Marivaldo Pereira Souza
Que este silêncio não seja eterno,
Na vida que levo de lembranças,
Pelos caminhos do sacrifício,
Pelas lágrimas derramadas,
No tempo e na distância,
Daquela infância perdida.
Que este silêncio não seja eterno,
Para eu não perder a fé
Para eu não perder a esperança.
Para pôr fim a este silêncio:
Que venham novas estações,
Que venham novos frutos,
Que venham novas flores,
Que surjam novas cores.
Para o amanhã, nova vida.
Novos sabores.
Mperza 2015
Eu prefiro a pureza da criança;
Cumprindo o destino da natureza,
Na companhia do seu amável cão,
Correndo, saltitando e sorrindo pelas águas calmas e límpidas do riacho;
Se jogando nas folhas secas ao chão,
Pelas sombras da floresta;
Regozijando-se da liberdade do ir e vir de galhos em galhos,
Como os beija-flores e borboletas,
Se lambuzando na diversidade dos néctares silvestres;
Se perfumando pelos aromas dos florais;
Num pleno desejo harmônico de brincar e viver intensamente.
Eu prefiro a pureza da criança!
Mperza
A mata e o tempo
Como é fascinante
Lembrar de você, Cecília.
Na fazenda,
Sua adorável companhia.
Nos fins de semana:
Passeios pelos bosques,
Para contemplar a beleza
Da diversidade vegetal.
Cavalgar pelas trilhas
Até as cachoeiras do rio.
Saltar do alto das pedras,
Mergulhando até o fundo no poço
Nadar até os cipós nas árvores.
Na volta pra casa
Colher em abundância os frutos:
Araçás, cajus, ananás e maracujás,
Pela imensa mata tropical.
Ainda me lembro muito bem
O que você sempre dizia:
Queria ter asas
Para voar entre os galhos das árvores
E ferozmente
Impedir o homem
De desmatar este jardim natural
Cecília,
Na diversidade daquele bioma,
Você se encantava
A fauna te dava imensa paixão.
Eram tantas as espécies,
Ficaram na memória,
Me lembro muito bem.
Observávamos a aparição do Acauã, anu-preto,
araponga, águia real, bacurau, beija-flor, biguá,
caburé, coruja, curiango, curió, guaxe, jacuaçú,
macuco, papagaio, periquito, perdiz, sanhaço,
saracura, sofrê e tururim.
A mata atlântica nos impressionava.
Por possuir lindas jueiranas, jacarandás, baraúnas, pequis,
angelins, massarandubsa, paus d’alho e
imponentes jequitibás.
Cecília,
Observando o tempo lá fora
Me deu vontade de te perguntar:
Algum dia,
Essa mágica diversidade voltará a reinar?
Quem irá preservar?
Fuja para a paz
Fujas tu, da usura dos lobos,
Nego Lico.
Fuja dos insultos
Pois sua dignidade
Não estará na morte.
A vida o iluminará,
Com raios de grandeza,
Numa colorida manhã
Regada por belos acordes
Dos Curiós, Acauãs e Uirapuru.
Mperza 2016
Paraíso subterrâneo
Venha,
Entre pelas fendas,
Em raios de luzes,
Iluminando a minha bela solidão.
Mas,
Deixe-me explorar este paraíso complexo,
Pouco desconhecido.
Brota das rochas,
Vai por águas subterrâneas,
Escoando rumo ás nascentes.
Ponha-me contra tudo que está de cabeça pra baixo,
Me sinto no secreto universo mágico,
No profundo do mundo subterrâneo,
Deste planeta terra,
Vou vivendo momentos.
Mperza
Como ser incapaz de homenagear as rosas?
Rosas que desequilibram meu olhar,
Pela delicadeza,
Na infinita beleza da cor,
No abrir, no murchar
Perfumam tudo ao redor
Perfumam até no altar.
As rosas que surgem em frases
Fazem o amor ecoar
Ecoou em mim
Jorrou gotículas
Como o orvalho matinal.
Já até atravessei as nuvens d’aguas,
Em busca do seu perfume pelos rochedos.
Rosas que ao vento se vão,
Rosas do além,
Rosas belas num simples vaso,
São rosas para o meu bem.
Rosas que vem despidas,
São rosas que pousam sobre mim,
Transformam-se em rosas despedaçadas,
Rosas que despertam famintas,
Sangrando em pleno vermelho,
São as rosas que me envenenam pelo espinho,
Infiltrando-me ardentes desejos.
Às Rosas, meus diversos beijos!
Mperza
Gratidão!
Iluminados,
O que tenho hoje para vos oferecer,
É um cálice transbordando de gratidão.
É o meu gentil amor em expressão:
Da verdade,
Serenidade,
Numa precisão sentimental do coração,
Da alegria por viver.
Brinde comigo e a vida será uma partilha,
Numa sintonia em acordes celestial.
Mperza
Me leve para o mar
Oh menina me leve,
Me leve para o mar,
Leva me pelas areias,
Tenho saudade da praia,
Dos contos de sereias;
Das estórias dos jangadeiros;
Das redes fartas de peixes;
Dos sorrisos faceiros;
Do samba de roda a beira mar;
Das vozes das caboclas a cantar.
Me leve menina para o mar.
Queira Deus que eu mereça
Conseguir caminhar bem devagarinho,
Para ver e sentir as ondas molhar os meus pés,
E o vento brando,
Refrescar a minha cabeça,
Antes que uma forte chuva aconteça.
Oh menina da beira do rio,
Me conduza nesta canoa,
E leve me para o mar.
Sou neto de pescador,
Levo flores,
Sou um devoto de Yemanjá,
Me leve para o mar.
Mperza
Não parti em vão,
Tampouco parti por covardia,
Com o coração partido, parti.
Com muita incerteza,
Em não rever o que constantemente via.
Quanta dor eu senti,
Machucado, ferido,
Sem destino, sem rumo,
Sem a sintonia do amor.
Impotente me vi,
Na ausência do seu abraço,
Na perda da sua presença,
No adeus ao seu sorriso,
Bela pequena.
O desespero segui,
Numa solidão angustiante,
Fui me banhando em águas de lágrimas,
Fui nadando mar adentro em águas salgadas,
No destino, na distância.
Esta infância se foi,
Bem de longe,
Sequer vi passar a juventude,
Daquela que muito amei.
Mperza2016
Nina,
Subo às pressas, uma ladeira longa em curvas.
Vou fugindo do ódio;
Vou me libertando da dor;
Sou um ser em seu sofrimento;
Batendo asas, voando,
Querendo chegar,
Onde haja o amor.
Sou as lágrimas correndo em meu rosto,
Sou o soluço,
Que a crueldade causou.
Sou a tristeza da saudade,
A solidão sem você,
Sou o coração frágil,
Da mente cansada,
Eu sou o vazio querendo resposta,
Por que isto aconteceu com você?
Gratidão e saudade!!!
Mperza