Márcia Signor Rodrigues
Foi na mais tenra idade que uma parede diante do olhar despertou o desejo de voar...
Voar no pensamento, nas ideias, nas ousadias sem importar com os banquinhos em frente a tantas paredes, com portas fechadas... com silêncios.
Nem sempre foi para pensar. Muitas vezes foi para articular um plano de guerra...ou para analisar uma joaninha que subia pela parede... ou uma pequena aranha que rodopiava com suas várias perninhas.
O canto até fez pensar mas, nem sempre puniu a menina levada, (intenção da época). Canto do pensar... Penso logo existo... Existo logo penso... cogitou!
Eis que nasce Reneé D.- amiguinha imaginária de filósofo francês René Descartes (1596-1650), o maior expoente do chamado racionalismo clássico - movimento que deu ao mundo filósofos tão brilhantes como, Blaise Pascal, Francis Bacon, Hobbes, Isaac Newton, entre outros, adolesceu.
Descartes lançou as bases do pensamento que viria modificar toda a história da filosofia.... Através da dúvida metódica, chega à descoberta de sua própria existência enquanto substância pensante - num banquinho ou não - A palavra cogito (penso) deriva da expressão latina cogito ergo sum (penso logo existo) e remete à auto-evidência do sujeito pensante.
O cogito é a certeza que o sujeito pensante tem da sua existência enquanto tal.
Voltando à menina excêntrica Reneé D, levada mas doce, transformou seu pensamento em poesia, movida pela inspiração e a delicadeza das palavras, mesmo diante de um mundo, às vezes cruel, sempre com muito sentimento e sonoridade.
Hoje, na idade da flor - metáfora do desabrochar ela segue firme, Reneé D, madura , hora senta, hora arremessa, hora chuta o banquinho – na boa!
Água
Água que lava,
Água que leva...
Doce, alimenta a vida,
Salgada, alimenta a alma.
Sagrada,
Agua é mãe,
De todas as águas
De todas as vidas...
É o princípio,
É o meio,
É o fim.
É a cura.
PASSOU
Minha vida era só a boemia,
A alegria,
A academia.
De repente
um meteoro nos assombrou:
A pandemia!
Sem a rua,sem o sol,virei pura anemia,
Com medo da pneumonia,
Eu sofria!
E comia,
E bebia,
E dormia.
Mas, antes rezava com muita fé...
Para a vacina que surgia,
Trazendo o fim a essa agonia.
(Pseudônimo - Cinha Lodbrok )
Mulher
faz de tua vida um poema!
Contemple teu viver,
Apure a curiosidade nata.
Cale, silencie em ti,
Aguente e resista às imposições
de um tempo...
faça o seu tempo...
Dialogue com tua alma corajosa,
no canto do quarto,
na mesa do bar,
ou em frases soltas na parede.
Mas, aconteça,
te fortaleça.
Da dor ao amor,
amor próprio,
essência do Criador.
O bela criatura,
abrace no colo,
embale as palavras
até virarem
poesia.
Ardem os olhos
Aperta o peito
O ar falta
Imunidade zero
O canto é o refúgio
Isolamento
Profundo e dolorido...
Não, não é Covid
É "Semvid"
A energia pesada do mundo,
que achou um abrigo
Num colo sensível,
humano e
Não forjado a aço,
Sigo no bunker.
Mas, vai passar...