Matthieu Ricard
Fui um adolescente perfeitamente normal, com todas as incertezas e angústias da idade. Não tive grandes dramas, mas estava confuso e, nesse sentido, não me considerava feliz. Na altura, a minha motivação era tornar-me um ser humano melhor.
Pra começar, a felicidade é um amor pela vida. Ter perdido toda razão para viver é abrir um abismo de sofrimento. Mesmo que as circunstâncias externas sejam importantes, o sofrimento, assim como o bem-estar, é essencialmente um estado mental. Entender isso é o pré-requisito chave para uma vida que vale ser vivida.
A busca pela felicidade não se trata de olhar a vida através de óculos cor-de-rosa ou cegar a si mesmo para a dor e as imperfeições do mundo. A felicidade também não é um estado de exaltação perpetuada a qualquer custo: é uma limpeza das toxinas mentais, tais como ódio e obsessão, que literalmente envenenam nossa mente.
Precisamos aprender e conhecer melhor como a mente funciona e ter uma visão mais acurada sobre a natureza das coisas, porque no seu sentido mais profundo, sofrer está intimamente conectado com uma má compreensão da natureza da realidade.
As pessoas nunca acham que a felicidade é uma maneira de ser porque estão pensando em prazer, que depende das circunstâncias.