Mario Sá
Inspiração é asa.
Difícil engaiolar no papel.
Chega como um raio.
Pousa no pensamento;
se não encarcerar na linha do momento,
como pipa ao vento,
se esvai rumo ao céu.
Queria me submeter ao tempo.
Ser Érico! Escrever sobre o vento.
Despir os grilhões da cruel armadura..
Ser Coralina! Envelhecer com candura.
Minha incompletude provoca ensejos.
Procurar meu eu, em busca de outro Tu.
Minha inconclusividade brota desejos,
De romper os limites, ver o mundo nu.
Não cabem em meu traço
as palavras que escrevo.
Transbordo a borda,
invado espaços.
Sobram excessos
se me atrevo.
Queria ser ferreiro das palavras.
Usar a forja com o poder do ventre.
Parir contorcionismos poéticos.
Mas falta vento...
Falta vento...
Quero palavras que polinizem afeto.
Com sentimentos e acento agudo.
Que extrapolem os muros do alfabeto.
Que extraiam do meu falar verso mudo.
As decisões que tomamos na vida
não são feitas, obrigatoriamente, de certezas.
Mas, devem ser alicerçadas em atitudes.
E, com elas, refletindo sobre ônus e bônus,
construir caminhos.
Se, não há certeza no acerto,
haverá a de se ter tentado.
Sandália grossa
machuca o pé da gente.
Mas, fere mais
a palavra que mente.
É que não tem calo
o coração que sente!
As estrelas no céu de meus
pensamentos
São lembranças de histórias
momentos
Marcas do tempo de um viver
Vivas na memória, em meu
anoitecer.