Mayara Ribeiro
Eu estava embaixo de uma árvore dessas grandes do Ibirapuera lendo um livro, não sei se o frio estava demais ou se dentro de mim tudo estava tão congelado que tomou conta de toda a epiderme.
O sol estava lindo - amo sol de inverno - particularmente temperaturas baixas me atraem, mas até o que a gente gosta nos causa enjôo as vezes.
Meu sorriso estava por ai, até agora me pergunto em qual gaveta guardei ou em que rua perdi, acho que foi quando me passou pela cabeça que toda a temperança não fosse o suficiente, e não é, só que quando estamos no auge da discussão deve ser.
Eu tinha uma garrafa de Whisky e uma-quase-paciência-no-limite-do-limite, uns goles e os meus pensamentos vagando, embaixo da mesma árvore, o estresse pelo caos do dia-a-dia passava gole-a-gole, assim embriagada, desesperada, lágrima-por-lágrima, eu procurava, atrás daquela loucura toda o verdadeiro amor, a verdadeira razão por essa vontade incessante de viver. O nosso amor. Distante, todavia lindo, escondido, disfarçado.
Um sorriso, leve e doce. Foi isso que nos salvou quando tudo estava acabando, o tempo já não resolveria mais nada, o mundo girava para o lado oposto, explicações seriam inúteis, pedidos de desculpas pareceriam sarcasmo, não existia nada que nos tiraria daquele abismo. Era o fim, definitivamente tudo que tínhamos construído estava desmoronando, olhávamos um para o outro procurando a solução, porque existia amor, confiança e uma mágoa, muito grande.
Então em um desatino você sorriu, eu te abracei e tudo ficou melhor, as cores foram voltando e eu pude ter certeza que queria deixar você sob minha proteção, de certo era o destino, ainda que algumas coisas não sejam reparadas nós sabíamos que o simples bastava para o recomeço de um antigo/verdadeiro amor.