Meirice
Sou romântica como a própria Julieta à espera do seu Romeu. Pode até ser que eu não seja ingênua, mas sempre vou dar essa impressão. Tenho ar de quem está sempre sonhando com o lado poético da vida. Vivo apaixonada e para a conquista sou discreta, mas não espero a iniciativa. Sou exigente e idealizo ao máximo minha paixão, por isso já amarguei algumas decepções. Em certas situações, acho lindo sofrer por amor. Às vezes, acho que tenho dom para rebeldia, questionando a tudo e todos!
Tenho medo de ficar sozinha? Tenho. Talvez meus genes buscam produzir cópias de si mesmos de uma geração para a outra, e biologicamente, essa força é maior que minha própria vontade. Assim mesmo, a ideia de ser sangue do mesmo sangue também pode ser rechaçado, visto que os sentimentos também são livres para gostar de quem quiser. E mesmo ao estar do lado, eu prefiro quem me procura e fala comigo, do que aquele que diz ser meu amigo, prefere não falar nada. Eu olho em minha volta e quem eu vejo é quem está presente, não o sangue nas veias.
Uma criatura tratada a vida toda como lixo, descartável, sem utilidade, julgada, maltratada, por pessoas que em nenhum momento a conheceram e que se pretendem boas, perfeitas, melhores. Um ser que deveria sumir, fugir, desaparecer como em uma cortina de fumaça.
Parece que tudo que faz, proponha-se a tentar, mais um pouco, talvez só mais um esforcinho, não ter medo daquilo que nem viveu, nunca passou de uma ilusão, um delírio, uma pessoa que tem alucinações de uma vida que jamais, nunca, te pertenceu.
Seu lugar ser relegado longe da luz do sol, nas trevas, sem água ou alimento, a morrer na míngua, no isolamento. Um ser que não serve, o tempo todo não serve, não tem função, base, coluna, sustentação para se manter em pé.
Longe ainda disso, qualquer ar que respire, ser sufocada, amordaçada, enxotada, repelida, rechaçada, espantada, afugentada, expulsa, excomungada, sem salvação para sua alma. Que deus tenha misericórdia de seu pobre espírito. Pessoa sem luz!