Lyster da Cruz
Para perdermos as pessoas que amamos nao implica necessáriamente que elas morram, basta que as matemos
QUEM SABERÁ
O destino do homem
Se dignidade terá e bom nome
Se passará fome
Errante pelas ruas
Ao relento
Sem saber por onde dorme
Quem saberá
O que vai no coração do homem
Que fala de paz
Mas o ódio o consome
Desfilam sorrisos lindos nos lábios
E por inveja quase que não dorme
Quem saberá
O QUE SERÁ DE MIM
Se do meu rosto
Lágrimas não caírem
Consumindo do meu coração
Todo o meu desgosto
Lapidando mágoas
Transformando – as em águas mansas
Que do mal todo bem alcança
Sarrando feridas do coração
Abertas pela lança
Da falta de amor e desconfiança
Varrendo da memória tristes lembranças
O que será de mim
Se de medo
Meu coração rejeitar mudanças
E de dor fechar-se em promessas de amor
E falsas esperanças
Neste universo repleto de cobranças
Onde os homens
Em mentiras celebram alianças
O que será de mim
EU CHORO
Meigos sorrisos
De amores postiços
Olhares fingidos
De quem diz ser meu amigo
De olhos nos olhos
E amores de molho
Entre mil, um escolho
Amor para toda vida
Só a Deus imploro
EU VOU FALAR DE AMOR
Eu vou falar de amor
Nesta terra onde só há dor
E o mal germina como flor
Terra adubada com rancor
Propícia ao cultivo da inveja
E ciúme sem pavor
Lugar onde o bem morre
E o mal cresce com vigor
Eu vou levar aos corações o amor
E do rosto dos homens
Vou secar as lágrimas de dor
PINTAI
Com cores alegres
O mundo pintai
O tudo
O nada
O bem que não se apaga
A vaidade que o homem engana
Pintai os sorrisos de festas
Os dias de lamentações pintai
A beleza
A grandeza
A realeza
O orgulho que o homem despresa
As paixões que nos tira a nobreza
Pintai a vida
Pintai a morte
Com cores de boa sorte
Que aos homens dê alento
E os conforte
Nos dias sem contentamento
Pintai a ilusão
O INEVITAVEL
O belo das árvores agitadas pelo vento
A aura da manhã calma
Tocando a harpa da alma
Cintilando corações em orações
Libertando aromas de emoções
Onde tudo parece paz
Sem lamentações
O inevitável acontece no tempo
Em que o mundo inteiro se esquece
E tudo bem parece
O canto dos pássaros em festa
A natureza tirando a cesta
Entre sorrisos e abraços
Tudo presta
Agitadas ondas do mar
Os homens com pressa para amar
Sem caminhos por onde andar
Em noites contemplando o luar
Com receios de tropeçar
O inevitável acontece no tempo
Em que o mundo inteiro se esquece
E tudo bem parece
E O VENTO LEVOU
Os homens que a terra criou
A verdade
Que o amor na criação plantou
E o vento levou
A felicidade
Que a vida em cada homem um dia deixou
Entre os homens a amizade que existiu
Hoje acabou
E o vento levou
A alegria de viver em harmonia
A razão para encontrar no próximo
Uma verdadeira família
E o vento levou
O sorriso
De quem aprendeu a sorrir um dia
A esperança de quem prometeu amar sem medida
E o vento levou
A inocência das nossas criancinhas
Deixando sem atitude
Os sonhos perdidos da juventude
E o vento levou
A vida
O ROSTO DA POESIA
O gosto
A face da letra
Palavras que na mente penetram
E no corpo da alma
Revelam desejos
Moldando corações
Em inesquecíveis intenções
Amor escrito em cancões
Citadas em orações
Repletas de verdades
No rosto da poesia
No gosto da palavra
Na letra do verso
Onde se plasma
O coração do universo
A terra e o berço do silêncio
Onde converso
Rezando a Deus o terço
EU NÃO LEVO NADA
Da vida que vivo
Do mundo que sigo
Das coisas que vejo
E dos bens em que me apego
Eu não levo nada
Do orgulho que me cega
Da grandeza que me eleva
Do dinheiro que sofro
E do pão que como
Eu não levo nada
Da beleza jovem do corpo que carrego
E dos amores e paixões
Da vida em que me entrego
Eu não levo nada
Tudo morre no pó de terra que me cobre
MÃE QUERIDA
Mãe querida
Remédio das minhas feridas
És bela, como
Pintura na tela
Mãe de muitas esperas
Sei que em teus braços
Beijos e abraços me esperam
Mulher de ternura minha
Amor sem aventuras
Desde menino
Meu desprazer aturas
Entre dores e tantas torturas
Contemplo o teu sorrir
Repleto de amarguras
Nas noites inseguras
Quando em silêncio
Minhas mãos seguras
NA PALMA DA MÃO
Na palma da mão
Quero encher a terra inteira de amor
Banha-la em perfumes de uma flor
Quero fazer raiar o tempo
Bater o vento
Vou levar aos homens afetos
Sorrisos intensos sem fingimentos
Nem lamentos
Na palma da mão
Quero levar ao universo
Um sorriso aberto
Aos corações descrentes
Esperança e alento
Ao crente fé ardente para seguirem enfrente
Na palma da mão
Quero escrever ao universo um verso
Letras palavras de apreço
Lembrar-vos que a vida não tem preço
Aos homens um terço
Ave-Marias
Por vós a Deus ofereço
TUDO É POESIA
O sorrir o chorar a dor de amar
A chuva o sol o vento que vem do mar
O homem que desperta para trabalhar a terra
Que aprendeu a amar
Para comer o pão no suor de cada manhã
Tudo é poesia
Tudo inspira-nos magia
O simples transpirar o ar do respirar
A magia do olhar andar e falar
Tudo é poesia que a cada dia
Faz da vida uma inspiração Divina
Que tudo domina orienta e ilumina
Se Deus é poeta
O mundo é uma poesia
Uma melodia cantada e vivida
Amada e querida
Num amor Divino para toda vida
VENTOS DE MADRUGADA
Virão ventos de madrugada
Em sombras escuras
De cacimbos mal amanhecidos
Esfriando os descalços pés da mulembeira
No relento ressonar do fim da noite
Virão ventos assanhados e famintos
Que roubarão da terra
A semente deste cultivo de pobre
Virão ventos
Ventos como gentes
Que comerão a terra e a sua gente
Virão ventos
Que ventos, virão gentes
LAVRA A TERRA
Lava a terra
Lavra
Lavra a terra com palavras de paz
Mostrando ao mundo como se faz
Como o homem que deseja o bem
Cria a paz
Lavra a terra
Lavra
Lavra a terra da consciência negra que nos espera
Semeando o bem que não produz a guerra
Neste campo fértil da nossa terra
Lavra a terra
Lavra
Lavra a terra com olhares de amor
Com sorrisos nos lábios plantando uma flor
Vamos mostrar ao mundo
O rosto novo de uma Angola melhor
ANGOLA DE TODOS
Vamos fazer de Angola terra de aurora
Angola consciente inteligente
Construindo um mundo decente
Onde o homem é da terra semente
Vamos criar Angola
Como um filho pô-lo na escola
Vamos educa-lo para ser homem de honra
Vamos plantar Angola
Em cada semente lançada a terra
Agora sem guerra
Plantar na mente plantar no coração
Vamos ensinar Angola a ser gente
Vamos construir Angola com mãos fortes
Trabalhando a nossa própria sorte
Arregaçar as mangas é preciso
Para construirmos uma Angola melhor
Uma Angola de todos
A COR DO AMOR
O amor tem a cor do sorriso
Da verdade sem prejuízo
É grito de festa o tirar da cesta
O amor é tudo que presta
O amor tem a cor da alegria
Dos corações que vivem em harmonia
Leva paz como mania
As almas em festa melodias
O amor é da cor do homem
Sem sabor nem nome
É Fogo ardente que tudo consome
O pão vivo de quem passa fome
O amor tem a cor da humildade
Dos corações repletos de simplicidade
É vigor e força nas dificuldades
Das almas simples o amor é a verdade
O amor é tem a cor da vida
Do sorriso de paz em tempos da sida
Concedendo alegria em meio a ferida
O amor é a força das almas caídas
CONVERTA SENHOR
Converta Senhor
Converta
A minha dor em alegria
A desavença interior em harmonia,
Converta Senhor
Converta o meu coração em melodia
Um canto de amor sem fantasias
Amor resplandecente como a luz do dia
Converta Senhor
Converta as minhas palavras em sabedoria
O meu saber em poesias
Que levam a paz levam a alegria As almas frias
Transbordantes de dores e agonias
Nas noites sombrias e vazias.