Maurileni Moreira
ou uma ou outra em 2014: ou eu descambo de vez pro poliamor-relacionamentos livres-amigxs de foda, ou namoro-me caso-saio da casa de minha mãe-alugo um apartamento-compro rosas amarelas-ponho num jarro-levo meus livros-levo perfume-limpo a casa-e pinto de rosa. (posso pensar noutra cor, talvez.)
sabe, minha flor, tenho tido por diversas vezes medos dos meus sentimentos. E, agora, depois desta manhã grudada em teus braços começo por confessar algumas coisas pra mim, no entanto, antes de confessar quero-lhe pedir desculpas por tê-la afastado de mim tão bruscamente, por não ter percebido que o nosso amor tem uma mistura de antigo-novo, e principalmente por não ter apostado todas as minhas fichas em tudo aquilo que você me disse para acreditar.
Parei de lhe esperar, flor de Lis,
pois todas as vezes que o faço
acabo por me encontrar mais sozinha
em estado físico, do que em palavras.
Agora busco em outros lugares estadias
mais esperançosas e sentimentais.
Poéticas.
Tudo o que quero, Lis,
é um cadinho só de tranquilidade,
onde com calma e precisão eu possa degustar
sabores alheios.
Mesmo que seja
em um corpo só meu.
desejou que tivesse saído de sua boca. agora, a preocupação se encontrava em não mais frequentar os mesmos lugares, em não mais ligar todos os dias dividindo cotidianidades, em não mais ser tão dependente por motivos óbvios, construídos por amor.
mas, o amor acabou.
tentando ser verdadeira consigo sabia que deveria virar página, ou mesmo escrever um outro livro. seria melhor pra todos! sentimentos e relações confusas machucam muito mais do que qualquer outro caco de vidro nos olhos! tenta não mais existir em concomitância a uma história. mais do que isso será companhia forçada. fecha as portas. ficar sozinha com os lençóis e travesseiros.
olhou para o alto. nunca pensou que chegaria nesse ponto... é uma pena.
faz uma lista:
- não mais dividir seus dias!
martelando frases soltas na sua cabeça.
cadê as paixões? cadê os arrebatamentos? cadê o grande silêncio?
machucados indolores, incolores. profundos.
(inspirado numa passagem do diário de 2010)
e essa sua cama, nego, renego, abjeto!
não mais divido.
não mais durmo com você.
(olhos vermelhos)
dividir cama é dividir afetos.
intimidades.
sutilezas.
dividir cama é assinar confianças.
(que você não me bata, que você não me bata, que você não me bata)
buscou o desprendimento.
buscou a libertação.
buscou...
amarrado enrolado malandragem véu
(por que eu não vivo?)
maquia-se.
LER OUVINDO SIMPLES DESEJO DE NEY MATOGROSSO
Mais uma para você.
O mar, assim que cheguei me atemorizava.
Hesitei algumas vezes em ver as ondas quebrando, umas com as outras. Eu não sei nadar.
Nesse sentido esta terra é inexplorada e pode me causar a morte. Sendo ela de que simbolismo e/ou objetivo for. Por enquanto não me atrevo a entrar de cabeça.
Um mergulho que seja poderá entupir as minhas vias respiratórias e em questão de segundos o oxigênio dos plânctons ser insuficiente para a minha (nossa) existência-relação-causalidade.
O máximo que me dispus foi sentar na areia branca em posição de mantra, fechar meus olhos, respirar profundamente e permitir que se o mar quisesse ele viesse até a mim, tocar meu corpo começando por dentro...
Um susto que assalta a sensorialidade física – corpórea.
Permaneci assim por minutos seguidos e sempre pensando, perguntando a Yemanjá se ela queria levar esse meu medo de ideias grávidas.
As palavras grávidas são irreversíveis. Se a ela eu soprasse uma resposta querida ela me devolveria em ressaca de vistas de Capitu.
Daqui encaminhei para a sua caixa de mensagens mais uma mensagem daquelas, coisas que se diz quando nos encontramos ‘temporariamente’ envolvidos.
Liquidamente enviesada por teus/meus desejos.
Se me olhar atravessado essa noite e eu com esta minha pele queimada de sol e parafina eu juro que faço o mar sangrar. Jorrar biologicamente hemoglobinas e... e... e... Células morenas.
Amava as ciências biológicas, só que agora a ciência das insanidades de “risco” me diz que a célula – aquele significado de uma caixa vazia está permanentemente não concluindo a ligação, não consigo ainda me impor frente às vontades da natureza.
O preencher-se não chega.
O mar está em tempo de me levar e a maresia inebriante grita para que tenhamos palavras límpidas e não tão salgadas.
Você está me ouvindo?
Tira a concha do ouvido, o silêncio também tem sua linguagem.
É uma comunicação.
Depois do infinito abri os olhos e o céu estava se tornando em chuva, esperei que neblinasse, que gotas me possibilitasse a boiar por dias inteiros dentro delas.
Por que a imaginação é algo do plano das ideia?
Bate aqui na porta, já disse trezentas vezes que é só chegar.
O mar me confidenciou um segredo.
Lembrei da sua imagem em fotografia – a correnteza na sua íris. Precisamos, se o mar sangrar, nos des-partir.
Compreende isso?
A cidade é pequena daqui a pouco a sua maré vai virar.
E nem era preciso fazer exclusões...
Ou por dois corpos germinados na saga de paixão ou por um fim de conhecimento.
Estamos em estado de percepção alterada.
Experiencie seu corpo! Você é um ser corporificado. A imagem do Outro é do outro. Construa a sua imagem. Quero que sangre.
Sangria em mares turbulentos.
Estou em maré alta, só falta a lua cheia para me acompanhar.
Vai me olhar atravessado? Chega primeiro por aqui...
Nosso caso é volitivo.