Manuela Marques de Souza
Esperança vem de espera, e espera não sei de onde vem, mas deve estar bem perto de impotência total, das mãos atadas, do ter que assistir a cena de camarote e segurar o estômago entre os maxilares.
Um erro medroso e perigoso essa coisa de seguir as convicções mundanas. O mesmo que fez, por exemplo, a huminadade crer que a Terra fosse plana, para após ter plena certeza de que fosse quadrada.
Talvez tenhamos todas as possibilidades dentro de nós mesmos. Talvez nos caiba o intransponível encargo de descobri-las.
Meu coração anda aprendendo sobre reciclagem e desenvolvimento sustentável, mas continua com déficit de atenção.
Perdeu a conta de quanto, de como, de quais. Não quis saber os meios ou fins. Estava já por demais cansado dos fins. Lutou com afinco, mas desistiu. Não soube explicar, cessou, morreu. Chegara à exaustão da espera pelo que não vem, pelo que não é, não há, nem jamais será, seria ou foi. Havia se deixado levar, no entanto, sabia que deixou e levou também. Pensou para garantir, mas desta vez se permitiu sentir antes. Nem mais uma palavra, nem um dia, nem mais uma gota, nada.
Sigo tentando me convencer que o não teve inicio nem fim simplesmente não existiu, e sou tão quase boa na argumentação quanto na arte da negação.