Mário Ferreira dos Santos

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O homem é um fim e não um meio. Utilizá-lo, transformá-lo em peça de um mecanismo, é ofender a sua dignidade.

A liberdade, como plenitude do ato humano, implica a ética, do contrário é a lei das selvas. A liberdade sem ética é a falsa liberdade, porque ofende a liberdade alheia.

Os exemplos de homens que não podem em estado normal vencer seus ímpetos não é suficiente, porque há aqueles que podem vencer. O que se revela aí é uma fraqueza da vontade.

A paz reinará entre os homens de boa vontade quando houver número suficiente de homens de boa vontade.

É hora, de uma vez por todas, de dizer basta a esses erros, e lutar por um mundo melhor, mas um mundo construído por nossas mãos e pela nossa inteligência, por todos nós, responsáveis de tudo quanto acontece, e não apenas por alguns iluminados, que se julgam os porta-vozes da divindade, super-homens que nada mais são que super-pigmeus, cuja única grandeza é a sombra imensa, que projetam nos entardeceres humanos.

A índole pacífica e hospitaleira do nosso povo é realmente democrática, mas a inércia, decorrente do analfabetismo, da incultura e da falta de saúde, não lhe permite aspirar à responsabilidade. Aceita fatos consumados, é povo fatalista.

O medo de ultrapassar a si mesmo impede a muitos de empreenderem a marcha superior.

A cooperação pode ser posta em prática imediatamente. Cada um já pode realizá-la em seu âmbito, e não esperar por outros para iniciar a obra de renovação social, por todos anelada.

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Há inúmeras formas práticas de cooperação que podem ser executadas em qualquer lugar, com imediatos efeitos. O cooperacionismo não é partido político. Não quer separar, quer unir. É prática social da cooperação. O cooperacionismo apresenta um campo de ação e promove fórmulas que podem desde logo oferecer benefícios ao povo.

A melhor propaganda é a do ato, e a cooperação só pode impor-se pela prática, assim como a liberdade só se torna prática pela prática da própria liberdade.

Não há nenhuma objeção normal à existência do Ser, porque não aceitá-lo seria afirmar o Nada absoluto, o qual já estaria negado pela própria afirmação que dele se fizesse.

Quem domina o seu mental, domina-o até nas ruas mais movimentadas de uma cidade metropolitana; quem não o domina, nem no silêncio de uma gruta é capaz de fazê-lo.

Defendo todas as ideias quando justas. Não pertenço a nenhuma delas, pois penso por mim e sempre que minhas ideias encontram semelhança com uma posição filosófica faço-lhe justiça. Procuro saber o pensamento de todos, não me submeto, porém, a nenhum.

A grandeza do homem está em superar as condições que lhe são adversas. Quando, pela sua mente, munido apenas do pensamento, penetra no que há de mais profundo, invade o que se lhe oculta aos olhos, e consegue descobrir os nexos das causas remotas e da causa primeira de todas as coisas, descobre ele que há uma fonte de todas as coisas que, pela sua eminência e pelo seu imenso valor, ele respeita e ama. Só quando o homem consegue elevar-se acima da sua contingência e alcançar esse ser supremo, e humildemente lhe presta a homenagem que ele merece, então o homem consegue ultrapassar os seus próprios limites, porque no mesmo instante em que os vence, ele supera a si mesmo.

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Há quem diga até que o otimismo é uma atitude de filosofia barata. Mas há algo mais barato que o pessimismo? Olhem para o mundo. Quantos os que se queixam, quantos os que se angustiam, açulados pela imaginação doentia; quantos proclamam angústias (as famosas angústias físicas e metafísicas de tantos intelectuais!). Quantos procuram mágoas para explorá-las? Há coisa mais barata por este mundo?

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Podes perder até a tua última esperança, mas nunca deves perder a tua dignidade.

Todo homem deve viver e morrer como um guerreiro.

Não sei qual é a perfeição do leão se me perguntarem. Mas sei que, neste momento, há um leão que é o mais leão dos leões vivos e que, na história de toda a espécie leonina, há de haver um exemplar que atinja a maior perfeição da sua raça.

Todo filósofo que levar avante e com segurança o seu pensamento, mesmo ateísta, terá de concordar que todas as perfeições, surgidas no processo do Devir, estavam contidas em máximo grau naquele Ser que não tem princípio nem fim, pois, do contrário, teria que admitir que tais perfeições surgiram do nada.

Nenhuma coisa que tenha potência para não ser pode haver existido sempre.

Pode, como, aliás, o faz, aspirar o homem a um bem limitado concreto, cuja aspiração não será vã, porque é alcançável, desde que o bem exista. Mas o homem aspira a mais, mais elevado, ao bem supremo, e seria vão esse aspirar se Deus não existisse.

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O tempo é o Devir visto do ângulo de sucessão.

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As religiões sabem e afirmam que a virtude não encontra infalivelmente na Terra a sua recompensa, nem o vício o seu castigo.

A liberdade do homem não é um mal, mas um bem. O mal está no uso dessa liberdade para fins afastados do bem superior. O que não se pode deixar de considerar é que toda e qualquer posição que negue a possibilidade de uma retribuição extraterrena coloca o homem em situação de máxima perplexidade, que só o pode levar do pessimismo ao desespero.

Podem desesperar-se os filósofos a construir filosofias de desespero, mas tal não impedirá que ela prossiga em sua marcha, confiante no inesperado, no imprevisto, que poderá modificar toda a feição dos fatos. Nisso consiste, nessa luta sem desfalecimentos, toda a dignidade do filósofo.

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