Marçal Pereira
Manhã menina
Entre lindas colinas,
Verdes campinas,
Águas cristalinas.
Manhã menina!
O sol com seus raios
Entre gotas de orvalho
Como crianças a brincar,
Avisa aos pássaros;
Sabiás, sanhaços.
Novo dia a chegar!
O galo cantando,
A luz pela vidraça entrando,
Consigo traz o cheiro do pomar.
Aroma que agrada
E como mãos de fada
Vem a alma afagar.
Da cozinha o cheiro do café.
Tudo são cores, sabores, amores,
Canções, emoções.
Como a manhã que passar não quer.
Ah manhã menina!
Menina faceira
Chega e me beija
Minh'alma fascina,
Faz-me sonhar.
Decepção
Doidos devaneios.
Anseios, pesadelos.
Tensão, pressão,
Explosão, dispersão...
Sono já não existe!
Sonhar não se permite.
Viver parece um pesadelo;
Sem fim!
Na angustia e no medo
As verdades, os segredos,
Como a mais afiada
Das navalhas, parecem cortar.
Um frio glacial toca o coração...
Faz com que toda a esperança se congele.
Erupções de um tímido vulcão
Ensaiam, em vão, nova reação.
No delírio da imaginação
Possível solução?
O beijo
O sonho
A sorte.
A vida
O tom
O mote.
O rumo
A reta
O remo.
Por onde ficaram?
Onde se perderam?
Ingrato destino!
Por que impuseste
Tão duras escolhas?
Tornaste tão amargo
Criatura outrora sonhadora?