May Coutinho
De vez em quando me pego sonhando com rios de chocolate, nuvens de algodão feito quando era criança.
Às vezes brinco de pique esconde comigo mesmo, pulo corda e até de elefante colorido. Tem horas, quando caio e esfolo o joelho, só quero alguém pra assoprar meu dodói, alguém pra dizer que vai ficar tudo bem. E como criança com medo do castigo de vez em quando fujo pro banheiro e choro. Acho que chorar não tem nada demais sabe? Mas também como criança, eu não deixo de sorrir até mesmo da bolha de sabão, do desenho animado, do arranha céu. E aí quando vejo, já passou, o dodói nem dói mais.
Quero ser como criança.
Por mais que tente tirar as lembranças de você da minha cabeça, do meu coração, ou sei lá onde ficam esses hormônios loucos aqui dentro, não consigo. É você que eu quero. É você que eu amo. É você, você, você. Por mais que diga ao coração que vou colocar sua roupas do lado de fora, ele não me deixa nem pegar a mala. Eu não vou mais insistir, nem brigar com a menina que vive dentro de mim. Deixei a porta aberta. Vê se colabora.
Eu olho pra você e percebo que não à nada mais que eu queira. Sinto teu cheiro de roupa limpa e não preciso de outra fragrância no meu corpo. Me jogo em teus braços, sussurro teu nome, beijo tua boca. Eu não desejo outra língua.
Eu queria muito entender essa conta louca do amor, essa mistura do x e y, esse atração dos corpos, esse atrito bom que é eu e você. Mas por mais que tente, números e contas não me contentam. Com você descobri que não existe entendimento ou explicação para o amor. Quando se entende já não se ama. Amor não acaba e eu nunca vou entender meu amor por você.
O nosso quase amor foi igual a esses jantares em restaurantes cinco estrelas. Hora marcada, cardápio maravilhoso, bebida insaciável. No final, você pediu a conta. Com direito a carona até em casa e beijo de despedida. Tudo perfeito.
Eu fui a única que não saiu de barriga cheia.
Hoje me bateu tanto a falta de você que eu fui beber. Ser humano tem essa doce mania de tentar esquecer dos problemas com a bebida.
Paguei o maior vexame.
Bebi tanto que sai do bar quase caindo. Nesse momento de insana lucidez, já que beber não tinha dado jeito, pensei em matar a saudade batendo a tua porta. E foi lindo.
Eu bati, você abriu, você não me esperava mas, enfim. Se assustou por me ver assim, louca. Falei que estava bêbada de amor -conversa de bêbado- sabe como é. Você riu.
Lindo como sempre, cabelo bagunçado pós-banho, com aquela camiseta que te dei de presente ano passadoe aquela bermuda que só fica perfeita em você. Me convidou a entrar, mas estava paralisada. Ali. Bem ali. Você estava ali. Tudo culpa sua, você tem essa mania no olhar que me faz cambalear. Então me pega pela mão, arruma meu cabelo, me beija, me ama, na tua cama, nós dois. Numa noite que parecia não ter mais fim e que não acabaria por mim.
Foi cena de novela. Foi a melhor noite de inverno, eu e você, quentinhos sobre a lareira, no Edredom, eu no teu colo, rindo a toa, feliz e...
-Ô, acorda!!! Isso é que dá beber demais!
Era o garçom querendo fechar o bar.
Então acordo, só não te devoro.
Levanto, vou embora.
A partir de hoje, nunca mais bebo.
Tolice. Burrice. Qualquer outro sinônimo serve.
Não quero calma.
Te quero na casa, no quarto, na cozinha, te quero na sala de estar. Você é o desejo do café da manhã e a vontade do jantar à noite.
Tenho passado os últimos tempos em uma busca insaciável contra esse sentimento. Nada adianta, quanto mais me escondo, mais te acho. Fugir do amor é como ser perseguido por uma manada de dinossauros...
Está tão cedo. Eu digo. Fica aqui. Fica comigo. Tenho tanta coisa pra contar, tanta coisa boa pra falar. Deixa eu te contar minhas histórias de conto de fadas prediletas. Me faz uma companhia, ouve um pouco dos meus sonhos. Talvez eu conte as baboseiras de quando era criança. Ria delas também. Então fica, mesmo que te cubra de silêncio. Posso te chamar pra dançar aquela antiga cantiga de roda? Posso? Senta aqui, assiste comigo aquele filme antigo que te conto sempre e você nem da bola. Me puxa pra o teu colo e faz aquele cafuné que eu gosto tanto. Depois se cansa e dorme comigo, deixa eu sonhar com você os sonhos do amor. Então fica aqui, fica comigo. Está tão cedo. Eu digo.
No fim das contas, a época do primário te traz uma grande lição de vida.
Então, hoje, entendo a finalidade das quatro operações.
Ame somar, mas aprenda a dividir, procure multiplicar, e não adianta fugir, certos momentos você terá que subtrair.
Sei que numa altura dessas é um pedido louco a se fazer mas, NÃO SE CASE COM ELA. Pelo amor. De Deus. Do céu. Até do Papai Noel. NÃO SE CASE COM ELA.
Por mim, pelo meu amor por ti que não cessa, não cansa, não deixa de gritar insanamente.Não se case com ela. Pelas alegrias prometidas, abraços e beijos guardados, pelos sonhos felizes.Não se case com ela.
Pela casa no campo, pela casa de praia, por nosso apartamento em Londres, não se case com ela. Pelas viajens a Paris e pelos passeios no zoológico, não se case com ela.
Por nossos filhos, e que lindo casal teremos não? O menino, meu grude, a menina, sua fã, então.
Não, não se case com ela.
E por fim, pelas juras de que nada será eterno, mas que restará até o fim.
Fica comigo e não, NÃO SE CASE COM ELA.
Penso que daqui à uns 10 anos nos veremos de novo, bem em uma festa de amigos em comum. Coisas do destino sabe? E como amigos gostam de apresentar amigos, vão querer me apresentar a você. Eu vou rir, depois vou ficar sem ação, vou sentar na cadeira mais próxima e você vai puxar assunto. Vai saber que enfim me formei, passei no concurso, coisas assim. Você vai estar trabalhando no seu maior projeto revolucionário, casado, dois filhos talvez. Vou reparar na sua barba, vou dizer que ficou legal. Você vai achar que eu mudei. Eu vou dizer que você não mudou nada. Depois vou inventar de pegar uma bebida pra disfarçar. Só não vamos tocar no assunto interminável, que é nós dois. Só não vamos ser eu e você.
Eu nunca mais falei de você para as pessoas. Quer dizer, sempre tem alguém que pergunte sobre o amor, por um namorado. Eu respondo que está por aí, em algum canto, só pra não dizer seu endereço, telefone, email... Mas não falo de você que é o meu amor verdadeiro, que está tão bem guardado aqui dentro que nem mesmo acho. Até tenho com quem falar, mas a verdade é que ninguém quer ouvir. Escuta uma, até duas, mais na terceira já fala: " ainda nessa? Fala sério!
Por isso resolvi não falar mais de você pra mais ninguém. Só para os papéis. Eles me ouvem, entendem e não me condenam por falar todo dia a mesma coisa. Toda hora sobre o amor. A todo momento sobre você.
A ficha caiu.
Te amo.
É isso.
Eu te amo.
Mas não quero.
Me pergunto até quando agirei como tola.
Vou me culpar até que meu coração desista.
É burrice te amar, insistir com essa loucura de amor.
Eu fujo, eu corro, eu luto com todas as minhas forças, só não consigo.
Porque para onde fujo você me segue, para onde corro você me persegue.
Onde descanso você lá está.
Então percebo que não posso fugir de você, não adianta fugir de você porque você está em mim.
No meu coração, na minha mente, em tudo que sou.
Você tomou conta de tudo e a verdade é que não posso fugir de mim mesma.
Está decidido. Segunda-feira atraso o meu relógio. Cansei de esbarrar com a dor todos os dias na passarela.
Afinal, de quem é a culpa?
Nunca tive coragem de falar do meu amor por você. Acho que a culpa não foi da coragem, foi mais do amor próprio mesmo. Se é que alguma coisa tem culpa nessa história. Mas eu tenho esperança de que um dia você passe por aqui, bem aqui entre essas linhas. Eu tô torcendo pra que a sua ficha caia e perceba que é por você que eu escrevo. E que eu tô no mesmo endereço de e-mail, na mesma rua, no mesmo número de telefone. Pra terminar, fica a dica de que adoraria sua visita numa tarde de domingo, só pra jogar conversa fora, rir à toa. Eu tenho saudade do meu riso bobo contigo. Quando sua ficha cair, vê se aparece. Eu tô bem aqui.
Só que eu pensava...se é pra amar, pq não pra valer? Pq não acontecer? Sei lá. Mas eu bem que queria essas respostas.
Situações mal terminadas são tão ruins né? Não por terem acabado, mas sim a causa ruim que levou ao fim, entende?
É como gostar muito de chocolate, mas não poder comer por causa de uma alergia que do nada aparece.
De repente, você descobre que ama, mas não tem coragem de falar, então vê o seu desejo levado pelo vento.
Ama o seu amigo, mas deixou uma discussão a toa separar vocês.
Por que não falar da família? União, amor, presença. Onde está?
Então não faça da sua vida vida um livro guardado.
A vida tem que ser vivida.
Ame, grite, brigue, corra quando necessário, caminhe quando possível, beije, chore, pule, sinta o cheiro da terra molhada depois da chuva, destribua abraços, fale mas lembre do silêncio, leia algo, cante alto mesmo que no chuveiro, brinque de pega-pega ou de esconde-esconde, trabalhe, estude, sonhe acordado, planeje, faça, reaja, caia, mas faça da queda um impulso para o sucesso.
Por fim, como um dia tudo tem que acabar, chegue ao fim sabendo que aproveitou todo o bom caminho do começo e se a coisa tiver feia para o seu lado, faça como os pinguins de Madagascar: "Sorriem e acenem rapazes " .
Paixão é feito furacão, vem e passa.
Você chegou, desconcertou, bagunçou, deixou tudo fora do lugar.
E até foi embora.
Mas continua aqui dentro.
Eu não queria está aqui agora falando de tanto sentimento para alguém que não sente um pedaço de pizza por mim mas, é você que eu amo.
Eu ficava tentando entender essas pessoas que sofriam por amor. Tão mais fácil desistir, apagar, deixar pra lá. Se valorizar mais. Eu sempre dizia.
Mas e qual é o melhor caminho para o esquecimento me diz? Como é que se faz pra esquecer alguém que você nunca quis amar? Como é que faz pra tirar da alma a sua marca?