Mara Dalila Ribeiro
Chamar beijo de truque é pouco. Digo que é a jogada de mestre. Com ele, tu inicias o jogo, te mantém no páreo e ainda abre precedente para um xeque-mate.
Quero esgotar todas as possibilidades de sentir saudade tua. E pra isso só existem duas maneiras. Esquecer é uma das opções.
Ao encarar- te depois de um longo tempo, perguntei- me onde estavam todas aquelas qualidades que dantes admirava. E uma súbita resposta me invadiu. Não as possui, meus olhos é que te incumbiram de carregá las.
Chamamos isso de expectativa.
Há uma lógica na mentira. O mentiroso se defende. Quem acredita se entrega.
Quem mente se blinda, quem acredita se enfraquece.
Haverá um outro como você? Não saberia responder.
A única certeza é que nunca mais terão o mesmo de mim.
Sensação horrível, essa da aproximação.
Quem se afasta, se esquiva.
Quem se aproxima, busca.
Prefiro o afastamento.
O orgulho fecha portas.
A coragem pula janelas.
A experiência senta no sofá.
Mas só o amor faz café.
A entrega com o oferecimento do melhor,
e o aprofundamento dos excessos, é conhecer a própria potência.
Há uma fúria em mim. Algo que me move, liberta e aprisiona. Livre pelo querer e aprisionada por não poder.
Considero um dos maiores referenciais de tolice humana a separação por orgulho entre duas pessoas que se amam.
Vi gente tomar café para esfriar a mente e vinho para esquentar o coração. Estava olhando no espelho.
Nunca foi sobre fome, mas sobre paladar.
Um refino sutil, um gosto peculiar.
Um inexplicável e súbito desejo pelo que meus olhos conseguiram naquele dia improvável, capturar.
Digo-te que não há linguagem mais fluente que o toque entre duas almas apaixonadas.
Fala -se tudo sem usar palavras.