manoel serrão
O DESDÁ-O-NÓ
Qu’inda à escave.
Qu’inda à esterque.
A vida, mais que tudo:
É sempre O ater-se,
E nunca O atar-se.
CALI [FILO] GRAMA
Cali grama.
Cali etimo fragma.
Cali nu xeno anêmico.
Cali etno noso a fago.
Cali trama.
Cali da claquer o cálix.
Cali cine o logo da hoste.
Cali éter o anemo da gag.
Xeno sofo.
Xeno eco o cosmo.
Xeno oniro.
Xeno o filo Teo de andro e gino.
Xilo sema.
Xilo o gene e geo.
Xilo o xisto.
Xilo iso a fos e a tanas... Cali grama!
O miso radical-grego que maceta os ossos.
O caco carcinoma na testa do mito CEO [Chief Executive Officer].
Homens apenas? Apenas homens!
Não o ícone necro objeto do ofício!
"Há um mundo lá fora... vidas... Bocas de comer com os olhos..."
ÁGUAS DE A-PRUS
Sou água...
Águas de Aprus.
Águas de regar vidas.
Rios de curar sonhos.
Sou água...
Águas de aprus.
Águas de cortar aço.
Rios de perdoar tudo.
SINESTESIA
Lembrai-vos, ó jovens das maçãs rosadas de hoje.
Mas lembrai-vos de vós mesmos ali anos adiante.
A vida para ser bela a poesia? Só tocada radiante!
BABY NANOS
Meias que não cheiram,
Androides que não mamam.
Calças que não molham,
Veias que não sangram.
Goste-se ou não,
É de se crer sem ver
O que dá para sentir infectas de Nanos.
Ó baby insectos? Blade runners!!
CRIATURA
Vida que te habita vida que te anuncia.
Vida que te cria vida que te queria.
Vida que te seria vida que te desabrocharia
Vida que te amou vida que te abraçou.
Vida que te beijou vida que te sonhou.
Vida que te arde sem a Arte morte que te atura criatura.
LOBSHOMEM
À hora...
À hora no plenilúnio em desoras,
Quando choro e fico às sós?
Sou quão os homens: amo os cães!
A SAL & O CAL
A safra do sal em grãos, enfesta a lavra, e encharca o chão.
Safa-se em sacas o Amo, faz do silo farto um cio,
E do latifúndio são, tê-lo em Gaia um Céu à mão.
A “safra” da cal o poá, a cruz, o caos do estiado, a escuridão.
Cede o servo O Ser-Adão, faze-o sem-terra, a servil Eva na precisão,
E quão na fé a dê lírica ilusão d' Asa Branca parecê-lo um "avião".
O Ser a morte antes que a morte [anunciação] o destino leve-o por sorte,
Chora o lamento, agoniza na dor, o martírio: ó à agoniação.
E o pio “paga” a novena em vão, roga, troca a fé pela unção.
Mas a gleba cava que não lhe augura o pão? Acaba sem-grão!
Ao passo, que o fero, infenso rude e cego Cabra da peste,
Em dilatada ira, sem “opor-se ao pão”, cede à boca do cano,
Gira, mira, nega o feito, e quão no peito aponta...
Ó acode o Amo-Patrão.
Mas a conta? O dedo acaba no Cão.