Mateus F.
minha vontade agora é te ligar, sem dizer que estou com saudade, sem te pedir para ficar, evitando qualquer constrangimento. Ligar e, sem pensar, dizer que amo. Que amo o seu silêncio quando ele fala por nós dois, que amo a sua risada quando ela nos rejuvenesce; que amo, e muito, o seu olhar quando ele invade minh’alma. Ligar e esquecer os meus e os seus defeitos, tornar-me o antigo menino que conheceu, e despejar minha aflição por ter que te ver de longe; e não poder tocar. Não poder sentir seus pêlos ouriçarem depois de um abraço forte ou ter que conviver com a distância. Ligar sem esperar que você retorne se a ligação cair, e não te deixar falar. Não te deixar pensar em outra coisa. Não te deixar disfarçar o riso, ou segurar o choro. Sem dar tempo para que pense, que planeje alguma forma de sair dali. Eu não daria pausas, nem perguntaria se está ouvindo. Sua respiração abafada responderia. Eu poderia sentir você do outro lado da linha, torcendo para que dessa vez desse certo. Para que eu não fraquejasse novamente. E eu resistiria, até o fim. Sem soluçar, sem esquecer, sem enrolar a língua. Falaria muito, durante um bom tempo. E você ouviria quieta, sem demonstrar nenhuma reação. E então, ficaria tranquilo. Sabendo que finalmente, palavra por palavra, entreguei-me por completo à você.