Matheus Fagundes Fernandes
Noites frias.
Diversas vezes eu simplesmente levantava e corria, sem nenhuma direção, apenas para sentir o vento tocando o meu rosto e a força da respiração me fazer esquecer um pouco daquilo que doía dentro de mim.
Uma dor que vinha das frustrações de um homem que nao sabia do potencial que tem e nao conseguia expressar, de milhões de duvidas que assolam um jovem que era incapaz de compreender os próprios anseios, uma dor que o fazia chorar e querer fazer com que tudo a sua volta sumisse, se esvairisse, transparecesse, apenas para fazer tê-lo em suas mãos um pouco de dignidade perante a si.
E aos poucos as dores foram sumindo, as noites foram ficando mais quentes e aquilo que mais lhe doía, aos poucos, ia tornando-se o combustível do seu sucesso. Ele nao precisava ser o maior, o melhor ou o mais bonito. Nao precisava ter as pessoas a sua volta lhe dizendo que era bom e por nao querer isso os outros o condenavam e se afastavam causando desconforto. Mas isso era antes. Antes de descobrir que nada disso era real, antes de saber que a única pessoa que realmente precisava acreditar nele e o amar estava tão próxima que podia sentir sua respiração, pois era a mesma que a dele.
Os fantasmas agoram nao o preocupam mais, as sombras ainda existem, e de vez enquanto tentam lhe encobrir da própria verdade, so que nada disso importa, nada disso faz com que perca a própria essência, o próprio gosto pela vida, as próprias verdades. Ele sabe que a cada dia que passa aumenta-se o peso sobre suas costas. O peso que ele mesmo coloca e aumenta, porque nada é mais leve que o peso da consciência tranqüila e do amor que sente por si.