MCarmo Costa
AMANHECE
Amanhece, mas o sol ainda vai demorar um pouco mais para tomar conta da abóboda celeste e iluminar o dia. Na minha cama, através da janela aberta de meu quarto olho a transformação do tempo... a madrugada que vai vagarosamente e a manhã que vem se espreguiçando gostosamente.
Estou acordada já há um bom tempo. Há um crescente de emoções dentro de mim. Minha cabeça se põe dorida e, talvez esta leve dor chata tenha me despertado de um sono que havia me tomado há tão pouco tempo.
Olho a manhã que chega, com o canto do olho, em minha vida que apesar das vicissitudes e das mazelas que passo me faz sentir uma certa tranqüilidade, posso dizer mesmo que estou num momento de felicidade íntima.
É uma sensação mansa, calma, suave, intensa que me envolve como e fosse um resguardo impermeável que me guarda das tristezas e dores emocionais sentidas sem doer em parte alguma.
Engraçado... é uma sensação tão conhecida mas ao mesmo tempo tão impressionantemente nova.
Sinto-me amparada, confortada, dona de meus sentidos e de meus desejos. Entretanto não me sinto dependente deste sentimento que me completa e não mais me domina. Não há domínio, não há mandos e mais que tudo não há dependência nem imagem e semelhança. Há sim um carinho imenso que me traz uma alegria interior, íntima e companheira. Um sentimento salutar que desperta sólido e maduro que eu quero bem vivê-lo como nunca outrora vivi.
É um sentimento sem fantasias exageradas, afetadas. Sem ilusões desmedidas, sem sonhos ilusórios. Um sentimento estável e e comedido por si próprio,que me transforma num mulher apaixonadamente real.
Agora o sol já navega alto na manhã e prediz um dia lindíssimo.
Espreguiço-me na cama... o corpo pede um banho... é hora de levantar... risos
LEMBRARÁS DE MIM ?
Que olhos te olham...
Que mãos te tocam...
Que boca te deseja...
e beija...
Pensarás em mim?
Lembrarás de meu amor ingênuo,
de meu sorriso fácil,
de meus pequenos olhos negros que quase sempre
nadavam em queixumes?
Lembrarás de meus passos trôpegos
que teimavam em te seguir?
De meus braços que se estendiam
para teus abraços?
De meu olhar furtivo
que te acariciava e ao mesmo tempo
implorava-te carinho?
De minha boca que ansiava pela tua,
pelo teu beijo?
Lembrarás?
Lembrarás de meu sonho distante
que adentrou minha vida real
e se fez presente,
existente,
cruciante embora amante?
Um sonho que brotou
e se transformou em arvore secular,
que penetrou meu coração
e ali ficou
escondido, sentido...
vivo e assim se perpetuou.
Por onde andarás agora
Com quem estarás...
Com quem sonharás...
Como estarás...
Que foi feito de ti
Lembraras de mim?...