Mariane Montedori
Atemporal
Quando amanhece o dia
Tudo que eu posso ver está além do sol
E ele nasce apenas pra insinuar que o dia está chegando
E com ele a audácia de aceitar minhas limitações
E são tantas.. tantas que mal posso esperar pra que o sol se ponha outra vez
Pra que eu possa contar as estrelas enquanto lembro de nós dois.
Quando amanhece o dia
É você quem está além do sol
Alem de cada tarde ensolarada que desfrutamos juntos
Que nos entregamos como se não houvesse limitações;
E foram tantas, tantas vezes.
Que quando lembro do pouquíssimo tempo que tivemos
Me nego a acreditar que o tempo é a contagem das horas
Porque nem que eu contasse todas as estrelas eu perderia mais tempo do que as tardes que você me acompanhou
Quando amanhece o dia
Eu tenho que aceitar o fim da noite.
E encarar com astúcia um tempo não mais presente
Mas que se retoma a cada nascer do sol,
A cada polegada da lua, que nunca era maior que o nosso polegar
Quando amanhece o dia
Tudo que eu tenho que fazer
É deixar você ... por um minuto
Enquanto tento fazer com que o tempo acabe
E possamos voltar a viver juntos,
Atemporal.
A lâmpada do meu abajur mais parece um vagalume: pisca pisca a noite toda e ainda acha que deslumbre.
Às vezes ela me assusta! Parece que se liga a mim: me ofusca quando apaga e me da cor quando reluz.
Num passo fugaz eu me sinto assim: por vezes repentina, acendo e apago minha luz. Me perdendo mundo a dentro, tentando desatar-me dessa luz.
A lâmpada eu posso trocar, mas e enquanto a mim ?
À você...
Entre provocações e desacasos que você insiste em dizer que são premeditados, você tenta. Ouço meu nome soar ao longe junto a sua voz a pronuncia-lo. Ao certo me defama com calúnias e o seu olhar destorcido da história. Mesmo assim, o sentimento ódio não chega nem perto do meu coração. De você eu tenho pena e de quem ouve dó. O ser humano é mesmo um ser sensasionalista. Você tenta tanto me colocar pra baixo , mas não me machuca mais. Há uma coisa chamada maturidade, que certamente você não conhece. Já não são seus braços que se enrolam em mim, não é sua barba que me arranha, não é sua voz ao telefone que toca com um som especial. E se acordo de manhã, não é você que quero encontrar, não é por você que eu espero. A cerveja sou eu que pago e o outro copo eu não lhe entrego. Começou a amanhecer e os dias não são mais para você. Meus livros não contam mais histórias sobre nós dois. As frases marcadas não são mais pra nós dois. É que nossos nomes não estão na mesma linha. Entre os dois, não há mais uma coordenada aditiva. Agora os bares esperam apenas por mim. E por alguém mais que, ocasionalmente, apareça.