Magalhães Souza
Nem ventrículos, nem átrios e muito menos as camadas cardíacas podem impedir um coração de cultivar amor, e essa situação a fisiologia não consegue explicar.
Fazia três anos que eu não o via, lembro-me daquele dia chuvoso que embora ele foi, eram quatro horas da tarde as flores exalavam seus perfumes pelo ar, existia um pé de laranja que rodeava nossa casa, todos os dias pela manhã aquele lindo pássaro vinha e nós abençoava com o seu canto, éramos felizes , eu ainda me recordo seu toque em meu rosto, ele foi sem olhar para trás, e a cada vez que ele se distanciava, meu coração ia quebrando aos poucos, tentei gritar mas me faltou a voz pois só a tristeza me sobrou, e toda data que remete aquele dia chove.
E se um dia se lembrar do meu nome, olhe para o céu e veja quantas estrelas que mesmo distante, te ilumina toda a noite.
Um dia a cortina do mundo se fechará, e junto com ela a ganância dos homens por poder cederá para todo o sempre, um dia a armas não terão mais efeitos e aqueles que já choraram por causa das armas nunca mais verão, Aqueles que morreram em nome da guerra um dia se arrependerá de tudo, um dia tudo vai ser diferente, as medalhas não serão mais pontos de honras, Um dia as mentiras sumirão e a verdade triunfará para sempre, Um dia os presidentes sentirão o gosto do mais amargo féu pelas mortes de pessoas inocentes, E enquanto no fundo do coração palpitar uma alma e em direção ao oriente o olhar voltar-se a Sião, A nossa esperança ainda não estará perdida a esperança de dois mil anos, De ser um povo livre em nossa terra, Um dia o mundo todo dará uma ordem de cessar fogo e dirá ´´ A cada minuto de guerra só servirá para prolongar o sofrimento da humanidade. Um dia veremos o sangue retornar para as crianças, Um dia a ganância morrerá e junto com elas todos pagarão o alto preço da vida, Um dia todos os ditadores sentirão à dor de dois mil anos, Há dois lobos que brigam pelo coração do homem u m deles é o amor e o outro o ódio, qual vence ? Quantas pessoas ainda terão que morrer em nome da liberdade?.As mentiras um dia desaparecerão e a luz iluminará a escuridão e então acima delas a verdade triunfará para sempre, Será o momento em que estaremos a cima de tudo, puros e imaculados.
Lembra quando fomos casados debaixo de cerejeiras?
Sob aquelas flores nós fizemos nossos votos de amor
Naquele momento o vento trouxe as flores
Que navegaram através das ruas e dos parques
Naquele quarto escuro e frio de hotel deitamos
As 06:00 hs os rádios do sol da manhã percorreu sobre nosso lençol
E fomos acordados pelo pássaro que cantava coisas líricas
Tudo era lindo e todos eram ao nosso favor
Mas certa noite a lua caiu sobre nós
O frio da madrugada percorreu nosso lençol
E todo amor que existia se foi junto com a brisa
E o pássaro branco deu lugar ao corvo velho
E a madrugada assobiava em seu lugar...
Hoje, eu escrevo essa carta que não irá falar de amor, dessa vez não será alegria, sabe, já fui feliz em alguma parte da minha vida, não sei se ontem, ou anteontem, mas já fui feliz, já senti o cheiro das flores, já me banhei na chuva, já beijei a boca de alguém que amei, já deitei em seus braços, já saímos pela madrugada só nós dois, já sonhei um futuro, já amei alguém, já acreditei na humanidade, já ajudei alguém, já aliviei a dor de uma pessoa, já dormi cedo e acordei sorrindo, já aguardei mensagem de alguém que sempre amei, já fui amado, já fui respondido rápido, já fui tratado como rei, já te tive ao meu lado, já sonhei com o nosso futuro, já imaginei um casamento com você, já planejei nossas viagens, já te vi no futuro bem grudadinho a mim, já senti seu perfume, já fui feliz, não te vejo mais, não te beijo mais, não sinto seu perfume mais, não te namoro mais, não te tenho, não vivo mais, não tenho mais coração, pois hoje eu MORRI.
Hoje me cansei das sirenes, vou fechar o meu armário pela última vez
Velhas fotografias fixadas na porta, cenas que eu escrevi uma longa história
Por aqui eu deixei a minha juventude, e tentei com amor dar o melhor de mim
Ser bombeiro é algo incrível e o fio da navalha, entre a vida e a morte
Nas cortinas de fogo, eu nunca fui herói e nas águas bravias do mar, eu também senti medo
Mas vi no olhar, do sorriso daquele, que eu pude tirar das mãos do perigo
Não fui herói, nem salvei meus irmãos, só fui instrumento um anjo de Deus
Estou indo pra casa, a vida continua e sempre haverá um toque de emergência
Aos meninos que chegam e aos bombeiros que vão
Que fique pra sempre, o amor a missão, de olhar se inteiro ao serviço do bem, seja ele qual for sem olhar a quem
Seja rico ou pobre, raça ou religião quando sem esperança estender suas mãos
Mas eu vi no olhar, no sorriso daqueles, que eu pude tirar das mãos do perigo
Não fui herói, nem salvei os meus irmãos, só fui instrumento um anjo de Deus
Eu me curei sozinho!!
Foi em uma madrugada de inverno que eu me curei
Estava em meu quarto olhando as ruas frias refletindo a luz em poças de água que pairava sobre o solo, ao fundo uma vitrola que ganhara de uma amiga entoava Can´t Help Falling In Love,
Sem anestesia eu me operei, pois o amor que eu buscava, em meu encontro não veio
Eu me curei sozinho, pois o que eu aspirava era como uma rodovia de mão dupla, mas que na minha ocasião apenas um sentindo apresentava fluxo
Em meu rosto, as olheiras marcavam um ser que muito ferido foi
Demorei, andei por muitos quilômetros, mas foi aqui, nesse frio e escuro quarto de um hotel de estrada, que eu me curei, eu me curei sozinho, sozinho.