Marquês de Maricá

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Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos.

Viver é doce; viver é agro: nesta alternativa se passa a vida.

De nada vale a celebridade, quando os grandes crimes também a conseguem.

Com trabalho, inteligência e economia só é pobre quem não quer ser rico.

Os homens probos são menos capazes de dissimulação do que os velhacos.

Os governos fracos fazem fortes os ambiciosos e insurgentes.

A vida humana parece de algum modo tríplice, quando reflectimos que vivemos e sentimos em três tempos, no pretérito, presente e no futuro.

O medo é a arma dos fracos, como a bravura a dos fortes.

A mocidade é um sonho que deleita, a velhice uma vigília que incomoda.

Os ignorantes exageram sempre mais que os inteligentes.

Os velhos erram muitas vezes por demasiadamente prudentes, os moços quase sempre por temerários.

Querendo parecer originais, tornamo-nos ridículos ou extravagantes.

Ninguém mente tanto nem mais do que a História.

A virtude é comunicável, mas o vício contagioso.

O ignorante espanta-se do mesmo que o sábio mais admira.

A virtude remoça os velhos, o vício envelhece os moços.

Os velhos prezam ordinariamente os mortos e desprezam os vivos.

A filosofia não entorpece a sensibilidade, quando muito pode chegar a regulá-la.

Com pouco nos divertimos, com muito menos nos afligimos.

Muito se perde por falta de inteligência, porém muito mais por preguiça e aversão ao trabalho.

Os acontecimentos políticos humilham e desabonam mais a sabedoria humana que quaisquer outros eventos deste mundo.

Não desespereis na desgraça, ela é frequentes vezes uma transição necessária para a boa fortuna.

Há muita gente infeliz por não saber tolerar com resignação a sua própria insignificância.

O hóspede acanhado é um dobrado incómodo para quem o hospeda.

O louvor fecundo distingue menos que a admiração silenciosa.