Marília Ferreira de Oliveira
"Nossa vida é um costurar constante...
É um indo e vindo, para alinhavar situações,
medir proporções com olhar absoluto, muitas vezes.
É pespontar atitudes, para ter resultados seguros.
É usar de retalhos de coisas passadas,
mas que muito ainda servem para unir velhos desejos
a possíveis realizações.
É reforçar algumas opiniões,
forrando com determinação, garra e coragem.
Definitivamente...
...a vida é um atelier,
onde devemos exprimir dons e talentos,
aliados, sempre,
à humildade de ouvir o que outros tem a dizer.
E assim, de forma mansa, mas decidida,
definir o que, de fato,
nos propusemos a fazer."
Família, palavra fácil, farta...
Família, sem a qual ninguém é nada...
Família, porto-seguro...
Família, como disse um sábio poeta "...oásis de toda a vida..."
A certeza do braço aberto, do papo certo, do coração perto...
Reluz, em meio à escuridão, dada sua luz intensa, imensa...
Propensa à aproximação, restauração, reconciliação...
Perfeita, em sua imperfeita conjugação, posto ser feita de defeituosos desejosos da perfeição...
Feição do amor, incondicional, superior, do Criador...
Que, em Sua essência, com paciência, pensou derramar um pouquinho do que È feito!!
Sem jeito, vendo Sua criação incrível se esvair, a despeito do que havia feito,
Novamente pensou... pensou ter sido pouco o muito que derramou.
Então abriu comportas, despejou da Sua essência... quase toda a excelência se lançou!
E a família criou!
De certo imaginou - sim, Ele "imagina" suas criações - um "lugar" , abrigo de todas as horas,
refúgio certo do riso fácil...
Colo materno, olhar paterno, abraço fraterno..
Apesar das tribulações, revoluções, intervenções, separações, discussões...
Família abriga, família afaga, família conduz, família atrai, família envia,
família traduz...
FAMÍLIA RIMA COM AMOR!!!
Dias atrás, me peguei observando os lençóis que havia pendurado no varal, e surpreemdi-me com a sensação que estava tendo... Algo que já havia sentido antes, mas que, talvez por um segundo a menos de sensibilidade, não tivesse registrado.
Não sei se consigo descrever - não é fácil colocar em palavras a sensação que se tem ao ver "lençóis ao vento"...
Mas foi algo tão delicioso, apaziguante (lençóis trazem paz?...), prazeroso ao ponto de tirar-me do foco, por uns instantes.
Depois desse momento indelével, fiquei, durante o dia todo com aquela imagem, indo e vindo, na minha cabeça, tentando encontrar uma definição plausível para aquilo.
Talvez hoje eu realmente tenha descoberto: as coisas simples da vida são prazerosas.
Estou numa fase, nesta minha jornada, em que a euforia de saber o que vai acontecer no próximo minuto, já não existe.
Valorizo os minutos que estou vivendo, como se o próximo não fosse acontecer.
Pelo menos tento...
Sempre me descobri observando as criações de Deus: uma flor, no meio do mato; passarinhos pousados "nos fios densos da pauta de metal..."; uma nuvem solitária, na imensidão azul; o cheiro absurdamente bom da terra molhada.
Então, contra toda expectativa, toda surpresa, me pego no deleite com "lençóis ao vento"?!!
Seria final de carreira? Seria falta do que pensar:? Ou, quem sabe, o excesso de tecnologia atual entranhado, fazendo um backup das coisas boas?
Não!
Certamente, é o ciclo natural da vida, mostrando as coisas infindáveis, imutáveis, que não se constroem por mãos humanas, que não se explicam por mentes humanas, porque não foram criadas por sabedoria humana!
Por isso, detalhes tão, aparentemente, sem significado tornam-se surpreendentes, muitas vezes.
E não só pra pessoas sensíveis, ou aguçadamente curiosas, mas àquelas que passaram pela vida sem se dar conta de que estas coisas existiam.
É uma oportunidade única - ou várias oportunidades únicas!!
É imperdível!
Meu desafio hoje, pra nós, é:
deixemo-nos ser absorvidos pelo prazer de ver "lençóis ao vento"...
...ou flores no mato...
...ou passarinhos pousados - ou voando...
...ou nuvens passeando pelo céu...
... ou degustando o cheirinho de terra molhada!
Aproveite! Você não vai ter a mesma oportunidade duas vezes!!