Marcelo Vico
Medo não das cortinas se fecharem.
Meu medo amigo,
neste palco que é a vida,
é depois de tanta luta,
tanto sacrifício,
eu não deixar uma herança,
e não ouvir da plateia o pedido de “bis.”
Decidiu não mais se sentir só.
Jogou ao vento as cinzas do passado,
Tirou o pó dos sentimentos mortos,
Tirou da bolsa a maquiagem em forma de sorrisos,
Alimentou-se de amor próprio,
Caminhou sem deixar de perceber belezas em volta,
Cabeça erguida,
Olhos atentos.
Resolveu não se deixar jogada,
Resolveu ser mais atenta a ela mesma,
Se criticou menos,
Se elogiou mais,
Descobriu que o q diziam,
Não era por obrigação o que ela deveria ser.
Caminhou, e, apesar das pedras,
Carregava não mais o peso dos outros,
Mas sim, a esperança ,
de um dia enfim,
poder voar
“Se quiser ficar..fique, mas deixe claro que é só isso.
Se for paixão, viva, mas não esqueça de deixar claro que é apenas isso.
Se quiser amar, ame, mas de uma jeito, que não seja preciso dizer.”
“E foram dos sonhos,
peneirados pela realidade,
que saíram minhas mais puras ,
cristalinas e duradouras esperanças.”
“E deitado,
No fundo o mar,
As ondas,
A inocência morta, sem saber porque,
Uma esperança,
Afogada, inundando o mundo,
Com a certeza da impotência,
Símbolo de toda maldade que pode sair do ser,
Que não deveria ser chamado, humano.”
“Se não pode aumentar o salário de um professor,
Diminua então seu serviço,
Eduque em casa teus filhos.
Não coloque nas costas de quem oferece conhecimento,
A tua falta de responsabilidade.”
“Não, não foi a decepção quem mais me doeu.
Foram sim, as desistências.
As desistências do que não teimam em viver,
As desistências dos que teimam e não se levantar,
As desistências dos que não aprendem ser.
Já desisti, e doeu, pois nem toda desistência me dá chances de voltar .
Já desisti, hoje, não mais.
Prefiro a decepção , se for pra desistir que seja o outro. Eu não.
Quero morrer com a paz ao meu lado, me dizendo que embora não deu,
valeu a pena insistir.”
“Espera,
Mas não pare.
Logo adiante,
Dobrando a esquina,
Tem o que te merece,
E você nem sabe ainda.”
“Quem sabe o fruto dessa solidão,
Que agora engole a seco,
Não seja a arvore que plantou,
No jardim da tua indiferença.”
“Mas se hoje,
Na tua juventude, prefere o” ter “que o “ser”,
É aconselhável que guarde teus bens,
Afinal, no futuro, na velhice,
Gastará muito, pra comprar quem irá te acompanhar.”