Mariane Nogueira
Vez ou outra, o destino -com sua crueldade arrogante- me bombardeia com antigas fraquezas. Talvez pra testar minhas mudanças, ou simplesmente pra brincar comigo mais uma vez. E esse jogo sem escrúpulos vai esfolando meu coração, vai me jogando no gélido chão das profundezas de minha alma sombria, atormentada por sentimentos carrascos, que me perseguem sem piedade.
As lagrimas que caem desses olhos desiludidos,
são o espelho de uma alma sem esperanças;
lagrimas que brotaram de um coração partido,
sufocado pelo amor rejeitado;
atormentado em noites longas e frias
-longas, frias e solitárias-
por um sentimento perverso
que insiste em uma tortura desumana.
madrugadas inteiras perdidas em pensamentos;
ora tão amargos como quem hoje sou,
ora tão doces quanto aquela que um dia fui!
As vezes fecho os olhos e te sinto;
sinto seu cheiro, sinto seu gosto, sinto seu calor.
e em meio a essas sensações, brota sorrateiramente uma angustia, que vai crescendo gradativamente até tomar conta de todo meu ser. Uma diabólica mistura agridoce. Com você é sempre assim: a mais profunda dor, combinada a euforia plena; a frieza dos seus gestos, em meio ao calor escaldante da sua pele na minha. Uma verdadeira relação de amor e ódio. Um ódio amorosamente sentido e um amor odiavelmente amado.
As vezes a mudança interior é tão significativa,que faz com que todo o exterior pareça não se encaixar mais como antes. Toda a vida que antes lhe era satisfatória, passa a ser um limbo de tortura que lhe atormenta cada vez mais intensamente. O seu corpo físico e mental se recusa desesperadamente a fazer parte desse universo que já não lhe alimenta. Você se sente outra pessoa, dentro de seu próprio mundo.
Me salve de mim
A fome que sinto do novo é insaciável. O vazio da vida que levo me mantem cada vez mais em absoluta inércia. Nem a esperança tem adoçado os meus dias. O mundo que sonhei pra mim, já não cabe mais em meus sonhos. E imploro, ardentemente, inconsolavelmente; por um fio de luz, nesse meu obscuro viver.
Cama de gato
Ai, aquela noite.Tudo começou naquela noite.Nela e em todas as outras que vieram depois dela.Foi a partir daí, a partir daquele momento, a partir daquele beijo;que comecei a ver minha vida se transformar numa verdadeira cama de gato. E ainda hoje,procuro, a tão almejada saída dessa labirinto.
Eu só quero alguém
que me chame de meu bem;
e me mostre a magia,
aquela que um dia;
eu sonhei acreditar.
Minha alma, desesperada, grita!
clama, implora,
por uma luz no fim do tunel.
Meu coração sangra
minha alma foi sufocada, oprimida;
tornei-me um ser vazio, sem vida
que apenas sobrevive
buscando ardentemente
o fim desse tormento
que destrói meu corpo, meu coração e minha mente.
''Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?''
essa intrigante frase do grande mestre sempre ecoou em minha mente como um lembrete, ou um aviso, de que eu não poderia saber de nada. Por mais que minhas neuróses me fizessem perder noites em claro pensando num rumo, a verdade é que eu não sei, nunca soube e nem vou saber. E a vida se encarregou de me mostrar dolorosamente que essa frase escrita há decadas fará sentido até o fim dos tempos.
Deveria-se saber que a vida é uma caixinha de surpresas, como diz a lenda. Mas nós, meros mortais, precisamos acreditar que possuimos o controle de nossas existencias. Mas a grande verdade oculta dessa reflexão é que, nós estamos em uma selva de pedras, e podemos a qualquer momento ter nossa comodidade destruida sem se dar conta disso.
A questão principal implica em sabermos os limites dos sonhos. Parece algo estúpido de se dizer, afinal, os sonhos não tem limites não é mesmo? sim, é verdade. Mas até que ponto somos capazes de saber lidar com os sonhos de forma saudavel, sem que isso ultrapasse as barreiras da nossa sanidade, e acabe nos transformando em zumbis frustrados não sabem o caminho da luz? essa é a grande pergunta a ser respondida. Quando alguem souber a resposta, por favor, reve-le ao mundo essa grande chave.