Maria Medeiros.

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Carrego comigo marcas,
Sou feita de sorrisos amarelos e olhares baixos.
Trago da noite histórias de ser medo e ser sonho.
E quando o dia rompe a noite já não tenho lugar.
A minha clausura diurna, que se faz nos olhares cortantes
de senhores de bem.
O estigma daquelas que se fazem do romper das normas,
E sem espaço no ciclo morto, macho e cinza que constrói-se
sobre cadáveres em tonalidades múltiplas, se despersonificam!
Fadadas ao nada e ao não lugar.
Sou essas mulheres que não são...
Que não puderam ser.
Temos uma a outra, apenas por hoje.
E em cada uma a continuidade da força da outra.
E quando ela rasga os tratados, rompe ritos e derruba muralhas
em busca de oxigênio...
Respiramos juntas.
O meu folego é fruto de tua luta companheira!
Do nosso suspiro tênue, florescem possibilidades.
De nossos corpos marcados e entregues a margem, brota
esperança.
Como a flor de Drummond que rompe o asfalto.
E enquanto viva seremos contraposição a esse ciclo
que nos rouba as cores e os sonhos.

Inserida por grasypiton