MarcelainePorteiro
Nessas noites acordo e me sinto como se tivesse sozinha e me volta uma sensação familiar. Sem chão, sem rostos conhecidos , apenas uma pequena menina em um lugar distante. Não conheço o travesseiro e nem os lençóis , mas terei que sobreviver!
E que as cortinas se abram! Se não é mais preciso um aceite...Senhoras e senhores lhes apresento eu. Não simplesmente, nem humildemente, à sorrir , a cantar.
Deveras eu delinquente?
Então me liberem das lentes rígidas da normalidade, aceitem o meu desfoque, desorganizado pois não sendo perfeita é quando me sinto mais "gente"!
Cansado de frieza recebeu o abraço da imensidão!
Por tantas noites mal dormidas, com fome, pavor, frio e na solidão.
Uma noite chuvosa entre tantas outras, mas essa continha um desespero voraz que lhe tomava a alma e o coração.
Na angústia e tentativa de fugir de seus pensamentos e sentidos, elege a bebida como companheira, irmã, amiga de todas as horas.
Deitou-se ao vento num sofrimento profundo em seu último leito embriagado de mundo.
A calçada fria e molhada tomou seu corpo frio e anestesiado pelo vício, esse mesmo vício que também lhe aquecia a carne mas não o livrou da solidão.
Apiedando-se desse grande e agora pequeno homem, recolheu seu sofrimento na imensidão.
Pela manhã seu corpo gélido e molhado pouco sendo notado pela multidão, sem comoção.
As vezes olhares curiosos ou até de inquisição, mas logo seguiam seu caminho e não sofriam.
Foi nesse momento que um pensamento sombrio e recorrente invadiu a minha mente.
Quando foi que deixamos de nos olhar a todos humanamente?
A Arte de viver dá-se, mesmo quando o sofrimento nos impede de ver , as suas infinitas possibilidades!