Maiara Aline Belle

Hoje é o Dia De Expressar!
Eu quero que meus pensamentos não se percam no tempo, que eles sejam reconhecidos e lembrados. Eu desejo saber expressar todos meus sentimentos. Que antes de chegar o dia glorioso da morte eu possa deixar um recado para todos meus amados.
São tantas experiências que gostaria de compartilhar, principalmente as atuais, e nessa vida ainda não encontrei alguém que soubesse me escutar, sem que me julgue e condene, mas, aprendi que estar sozinho é uma opção, pois a minha voz pode ir mais longe do que o som, minha voz está nas minhas mãos. Aqui escrevo um grito, um lamento, uma lagrima, um sorriso, uma sensação inexplicável, sem precisar de aprovação ou de opinião.
Tenho vinte anos, pouca maturidade e muita atitude, sei reconhecer meus erros, só não sei concerta-los, ainda! Vejo nesses dias o tanto de oportunidades perdidas, que, eu poderia ter outra vida, que, se eu tivesse me esforçado um pouquinho mais e não ter desistido tão cedo, talvez eu teria mais orgulho de minha história. Mas, pra que mais uma história gloriosa¿
Minha vida passada não pode ser mudada, e meu futuro vai depender das minhas escolhas, eu tenho que fazer certo, que seja agora. Detesto me comparar com outros, pois nunca sou o bastante para ser comparada, e o pior que isso não é injusto, culpa minha e sem o direito de reclamar. Fui me comparar com várias pessoas que dizem amar e que fazem de tudo pelo amor, e tive dúvida se sinto isso também. Então parei por aí!
Vontade de mudar eu tenho, muito, mas quanto a isso, as vezes acabo saindo fora da minha realidade, e quando percebo, estou atolada em apenas sonhos...
Definida uma confusão, e com uma vontade enorme de ir pra outra dimensão. Me sinto presa, quero correr para algum lugar que eu pudesse inventar. Nada está tão bom quanto a minha imaginação, e o que fazer quanto isso¿ talvez um livro!
Qualidades talvez eu tenha de se admirar, e também de se enlouquecer. Sou uma mistura de empolgação, coragem, teimosia, desapego, burradas e espertezas...
Sempre quando começo escrever, falo mais de mim do que de qualquer coisa, e dessa forma faço isso pra ter maior compreensão dos fatos, dos outros e de mim mesma. Como se pra entender o resto do mundo fosse necessário apenas saber o que sou, porque sou!
E sobre o que disse no início a respeito da morte, realmente me parece o melhor momento da vida, que vem sem aviso e sem volta, dizendo que acabaram as oportunidades, que a vez acabou. E de pensar que o fim está perto, que pertence a mim, eu sinto medo, medo do esquecimento, sinto coragem, coragem de fazer, dizer, sentir, ter experiências agora, tudo, tudo agora!
Quero viver muito, pois de tudo que já vi, vivi, não foram o suficiente, sempre quero mais, principalmente saber, quero todas as virtudes, quero a plenitude, quero ter a capacidade de com muito ter humildade!

De Peixes
Mora na superfície, e nada na profundeza
É Inconstante, de difícil localização
Está intensamente afastado
Seu lugar, é a contradição.
Querido peixe, tenha mais exatidão.

Reluz em seus olhos a obsessão,
Cuidado peixinho, a ansiedade devora!
Teimoso, não me ouve, abocanha mais uma isca
Sorte que você ainda é pequeno!
E teve a chance de escapar.

Mas, peixinho você está crescendo
E o mar não é só diversão.
Tenha mais cuidado, você não é tubarão.
Peixe fui nadar,
Te cuida!

Um Lugar
De pés sujos, despenteada, roupa rasgada.
Foi assim minha infância, privilegiada!
Subia em árvore, ajuntava lindas pedrinhas,
Pedalava minha bike, brincava de casinha,
Modelava argila, nadava na represa, corria na chuva,
Fazia trilha, me enroscava em arame farpado!
Tinha pato, vaca, cachorro, galinha,
Porco, gato, coelho é o que mais tinha!
Cutucava o toro, e corria,
E ficava horas trancada na estrebaria,
No chiqueiro quase nem ia,
No galinheiro minha mãe me encontrava!
Era uma aventura ir a 20 km em cima do trator com meu pai,
E mais divertido ainda andar em meio a roça!
Cinco da manhã o relógio despertava
No escuro, na chuva, no frio. Não importava!
Pra estudar já devia pegar a estrada.
Chegava final de semana eu já sabia,
No sábado panquecas, no domingo churrasco,
Toda a família se reunia.
Vó, vô, tios e tias...
“Cristiane, Renan, Tainara, Jaqueline e Maiara”
Nós cinco brincava de casinha, e as vezes se desentendia!
Quando aparecia Willian e Vinicius, eu me surpreendia,
Eram meus outros primos que quase não via!
Pegamos sapos e besouros;
Durante as noites, corríamos atrás de pisca-pisca.
Lembro muito dos meus aniversários,
Comemorei sempre com minha mana,
Tinha bolo, doces, salgados, refrigerantes
Balão, presentes, amiguinhos e muita gente velha!
Minha irmã e companheira de tudo me protegia,
Eu, em agradecimento a agredia...
Mas ela sempre foi minha melhor companhia!
De minha mãe e meu pai, eu não entendia,
E disso eu não sofria.
Às vezes eu me escondia e eles se desesperavam!
Sempre havia um lugar onde eu me encaixava,
Pra brincar, pra chorar e sonhar.
Um cantinho só meu.
Mas enfim, eu era feliz...
Do meu jeitinho, e mais nada.
Pois não foi só o lugar, foi minha infância.

Isso não é defensiva, não estou me diminuindo, pode ser considerado um ataque, mas é apenas uma colocação. Falhei diversas vezes, e é somente isso o que vocês sabem de mim, (de cada falha somente eu sei o que ganhei e o que perdi), me chamem de coitada se quiserem, que até lhes direis que tens razão, suas razões, pois não tenho animo pra me explicar ou pedir explicação, nem entrar nos seus padrões, e lhes agradar. Aqui em mim, não tem nós, somente um que me governa, “digo”, tenho minha filosofia, um Deus diferente do seu, pensamentos próprios, razão de viver, uma forma de amar e perdoar, jeito de lidar com as situações, uma consciência que me julga, condena ou me inocenta. Tenho o direito de ser assim, tenho motivos, objetivos com isso, e sei onde vou chegar, parecendo bom ou ruim pra mim, são minhas escolhas, minha vida e posso mudar. Vocês jamais me provarão que são melhores que eu, mesmo querendo mostrar o quanto suas escolhas são mais fáceis, vocês tem seus conceitos e eu os meus! Estou muito bem, obrigado, mesmo que pra vocês pareça errado. Tem que não goste e nem intenda, também vejo assim, mas palpitar não é comigo, então pelo menos respeite-me! Se eu não me cuidar eu morro, então, seus cuidados não me interessa. Não estou prejudicando ninguém, não quero fazer isso a também, vou cuidar de mim. E quando eu acertar somente eu vou saber.

Meu Divórcio
Devia ter uns oito anos quando minha vida se transformou, era uma novidade sair do interior pra morar na cidade. Antes disso eu era apenas uma criança com várias certezas da vida, nada era melhor que tudo o que eu já sabia. Até que surgiram outras alternativas, que, logo me causaram curiosidades, dúvidas, e novos desejos. Além disso tinha meus sentimentos, confusos e divididos, entre o novo e o velho, ninguém me dizia o que acontecia, e o porquê, se eu deveria continuar sendo criança ou começar a crescer, e como fazer.
Então resolvi ser adulta, ninguém me impediu, e aos poucos fui aprendendo que, o que os olhos não veem o coração não sente, que a vida segue em frente, e que a vida tem pressa, que é preciso ter consciência, responsabilidade. Errei muito para aprender, eu não tinha ainda toda consciência e responsabilidade, mas agia como tal, com pressa de viver, vontade de ver e sentir tudo.
E o maior erro é ter me divorciado da minha infância, deixei com ela a capacidade de se importar com o que é importante, para agora me importar apenas comigo, com ela ficou a humanidade, o prazer com o suficiente, humildade, entre outras características tão admiráveis em alguém que consegue ter na fase adulta!