Mayara Laet
Havia o cais. Havia dor na separação. Muita dor. Havia o desconhecido à minha frente. Tive que partir. Não havia mais lugar pra mim...
Se você imaginasse as minhas doses diárias pela extensão despreziva ao passado;
Se você pudesse avaliar a tortura que me impus, ao alimentar um esnobismo grosseiro;
Você diria que jamais o amei; e eu diria, que eu queria amá-lo.
Amar até a renúncia do meu ser, mas não soube amá-lo suficientemente.
Se eu pudesse arrancaria toda a zona de sensibilidade e emoção do meu ser;
Eliminaria toda a parte mais intensa da vida humana;
Aos menos, não me decepcionaria e não viveria ilusões;
Nunca passearia por um caminho de coisas inexistentes.
Eu sei... que você pode me ouvir do alto do precipício;
Então salte! E venha até mim de corpo e alma...
Porque eu sei, que assim, como eu, você quer viver;
viver para morrer de amor!
Mesmo assim
Mesmo sabendo que o tempo passou
Na ventania de um temporal,
Naquele dia o vento soprou
E te levou junto ao vendaval.
O que sinto não passou,
O que sinto ainda esta aqui
Nem mesmo o vento levou
Você ainda está em mim,
Mesmo assim,
Você ainda esta em mim
Mesmo assim
Você ainda esta em mim
Mesmo sabendo que o tempo se foi
Nem ao sul, nem ao norte,
Eu não vou deixar pra depois
Vou tentar a minha sorte.
O que sinto não passou,
O que sinto ainda esta aqui
Nem mesmo o vento levou
Você ainda está em mim,
Mesmo assim,
Você ainda esta em mim
Mesmo assim
Você ainda esta em mim
Mesmo sabendo que o tempo se perdeu
Nas grandes ondas de um mar,
Eu sei que você não me esqueceu
Mesmo assim eu vou te amar...
De longe, bem de longe, de alguma forma ainda te sinto.
Seja pelo vento que vem soprar levemente meus cabelos emaranhados; seja pelo sol que faz arder meus olhos deslumbrados; seja pela água que lava meu corpo empoeirado, seja pela lua que ilumina meu coração dilacerado...
No amor o encontro de si despersonaliza, para que se possa amar de múltiplas maneiras, inclusive, silenciosamente!
O tempo vai se perdendo, e com ele as lembranças de um passado distante que, entretanto, se faz presente nos pensamentos.. Ah, se pudêssemos voltar no "tempo" e mudar algumas coisas, talvez, não sentiríamos tanta saudade.
Um sentimento sublime... daqueles que faz palpitar o coração desesperadamente e faz desabrochar no rosto um riso largo e embranquecido, só é possível quando deixamos as herméticas melancolias de lado, e nos permitimos à todas aquelas alegrias estrepitosas e repentinas.
Que seja doce! Que seja também um recomeço!
Que traga um sorriso novo e revigore todo o amor que há.!
Que desperte o melhor em mim, em você, na natureza...
Que as flores floresçam, que reluza o verde e que a chuva traga alívio imediato!
Oh, setembro... chegue vagarosamente, transcorra lentamente e termine demoradamente.
Marcas são como pedras duras, que toda vez que atingem nossos corpos nos desestabilizam e nos exigem a criação de um novo corpo - de nomadismos, de trifurcações, de desvios, mas, ao mesmo tempo, de estados inéditos de pensar, de sentir, de agir, de existir. Marcas são processos que inscrevem nossas histórias. Vez ou outra, somos tomados por uma espécie de "desassossego", a serviço das marcas que nos convocam, determinando muitas de nossas escolhas inextricáveis. O melhor a se fazer, é exercer um tipo de exorcismo contra aquilo que Suely Rolnik chama de "marcas-feridas" - experiências que produzem uma espécie de enfraquecimento da nossa potência -, tanto para
transformar o vivido em experiência, quanto para encontrar um novo equilíbrio, recuperar nossa potência. Afinal, somos meramente um acontecimento na iminência de entrar no movimento das marcas, nas linhas abstratas de causalidade.
Perde-se algo todos os dias! Contudo, o acaso sempre nos reserva boas surpresas... Que chegam para colorir nossos dias, que tocam profundamente nossos corações! E passam a fazer parte das nossas vidas.
Quis o acaso (seria mesmo?), fez a ocasião (seria mesmo?) que eu (re) encontrasse você. E eis que alguns anos depois, e quase anos depois de você alimentar um esnobismo grosseiro; aqui estejamos de novo debruçadas sobre outro prisma... Rindo, contrariando e misturando sentimentos: se outrora se tratava de alongar a distância, agora, por que não medi-la para nos alcançarmos!? Na linha tênue entre o acaso e a ocasião, havia ali um momento miraculoso, onde o desejo encorajava, e depois se apagava, cada um recebido com a mesma intensidade. Nesse quase abismo, móvel, havia uma atração das nossas estranhezas (seria mais sua!?), uma dissolução silenciosa das fronteiras (im) postas anos atrás, uma mistura de proximidade e distância, de disponibilidade e de reserva que evitava ao mesmo tempo a vitalidade que irradiava. Por ali a gente passava, e por várias vezes se voltava lá depois de longa ausência. No intervalo entre o acaso e a ocasião, refletiu longamente, deixou-se envolver, deixou-se despertar, com delicadeza extrema, com desejo de elucidação e de entrelaçar os corpos. Talvez, o acaso e sua ocasião quiseram nos mostrar outro lugar, não de incrustação decorativa ou de realce exótico, mas de que a cada passo podemos nos surpreender com seus segredos e suas astúcias. Por isso, leve consigo seu segredo. Mas há como que um reflexo desse segredo toda vez que vejo o meu verde gramado, observo o céu estrelado, a delicadeza laranja do meu carpete e ouço qualquer vibrato de violino. Ah, leve consigo seu segredo. Mas não se esqueça da relação estabelecida com o acaso e a ocasião, de um bom tempo, que fizera parte da nossa primeira existência efêmera.
Meu coração estranhamente ausente de mim ressurgiu... Com vontade de perpassar todas as clivagens, de estabelecer relações intrínsecas com a “ocasião” e a “circunstância”, duas noções essenciais para se conhecer nossos detalhes ocultos, para reavivar instâncias esquecidas, de forma a aflorar nos lábios reticências, todo um não dito dos gestos de mão, um calafrio emergente pelo corpo, decisões e sentimentos que presidiam em silêncio num coração adormecido.
Não é possível emergir um sentimento concreto quando seu promotor se recusa a ser sua emoção e seu cimento.
Sem regras, sem dogmas, sem ortodoxias, sem promessas... Apenas o desejo de conhecer a vida concreta (por vezes tão incerta), com intensidade de escuta, com calor, com atenção incisiva, com delicadeza extrema, cheia de respeito.
Leve consigo seu segredo. Mas há como que um reflexo desse segredo toda vez que vejo o meu verde gramado, observo o céu estrelado, a delicadeza laranja do meu carpete e ouço qualquer vibrato de violino. Ah, leve consigo seu segredo. Mas não se esqueça da relação estabelecida com o “acaso” e a “ocasião”, de um bom tempo, que fizera parte da nossa primeira existência efêmera.
Atravessados inúmeras vezes por vários tipos de fronteiras, somos arremessados para caminhos longínquos. Sonhos traçados, amores cruzados, caminhos desencontrados. Como tombar contigo nesse labirinto de portas contíguas? Por poucas vezes, em situações instantâneas, o rumor das distâncias atravessadas nos remete ao mesmo destino. Não, nunca houve promessas! Apenas instâncias gradativamente arremetidas, perpassadas, transcorridas. E, por vezes, interrompidas por palavras “monossilábicas”, emudecidas por frases inteiras entaladas na garganta... Na iminência de encontrar, somos constantemente atravessados por nossos desencontros.
Inevitáveis expectativas beijavam meus pés em minha longa jornada, deixando implícito que eu havia me perdido em seus olhos azuis, um convite ao deleite. Eles vinham ao meu encontro de forma súbita, um oceano profundo, cheio de segredos, que pode ser capaz de afogar quem ousa desvendá-los. E como fazer para não nos afogarmos?
O amor subsiste lugares opacos e teimosos. Das mutações, dos caldeamentos. Ora oculto nos olhares ora explícito nos sorrisos... Um empilhamento dos romances que viram poesias, ou apenas alguns fragmentos deixados na linguagem. Por vezes, semelhante a uma página de livros, em ruínas. Em outros momentos, dão a ilusão silenciosa de complementaridades. Falsa inércia. É da ordem de propriedades mal definidas que inflamam o coração: um jogo entre o que se produz e que lhe resiste.