Melina Coury
Interlúdio
Um só gorjeio,
que ressoa alento,
ao ouvido atento.
Melina Coury
London, England 28.04.2011
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Toda frase, toda poesia, só faz sentido se houver um duplo sentido...
Melina Coury
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Ensinando um anjo avoar
Freio o teu vôo em queda,
legislo e ajudo a burlar,
o que choca e incomoda,
faremos jogral deste jogo,
até que regras te agradem.
Assopro a tua lembrança,
e estalo em tua memória,
com asas a anja não cai!
- Paira, plana sobre nós.
De toda explicação decline,
evite do espelho, a quebra,
das feridas, poupe a pele,
faremos nós o nosso jogo.
Brinque com tuas palavras,
ame quanto mais subir alta,
carrega felicidade na face,
e que só te possa alcançar,
olhos de quem, te quer bem.
Melina Coury
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Ao (ex)vazio do cálice
Ao ver o azul dos olhos todavia,
orvalhados claros na lembrança,
ao teu passar seguro disfarçam,
nas palavras, o ritmo da dança.
Em seu cale-se não há vinho,
é amarga a falta da palavra,
imprópria, seca a garganta,
sevícias, no próprio co(r)po.
Apenas na vontade sorrateira,
onde fantasia corre às soltas,
com sonho febril de desejos,
no sono ofegante de delírios,
ei-la por fim, palavra desejada.
Completada a senda, achei-a!
é então liberta, a palavra presa,
deixada ao léu, já sai gingando,
deriva ao devaneio, mescla-se,
ao meu grito mudo teu silencio.
Melina Coury
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acaricie um olhar subjuntivo
Deite os olhos,
percorra todo texto,
letra a letra. .
Melina Coury
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La magie il est
Faz-se à Magia
Aliança é criada,
aos olhos d’alma,
em letras afagos,
na leitura formas,
indissolúvel estima,
que com elo encerra.
Melina Coury
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Présence Pleine...
Presença plena... .
Faz do substantivo,
e adjetivo,
um verbo:
o estar (à vista);
Infinitivo ("bem") pessoal,
a olhos plenos, predicativo,
pois do proceder sois causa,
do indicativo o presente,
no verbete sem excesso:
o presente faz-se presente. .
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La fleur la peau
Quem de fato lê e decifra as entrelinhas,
vivencia todo e qualquer sentido implícito,
extrai a idéia clara de um modo obscuro,
por pura dedução mental liga os pontos,
a ilação captura mensagem não explicita,
que se exprime do que não foi expresso,
na flor da pele sensibilidade tácita aflora,
teu mister se faz conhecer nas reticências...
Melina Coury
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Tu es tout (étude)
(es)tudo
A ciência não é exata,
é infusa ao que me deparo,
em você um teorema,
a demonstrar por teu corpo,
da equação, a trajetória,
pessoal de minha vida.
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Termine en vague - Hai Kai - HaiKu
Mar se agiganta,
Em onda estronda,
na praia cala.
11.10.2010
Melina Coury
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Doigts de fée
Ah teus dedos,
que digitando transformam em palavras,
as letras de todos os teus sentidos,
para que eu possa sentir-me junto a você.
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Sobre a fotografia:
Na verdade eu migrei de um lado da lente para o outro, e como brinco, se alguma vez eu fotografo o oco, como a escorregar do ouvido, noutras ecôo e me redimo, dependuro e me exponho.
Melina Coury
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www.flickr.com/photos/melinacoury
À hora que nos situa, o presente
Voa ao futuro,
passando o pássaro,
tudo foi passado.
Melina Coury
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(O) fende o verso
Vai entranha a fissura
prossegue no aparte
e parte minha mente
falta o ter esquecido
Cê quieta não aquieta
sujeita que parta livre
minha mente inquieta
Melina Coury
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Bem perto do ouvido,
boca estampa o beijo,
e só a língua passeia,
com saliva faz poesia,
mistura quente no frio,
ao arrepio de tua vontade,
com teu silencio, brinca.
-
Melina Coury
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unhas fazem no esmalte,
um tom vermelho,
que quando passa,
o fogo fica.
Melina Coury
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Utiliza-se as reticências para ensinar sobre a amplidão de um sentimento.
Quando ele se torna bem mais amplo...
Melina Coury
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(en)cobrindo o sentido
Ao passo que se tenta,
se descobrir o sentido,
o sentido fica sentindo,
a falta de ser sem tido.
Melina Coury
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"A ida alonga, a volta contorce, tanto dobra que quase ouço,
faz mais interessante, estende, o doce pormenor suspiro,
paramenta a palavra murmurada, a cada centímetro da folha,
enquanto todo o entorno, a minha volta, desaparece a vista,
escrita à mão, os braços arrepiam, pois enlevam os desejos, de
num abraço, colar em ti, como o mais vivo viés, de tuas vestes."
Sem pegada(s)
Quem sabe sair,
não pisa nas cinzas,
dos sentimentos.
Melina Coury
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Chamar-te-ei Sorriso
Oh juíza de silêncio eterno
Ardentes árias ocultas resoluta
Flui! Apraz-me clamar-te o eco
Daquela avidez quimera rala
Aflora agora lusco-fusco cintilante
Antes do estertor crepita a flama
Chega nas mais serenas letras
Atina teu sorriso à minha chama
Atiça o fogo-fátuo da palavra.
Melina Coury
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Nada de mim (semântica nomeio)
Arte e manhas
de objeto útil ao olhar fútil
furto-me a sê-lo
Melina Coury
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Ela tem a todos, um leque de autores e poetas, em minhas palavras eu só tenho a mim mesma, a voz passiva que não cobra, segura, as vezes, para não ser outra, cobra insegura.
Melina Coury
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