Margarida Cunha
A ciência do olhar é extremamente complicada. A verdade é que não vemos tudo o que observamos. Por vezes, não somos capazes de ver algo que está mesmo à nossa frente, e, outras vezes, acabamos por ver o que não existe...
Quando olhamos na mesma direcção vimos coisas diferentes, porque não importa o que se ve, mas quem ve. E é isso que torna tudo tão maravilhoso.
Todos os problemas tem muitas perspectivas, tal como o mar(...) se observares o mar de uma longa distância , ele parece-te bastante calmo e, muitas vezes, acabas por não te aperceberes da sua presença, mesmo ele estando lá. Se te aproximas mais um pouco acabas por achar que estavas errada, porque na verdade ele é bastante violento e destruidor, e amedrontas-te. Se mergulhares nele acabarás por perceber tudo, porque verás tudo, estarás dentro de tudo, e descobrirás como é maravilhoso e também destruidor.
Deste modo, sempre que tenho um problema, sei que não lhe posso dar pouca importância e fazer com que passe despercebido, porque assim ele nunca desaparecerá; mas também não posso deixar que o medo me impeça de enfrentar esse problema; o que tenho que fazer é mergulhar dentro dele e acabarei por encontrar coisas maravilhosas que me ajudarão a resolvê-lo. Acredito que temos que mergulhar inteiramente em tudo, para que possamos realmente conhecer o seu conteúdo.
Por vezes dizemos o que sentimos apenas porque é mais fácil, apenas porque nos vamos sentir melhor. Queremos acreditar que o fazemos porque está correcto, mas só precisamos de nos sentir aliviados.
E temos perfeita consciência do quão egoístas somos quando vemos que destroçamos completamente alguém que nos ama, apenas porque precisavamos de nos sentir melhor!
Há pessoas muito importantes na nossa vida. Não nos lembramos bem como é que elas apareceram e, muitas vezes, nem sequer sabemos porque sairam, mas apesar de tudo é impossivel esquece-las e esquecer muitos momentos pelos quais passamos.
No entanto, em determinada altura precisamos de nos convencer que essas pessoas pertencem ao nosso passado e que não podem influenciar o nosso presente e muito menos condicionar o nosso futuro.
Esta é a teoria. Mas e a prática?É assim tão simples atirar as pessoas para trás das costas? Não, a pratica é bem mais complexa. Afinal como fazer para que uma pessoa importante para nós não influencie a nossa vida? Como lembrar alguem, sem o procurar em todas as pessoas que conhecemos? Como seguir em frente quando acreditamos que deixamos a felicidade para trás?
Podemos mesmo resumir todas aquelas pessoas que marcaram a nossa vida a simples recordações?
Todos nós temos momentos na vida em que simplesmente paramos. Deixamos de querer saber se estamos aqui por acaso ou não, deixamos de lutar pelos nossos sonhos e de correr atrás da felicidade.
Nesses momentos não nos importa saber quem somos, donde viemos, nem para onde vamos!
Por uns instantes paramos e deixamos de nutrir qualquer pensamento e sentimento, limitamo-nos a comer, dormir, tomar banho e fazer zapping na televisão.
Eventualmente, mesmo as coisas que mais gostamos deixam de ter a capacidade de nos excitar e até aquelas que não suportamos, nos passam ao lado.
Depois tudo volta ao normal, tudo volta a ser como era, como se o tempo tivesse parado, para podermos descansar deste frenesim que é a vida!
Para uns são férias, para outros, aqueles que já se esqueceram o que é a vida, é rotina, e para alguns, é apenas uma paragem no caminho em direcção à felicidade!
Todos sonhamos. A maioria acordados! E verdade seja dita adoramos faze-lo! Mas fazemo-lo escondidos, com vergonha, como se fosse um crime fazê-lo.
Os sonhos são aquilo que melhor temos. São aquilo que mantem a nossa fé viva. Aquilo pelo qual lutamos todos os dias. São aquilo que somos e aquilo que queremos ser.
E devemos lutar por eles toda a nossa vida, mesmo que isso signifique ter a toda a sociedade contra nós. Porque é verdade que a sociedade não perdoa aqueles que sonham, mas também é verdade que não o faz, porque os inveja de todo o coração!