Matheus José
O DIA EM QUE A POESIA ME DEU VIDA
Nasci de forma lenta e inesperada,
A cada dia da minha vida inexistente.
A cada letra, palavra, verso lido da
Esplendorosa Poesia,
Eu me criava um pouco mais.
Todas aquelas palavras
Quebravam as barreiras
Do meu limitado intelecto
E fraca resistência emocional.
A Poesia brigava com qualquer limite
Que o mundo queria impor sobre ela,
Passava por cima da própria língua
E mostrava com simplicidade,
Quem mandava nas palavras.
Nesse mundo de resistência poética,
Me sentia novo a cada vez que acordava,
Nascia!
Sentia um agradável ardor na pele,
Como se um sol me desse vida.
Sentia meu sangue correr
Cheio de vitalidade pelas artérias,
E meu coração começou a bater descompassado,
Sempre ansioso pela vida.
Nascia!
E depois de nascer eu descobri,
Que esse nascimento não foi por acaso,
Foi a poesia que mostrou que a vida
É esmeralda,
Que sai de forma bruta do chão
E é necessário lapidar.
Descobri que a poesia é uma flor,
Que nasce entre as pedras e ferro
Da cidade.
Rebelde, corajosa, cheia de vida.
Depois de nascer...
Vivi pela Poesia.
RUA DO SOL
Recife,
Há quanto tempo não sai do meu pensamento.
Me consome da alma ao coração,
Transborda lágrimas em meus olhos
E deixa minha vida sem cor.
Recife,
Eu que conheci tuas histórias,
Tuas bravas conquistas,
Tuas batalhas incessáveis,
Hoje virei teu prisioneiro.
Eu que conheci tuas belezas,
Do castelo ao teu Marco Zero,
Do rio ao mar,
Hoje só vejo solidão.
Recife,
Tuas pontes só ligam meus desesperos,
Teus museus só contam a minha própria história,
Teus monumentos são retratos de dias que já se foram.
Nas ruas antigas e boemias eu vivo,
Me afundo às vezes no Capibaribe, às vezes nas tuas águas salgadas,
Mas não consigo me encontrar.
Na Rua do Sol,
de eternos escuros,
foi o último beijo,
último olhar.
Foi lá que parti de olhos marejados
e hoje vivo na Rua da Saudade.
(não a Rua do Recife, mas a Rua da Saudade que habita em mim).
Recife,
Há quanto tempo não sai do meu pensamento.
Na minha caminhada
levo o peso do amor falso,
das metas não alcançadas,
da ressaca não curada.
À noite, na boemia,
não tenho sono
e ando de mãos dadas com a lua,
empurrando as estrelas para o noroeste,
nos meus sonhos de bêbado acordado.
Quem nunca perdeu um amor
não sabe o que é carregar
uma pessoa do lado de dentro do peito.
Não sabe o que é se acostumar viver de encantos
e aprender a esquecer dos mesmos.
Não sabe a dor de rasgar as cartas,
limpar o perfume,
se distanciar do beijo.
Não sabe o que é um sábado a noite
no farrapo bar de esquina
e a dúvida na mente
se nas próximas horas virá
a morte, um milênio ou simplesmente um domingo.
Nas noites
em que tenho medo do escuro
meu coração vira porta e se escancara
pra você voltar e trazer consigo a solidão.
Os cigarros espalhados pelo quarto,
o whisky quente na escrivaninha
e as mãos doloridas de fazer poesia
é o retrato de um homem que
é visitado pela dor.
Nesta vida,
o que mais me dói
é a memória
de um dia ter amado.
É como uma condenação
de prisão perpétua,
onde o dia vem e vai
e não muda nada.
O futuro não existe
nestes verbos sentimentais.
Acordei mais uma vez pela madrugada, abri o Whatsapp e encontrei você online. Com quem? Essa hora? Me perguntei. Mas talvez só esteja com insônia, como eu. Não tive coragem de mandar um oi, o coração apertado me fez andar sem coragem de te mandar palavras.
Naquele último mês eu tinha buscado no passado algo que me fizesse entender o motivo da nossa perda, do nosso distanciamento. Há trinta dias trocávamos carinhos na tua sala, comendo pipoca, assistindo Netflix e depois fizemos amor. Busquei te encontrar nas ruas, esbarrar contigo nas festas, ir para as mesmas palestras, só pra eu te ver de novo, só pra você
me ver de novo, só para que você soubesse que eu ainda estava ali, de perto, te observando e pensando em você. Alimentar a dor sempre foi uma mania minha.
Em uma das minhas noites de insônia, vi uma foto sua com outro sorriso, com outra boca, provando de outros batons, corpo, momentos. Meu mundo foi ao chão. Lembrei de todas as vezes que você me chamava pra sair, eu entrava em seu carro animada e você dava uma volta pela cidade, parava na beira do rio e me beijava. Íamos pra sua casa e, a cada noite amor, era a melhor noite das nossas vidas.
Eu não vi onde errei. Eu não vi seu sorriso sumir, seu interesse enfraquecer. Você foi furacão que cessou de vez. Daqui da minha cama, com uma xícara de café pra me dá forças, eu ainda busco os motivos.
Abro a janela,
tento respirar um ar puro
mas a noite é um soco no estômago
dos loucos apaixonados.
Tuas coisas ainda estão no meu quarto,
me encarando como se quisesse ouvir
meus relatos de saudades
e teus livros ainda estão na estante,
contando a nossa própria história em outros enredos e épo#2;cas.
Já não sei mais como faz para você ir embora,
já não sei mais como calar um coração
de eternos barulhos.
A despedida física
não é uma ordem de despejo,
é um aviso prévio de saída sem data determinada.
Nunca sabemos quando o outro,
vai embora da nossa vida.
Nosso último ato de amor
foi se afastar um do outro,
para que as boas recordações,
as risadas bobas
e o carinho mútuo
não fossem associados à dor
do fim.
De uns tempos pra cá
tenho beijado mais garrafas que bocas
e, pra falar a verdade,
as ressacas fazem menos mal
que um coração machucado.
PARA O AMOR QUE ESTÁ POR VIR
Quando a rotina do dia a dia cessa, eu costumo refletir. Essa noite me peguei pensando sobre o sentir, sobre o se doar. Não sei se sentir tanto, se entregar tanto seja algo certo em uma atualidade de amores frágeis, mas isso me proporciona viver intensamente cada minuto, cada dia como se fosse o último, enxergar num abraço o alívio e paz, sentir a paixão pulsar em um beijo. Toda essa intensidade me faz muito feliz.
Hoje, depois de alguns tropeços e joelhos ralados, eu aprendi a esperar. Não aquela espera inerte, vegetativa e utópica, que se vive em busca de uma mensagem da paixão platônica ou a volta de pessoas especiais que já se foram. Mas aquela espera pelo tempo certo, pelo momento ideal em que
a vida me trará bons momentos e estampará em meu rosto toda a felicidade que mereço.
E está aí uma forma de felicidade. Esperar da melhor forma. Acordar de bem com a vida, caminhar e ver o mundo, se divertir e dormir satisfeito sabendo que pra tudo tem uma hora. É comum que exista momentos em que recordamos da dor, que as lágrimas desçam, mas isso também faz parte do
tempo, do aprendizado, de todo o ciclo emocional humano. Nesses momentos é importante acreditar que a felicidade vem, que o amor existe, que nada está perdido.
Ao amor que está por vir, saiba que acredito que o tempo trará todas as qualidades e defeitos necessários para proporcionar felicidade. Sigo esperando, mesmo sem esperar tanto.
ÀS VEZES É PRECISO ESQUECER UM AMOR QUE DEU CERTO
A música vibra em meu ouvido e não consigo ouvir pessoas falando e os carros passando na orla da cidade. Na praia ainda vejo nosso amor marcado na areia, nossos sorrisos nas garrafas de bebida espalhadas no chão, nossos beijos nas ondas do mar e nosso cheiro na brisa leve que sopra em minha direção.
Olho para o passado e vejo o quanto fomos felizes, o quanto realizamos sonhos e desejos juntos e, hoje, existe um vazio imenso chamado solidão. Não consigo mais enxergar aquele amor que contagiava a todos, não consigo mais achar aquele futuro tão belo que sonhávamos. Fomos embora na melhor parte da história, abandonamos o livro no capítulo mais contagiante e agora eu vejo a brisa trazer o aroma do mar sem seu perfume, o vento desfazer a nossa marca da areia e os coletores recolher as garrafas, símbolo das nossas diversões.
Hoje só sobrou eu, os carros, a minha bebida na mão e as estrelas sobre o mar. Permaneço aqui relembrando os bons momentos, as melhores cenas e a minha vontade é ficar. Dentro de mim ecoa o sofrimento de perder um amor que deu certo, mas a razão me manda seguir em frente e começar uma nova aventura.
Às vezes, o maior amor que sentimos, é o mesmo que apaga nosso futuro. Um dia, o sol nascerá para todos, inclusive para mim.
Amor é como futebol
começa com um estudo,
guardado na retranca.
Aos poucos chega ao meio de campo,
uma brecha se abre na frente,
o ataque recebe na grande área
livre para enfiar na rede,
conquistando três pontos no campeonato.
Amor que vale a pena
nunca termina zero a zero.
Nessa noite,
Seja meu poema indecifrável
Me apresente seus versos,
Sua estrutura.
Me excite com suas figuras de linguagem,
Como quem quer e finge que não quer.
Me enlouqueça com sua subjetividade
E me deixe perdido entre a tua
Pureza e o teu profano.
Seja meu poema de amor,
Seja meu poema de erotismo,
Seja o que quiser,
Mas seja algo pra mim esta noite.
Peço perdão por aparecer repentinamente
e te atropelar com meus sentimentos eufóricos.
Pelos dias calados,
ilhado em pensamentos sobre você.
Pelas noites agitadas,
de conversas românticas, divertidas, quentes.
Pelas horas que meus olhos enxergaram os seus,
mesmo com seis centenas de quilômetros de distância,
e pelas horas que teu perfume me invadiu
e eu não consegui continuar o dia sem falar algo,
mesmo que tenha sido apenas um oi cheio de receios.
No meio de todo o caos de ansiedade,
trago a ternura das palavras,
o carinho dos pensamentos
e a intensidade dos desejos,
para viver entre nós.
De ti, só peço o coração
e a felicidade de quem se entrega às noites de amor.
Hoje eu te espero em meu Ap.. Ta tudo arrumado, na medida do possível, do jeito que sei viver como dono de casa. Troquei os lençóis, tirei a poeira e perfumei; agora te espero para jogar os sapatos de lado, folgar a roupa e sentar na cama. Vem cá, abre uma cerveja e me conta sobre você, sobre como foi seu dia e como está esse seu coração. Sei que esta vida estressante de números e pessoas te deixa cansada, sem paciência, mas também sei que quando chega aqui, teu olhar exausto se transforma em um olhar alegre, animado. Talvez sejam nossos brindes, talvez seja algo a mais... Mas o que importa? O importante é te ter aqui e te arrancar esses sorrisos leves que contagiam qualquer um. Gosto de ouvir, falo pouco, te fito,
te namoro de longe, acompanhando sua boca se movimentar contando histórias sobre seu passado e planejando seu futuro. Chego mais perto, sinto teu hálito, teu calor; começo a falar mais, abro mais uma cerveja, te roubo um beijo, sorriu, você sorri de volta, põe a mão na minha nuca e me puxa pra mais perto. O beijo fica intenso, as mãos buscam outros destinos, a bebida esquenta, as luzes se apagam, as roupas vão ao chão, os corpos se juntam e abafo teus sons para os vizinhos não ouvirem. Satisfeitos, nos olhamos no escuro; mesmo sem ver, sentimos os olhos fitando um ao outro enquanto as mãos se acariciam e as bocas balbuciam elogios carinhosos. A noite passa depressa num sono profundo e a manhã chega pra você ir embora para mais um dia estressante. “Ei, vem cá”, te chamo, você já na rua. Sussurro em seu ouvido, “essa noite te espero aqui em casa”.
Mesmo depois de tanto tempo
ainda consigo lembrar de você.
Subitamente você.
Nessas horas, paro
e vasculho meu coração:
Ainda existem cacos fixados
nas paredes do meu ser
que dói, fere
mas ao mesmo tempo
me alegra
só por saber que, no fundo,
ainda existe fragmentos
de uma história impossível.
Entre tantas perdas,
feridas e
buracos na alma,
os ombros acostumam
a carregar a cruz.
E a dor,
que já era peso morto
aos olhos que vê de fora,
se tornou morto aqui dentro também.
E então,
o amanhã é só uma penitencia por estar vivo.
Durante o dia, o coração macula
a raiva de si, dos outros, do mundo,
da vida.
Durante a noite, todo o mundo
desaba sobre um corpo inútil na cama,
e não tem música,
livros,
bebidas,
que consiga ressuscitar
um coração falecido.