Mauro Santayana
Toda estrutura coletiva, seja ela uma jaula de zoológico, ou o parlamento da Grã Bretanha, funciona na base da negociação.
Com a extrema-direita não se brinca, não se alivia, não se tergiversa, não se compactua.
Quem não perceber isso - esteja na situação ou na oposição - ou está sendo ingênuo ou irresponsável, ou mal intencionado.
Não é possível que, em pleno século XXI, os brasileiros não percebam que, em matéria de política externa e economia, ou o Brasil se alia estrategicamente com os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), potências ascendentes como ele; e estende sua influência sobre suas áreas naturais de projeção, a África e a América Latina, ou só nos restará nos inserir, de forma subalterna, no projeto de dominação europeu e anglo-americano.
Em nossa época, deixamos de honrar pai e mãe, de praticar a solidariedade com os mais pobres, com os doentes, com os discriminados e os excluídos, para nos entregar ao hedonismo.
Os neo-anticomunistas brasileiros reclamam todos os dias de Cuba, um país com quem os EUA acabam de reatar relações diplomáticas. Mas não deixam de comprar smartphones e gadgets Made In Republica Popular da China, fabricados por empresas que contam, entre seus acionistas, com o próprio Partido Comunista.
A Petrobras não é apenas uma empresa.
Ela é uma Nação.
Um conceito.
Uma bandeira.
E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.
Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.
E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.
O PT é um partido tão comunista, que o lucro dos bancos, que foi de aproximadamente 40 bilhões de reais no governo Fernando Henrique Cardoso, aumentou para 280 bilhões de reais nos oito anos do governo Lula.
Prefiro um brasileiro vestido de vermelho, mesmo que seja flamenguista ou são-paulino, do que um que vai para a rua, vestido de verde e amarelo, para defender a "privatização" e a entrega da Petrobras para os Estados Unidos.
Se houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de “classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta, a nota da Moody´s e de outras agências semelhantes, deveria se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo do zero absoluto.
O Brasil precisa escolher entre autonomia e dependência, soberania ou submissão.
Como o viajante, diante da esfinge, a grande pergunta que temos que responder ao Século XXI é que país queremos ser e que futuro queremos ter, como Nação.
“Se os Estados Unidos procurassem entender melhor o mundo no lugar de confrontá-lo, e se despissem da condição de tutores iluminados nomeados por Deus para reger o planeta, aceitando a liberdade dos outros e suas eventuais diferenças com o espírito e o estilo de vida norte-americano, não teriam que espionar países teoricamente amigos ou teoricamente inimigos, nem precisariam de uma lei “antiterrorismo” para combater “terroristas” que eles mesmos “fabricaram” para destruir seus desafetos, como é o caso do Estado Islâmico.”
“Existe uma premeditada, permanente, hipócrita, subalterna, entreguista, pressão, que não se afrouxa, voltada para que se abandone uma política externa minimamente independente e soberana, que possa situar o Brasil, geopoliticamente, frente aos desafios e às oportunidades do mundo cada vez mais complexo e competitivo do século XXI.”
Tecido com o coração das longas hastes, colhidas às margens do Nilo, por diligentes fabricantes de papiro; lixado, desbastado e prensado, até o couro se transformar em pergaminho; abrigado, por tanto tempo, na escuridão das câmaras mortuárias das pirâmides egípcias e nas prateleiras tubulares da Biblioteca de Alexandria; copiado, à luz de velas, e das amplas janelas dos scriptoriums das abadias medievais, por gerações de monges que nele teceram a delicada e persistente trama dourada das iluminuras, desenhando, com longas penas de ganso, serifa a serifa, as letras dos textos bíblicos, da filosofia, da ciência, da história; escrito pelos revolucionários, contrabandeado pelos perseguidos, nau e asas dos injustiçados, leme dos que mudaram o mundo, o livro continuará, conosco, no futuro.
Nossos netos poderão achar os mesmos textos nas frias nuvens de bits, nas telas dos tablets e dos smartphones, ocultos nos algoritmos que as máquinas guardam e traduzem, até serem quebradas e derretidas para fazer novas memórias, placas e processadores.
Mas nada poderá substituir, ou superar, a sensação de imaginar, ao acariciar uma capa antiga, a vida de quem a encadernou.
De descobrir, ao abrir um volume de aventuras, a dedicatória, escrita, com esmero, a tinta de tinteiro, por um pai para seu filho de 10 anos.
Ou de localizar a letra do primeiro, do segundo, de um terceiro dono - nome, sobrenome e ano - como a marcar e afirmar, em uma lápide, ou numa carta jogada em uma garrafa ao oceano: eu existi. Como você, estive por aqui. Como você, tive este livro entre as mãos. Ria com ele, chore, aprenda e sonhe. Escreva seu nome nesta página de rosto. E aproveite a leitura.
Na imprensa brasileira a diferença entre quem ataca o golpe e quem defende o impeachment, é que os primeiros escrevem para a História, e os segundos, para o dia seguinte.