Martin Heidegger

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Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm.

Martin Heidegger
Poesia, Linguagem, Pensamento

Nota: Trecho de "O Pensador como Poeta"

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A angústia é a disposição fundamental que nos coloca perante o nada.

Entre o pensamento e a poesia há um parentesco porque ambos usam o serviço da linguagem e progridem com ela. Contudo, entre os dois persiste ao mesmo tempo um abismo profundo, pois moram em cumes separados.

Origem significa aquilo a partir do aqui e através do qual uma coisa é o que é como é. (...) A origem de algo é a proveniência da sua essência. A pergunta pela origem da obra de arte indaga a sua proveniência essencial. (...) O artista é a origem da obra. A obra é a origem do artista. Nenhum é sem o outro.

Martin Heidegger
A Origem da Obra de Arte

Somente um Deus nos poderá salvar!
[Nur noch ein Gott kann uns retten].

O Simples guarda o enígma do que é grande e permanece.

Mas, onde há perigo, cresce, também, a salvação.

Morrer não é um acontecimento; é um fenômeno a ser compreendido existencialmente.

A filosofia implica uma mobilidade livre no pensamento; é um ato criador que dissolve ideologias.

O ser no mundo, enquanto ocupar-se, é tomado e obnubilado pelo mundo com que se ocupa

Para Heidegger, aquele que se questiona, ou seja, que possui uma existência autêntica, mergulha de ponta na própria angústia do ser, que para ele é originária do dasein... originária em você. Para ele, você pode sufocar esta angústia, com chocolate, coca-cola, vídeo game ou séries de TV, mas ela está sempre lá. E o que faz essa angústia para esse filósofo alemão achar tão legal assim? Ela te faz experimentar o ser e o nada. Você vai além dos entes cotidianos, experimentados por todos, você, que se questiona, experimenta o que é o ser o que é o nada. Nisso consiste a tua angústia.

Angústia é a consciência da morte como horizonte da vida.

Na angústia não acontece nenhuma destruição de todo o ente em si mesmo, mas tampouco realizamos nós uma negação do ente em sua totalidade para, somente então, atingirmos o nada. Mesmo não considerando o fato de que é alheio à angústia enquanto tal, a formulação expressa de uma enunciação negativa, chegaríamos, mesmo com uma tal negação, que deveria ter por resultado o nada, sempre tarde. Já antes disto o nada nos visita. Dizíamos que nos visitava juntamente com a fuga do ente em sua totalidade.

Nenhuma época soube tantas e tão diversas coisas do homem como a nossa. Mas em verdade, nunca se soube menos o que é o homem.

O que é mais instigante nestes tempos instigantes é que ainda não estamos pensando.

Martin Heidegger
Que Significa Pensar?

Quem pensa grande também erra grande.

O homem age como se fosse o senhor e mestre da linguagem, enquanto que na verdade a linguagem permanece mestra do homem.

A poesia é a fundação do ser pela palavra.

A grande tragédia do mundo é que não cultiva a memória, e portanto se esquece dos mestres.

Só há mundo onde há linguagem.

Muito cedo a televisão, para exercer sua influência soberana, percorrerá em todos os sentidos toda a maquinaria e todo o alvoroço das relações humanas.

Todo homem nasce como muitos homens e morre de forma única.

Precisamos pensar no fato de que ainda não começamos a pensar.

Mesmo quando estamos vazios de pensamento, não desistimos de nossa capacidade de pensar.

Rússia e América, consideradas metafisicamente, são ambas a mesma coisa: a mesma fúria sem consolo da técnica desenfreada e da organização sem fundamento do homem normal. Quando o mais afastado rincão do globo tiver sido conquistado tecnicamente e explorado economicamente; quando qualquer acontecimento em qualquer lugar e a qualquer tempo se tiver tornado acessível com qualquer rapidez: quando um atentado a um Rei na França e um concerto sinfônico em Tóquio puder ser "vivido'' simultaneamente; quando tempo significar apenas rapidez, instantaneidade e simultaneidade e o tempo, como História, houver desaparecido da existência de todos os povos; quando o pugilista valer, como o grande homem de um povo; quando as cifras em milhões dos comícios de massa forem um triunfo, – então. Justamente então continua ainda a atravessar toda essa assombração, como um fantasma, a pergunta: para que? para onde? e o que agora?

A decadência espiritual da terra já foi tão longe, que os povos se veem ameaçados de perder a última forca de espírito, capaz de os fazerem simplesmente ver e avaliar, como tal, a decadência (entendida em sua relação com o destino do Ser). Essa simples constatação não tem nada a ver com pessimismo cultural nem tampouco, como é óbvio, com um otimismo. Com efeito o obscurecimento do'mundo, a fuga dos deuses, a destruição da terra, a massificação do homem, a suspeita odiosa
contra tudo que é criador e livre, já atingiu, em todo o orbe, dimensões tais, que categorias tão pueris, como pessimismo e otimismo, de há muito se tornaram ridículas.

Martin Heidegger
Introdução à metafísica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999.
Inserida por runesh