Maycon D. Mazzaro
Somos construtores do futuro e impelidos a dar testemunho do que acreditamos. Ser o que somos. Falar o que cremos. Viver o que falamos. Nossa esperança é a arma da qual dispomos para tornar melhor esse mundo.
Vivemos contaminados pelo ontem, pelo senso comum que anestesia as potências criativas que todos, em algum canto da alma, possuem.
Em meio ao campo de batalha, na perseguição mais violenta, na câmara de tortura, no avião prestes a cair ou no navio que afunda, o grande homem é aquele que não esquece as razões pelas quais está lutando.
O mundo existente é fruto da atividade humana e, ao ser pensado e executado, abre caminho para a libertação do homem da natureza. Ao “criar” o mundo, o homem tenta romper sua mortalidade ao mostrar que o que ele faz pode tornar-se “imortal” ou, pelo menos, sobreviver por muito tempo. Aqui, o animal repulsivo põe fim ao processo tornando sua obra delinqüente, i.é, ele mesmo deseja perpetuar-se , não importando os meios para fazê-lo, mesmo que os meios destruam suas próprias obras.
O homem que não traduz sua identidade no seu agir, torna-se profundamente repulsivo, intrinsecamente pestis de sua raça.
o Diálogo ocupa um lugar particular e preciosíssimo na vida do humano. Sua função primária é ser sacramento universal de comunhão, mensageiro dos valores incomensuráveis do Reino.
Penso que o que falta ao humano para que conquiste a liberdade dos pássaros seja exatamente o Diálogo.
Na contramão da corrente existencialista, que afirma que o homem é um ser para a morte, acredito que o homem é um ser para a ressurreição.
A vida é feita de limites, de fronteiras que devemos transpor todos os dias. Estar diante de seus limites é como estar diante da necessidade de Deus. É como o filho, que diante do perigo grita pela presença do pai. Jesus é exemplo disso. Seu sofrimento e seu medo, na Sexta-Feira Santa, mostraram que ninguem está livre de limites. O limite de Jesus foi abertamente demonstrado por um grito que ecoou por todos os cantos da Terra: “Pai, Pai, por que me abandonou?” É o grito do filho que clama pelo socorro de seu pai.
Vez em quando somos surpreendidos por ridicularidades que teimam em abafar nossas alegrias. Eis o risco de querer cultivar amizades em terrenos ressequidos.
Toda vida é construída a partir de encontros. Como é gostoso o instante da chegada de alguém a quem se espera. Não há alegria maior.
Bonito isso, quando a alma de quem espera exulta de alegria pela chegada de quem a cativou. O encontro não se dá apenas no campo físico, mas, sobretudo, no que o transcende.
São preciosas as estórias contadas por homens e mulheres que se aventuram em travessias. Somente nesta aventura de cruzar caminhos é que se dá o tão esperado encontro.
O amor gera esperança. Sempre que existir um verdadeiro amor a história avançará no concretizar das utopias humanas.
O homem e a mulher não vivem só de pão; vivem de pão e de sonhos. Somente aqueles que sonham podem transformar o mundo e fazê-lo caminhar.
O ser-humano tem medo da dor, foge das implicações do caminho. Aqui, afugenta-se no alívio imediato do eu-indisponível, da “egonomia” resultante da modernidade consumista e da qual resulta a maior escravidão da humanidade: O Homem escravo de si mesmo.
As folhas de uma árvore morrem porque são conduzidas pela vida, por obediência à vida. O tempo me empurra para frente porque é a reconciliação dos homens e das coisas que me impulsiona. Toda a vida está numa etapa de reconciliação, caminhando, assim, rumo a um encontro. Todo o ciclo da vida encontra-se debaixo da lei da ressurreição. Que assim seja! As tardes caem para que as noites possam nascer. A vela queima para que possa iluminar. As sementes morrem para que uma nova vida germine. Tudo prepara uma forma de depois, o agora se torna uma passagem constante que nos conduz para frente.
Falar em emergência e percepção de valores na juventude é falar de um terremoto em que ela está mergulhada como grito silenciado.
Há de se refletir, nos mais diversos meios de nossa Igreja, se as ações pastorais e sacerdotais estão a buscar respostas a estas realidades ou se apenas cumprem as rubricas funcionais de uma “inação litúrgica”, uma vez que ação requer movimento e o não mover-se da liturgia a transforma em peça teatral, um monólogo de quem a preside. [...] a ação litúrgica deve ser como o caminhar de Jesus com os discípulos de Emaús: caminhar com os que perderam a esperança e já não sentem a presença de Deus, ouvindo suas histórias, conhecendo suas experiências e dando-lhes novo sentido ao caminhar.