamais voltou
Nos resta seguir...
Inundo o meu mundo
Em Instantes inseguros
Petrifico uma lágrima
Retraída, sufocada
Ela não escorre pelos cantos
Aprisionada e acanhada
Se esconde na alma
Sofrida, pungente
Num sorriso fraco
Sem entusiasmo
Numa alma adormecida
A dor sorria
Alimentando a nostalgia
De uma lágrima contida
MEU PRIMEIRO AMOR- PRIMEIRO BEIJO
Foi na casa de uma grande amiga
Mas eu o conhecia, desde pequenina
Não tinha maldade e nenhuma malícia
Ele era o irmão da minha melhor amiga
Ele bem mais velho, tomou a iniciativa
Me fascinou e me chamou de linda
Mas como eu era mais nova e muito tímida
A minha coragem só surgiu, brincando de salada mista
Pera ninguém tirava, as mocinhas eram as mais assanhadas
Era tudo combinado, entre os meninos e as meninas
Ninguém flertava o outro par, escolhido pela amiga
É esse? Não. É esse? É. Era a brincadeira mais divertida
Com vergonha do primeiro beijo, a uva foi a fruta escolhida
Ele me abraçou e eu fui ficando, mais desinibida
Fiquei tão ansiosa pro beijo, que deixei a maçã para as outras meninas
E o beijei pela primeira vez , porque escolhi salada mista
Em todas as festas ficávamos juntinhos
Trocando, olhares, abraços e beijinhos
E assim ficamos, namorando escondidos
Éramos adolescente e esse era só o início
Com o passar do tempo, conheci outros amores
Um novo brilho no olhar e outros bons sabores
Entre sapos e príncipes, muitas vezes me apaixonei
Mas o primeiro amor. Ah, esse, jamais esquecerei.
Tudo vira poesia
Mas, nem toda a poesia
é bela e colorida.
Em sua grande maioria,
é árdua e sofrida.
À cada dia
À cada momento
À cada experiência
À cada sensação nova
À cada amor
À cada desembaraço
À cada decepção
À cada recomeço
Eu sinto, que sou diferente
Que não sou a mesma
Que não continuo na mesma
Mas, sou sempre a mesma.
Apaixono-me e desapaixono-me
E a única paixão que continua a me mover
E´a que eu sinto por mim mesma.
Sinto-me em perfeita quietação e serenidade
Confortada apenas com um olhar
De uma intensidade avassaladora
À desvendar-me por inteiro, morosamente
Em instantes sem fim e continuadamente
Meus pensamentos voam de encontro aos seus
Sem presumir, sem nem mesmo perceber
Você faz parte de mim
Paulatinamente, você me invade
E já faz parte do meu universo particular
Um lugar onde poucos conhecem
Um cantinho reservado para almas reconhecidas
Cheio de anseios, cores, amores e paz
Seja Bem vindo
Palavras me fogem
e ao mesmo tempo me encontram
me ofendem, denigrem e maltratam.
Será que se houvesse uma regra para usá-las,
seria mais interessante ou mais conveniente?
Será que se só falássemos palavras belas e acolhedoras
resolveríamos todo o problema do mundo?
Não, não resolveríamos.
censurar, não irá curar o mundo.
A cura está justamente, na liberdade de nos expressarmos,
e é isso que nos alimenta a alma.
Porque não vivemos só de amores e alegrias
vivemos também, com pensamentos intensos de dor
E poder externar todos os nossos sentimentos,
é revigorante, é libertador.