Luciano Rodrigues Marcelino
“Havia um homem
que aprendeu a matar dragões e deu tudo que possuía
para se aperfeiçoar na arte.
Depois de três anos,
ele se achava perfeitamente preparado, mas,
que frustração, não encontrou
oportunidades de praticar sua habilidade.”
Dschuang Dsi
“Resolveu, então,
ensinar a matar dragões.”
René Thom
“Muitos aprenderam a matar dragões, mas
já não havia mais dragões a matar.”
Luciano Rodrigues Marcelino
“Que tamanho tem o universo?
O universo tem o tamanho do seu mundo.
Que tamanho tem o meu mundo?
Tem o tamanho dos seus sonhos.”
Augusto Cury
“Que tamanho tem seus sonhos?
Os meus sonhos são do tamanho do universo!”
Luciano Rodrigues Marcelino
É inadmissível reitores e universidades que se limitam a enxergar apenas o estudante, incapaz de perceber o ser humano em evolução, carente de civilidade.
Deveríamos então comemorar, porque gradativamente chegamos aos 40 mil alunos, ou lamentar por não ter dado um salto de mais de 80 mil estudantes, seguindo o ritmo de crescimento da concorrência? Quando a base alunada baixa é que se percebe quão desnuda está a gestão institucional.
Estamos programados para aprender ao longo da vida, até que encontremos
um sistema perverso de educação que nos convença de que nada podemos com um atrofiado projeto acadêmico, fora de seu tempo, impertinente, excludente e que nos saqueie o direito a um bem público e social.
Além de aportar o desenvolvimento sustentável de projetos de vida em prol da humanização da civilização, uma universidade deve, prioritariamente, se preocupar com seu próprio projeto de fazer educação superior para gerar responsabilidade e compromisso superior.
Cada vez que se manifesta em defesa da gestão vigente em detrimento das anteriores, acentua-se publicamente o egoísmo inerente, seja pela propagação do isolamento, o culto à vaidade e o hasteamento da bandeira da exclusão, que apenas segrega e nunca integra, que não abraça os desiguais, protegendo-se na uniformidade, mas que também fragmenta, nutre de desafetos e corrói a gestão.
A comunidade acadêmica não deve sentir-se cômoda na mediocridade,
mas sim protagonista do progresso da coletividade.
Buscar sair de profundas crises organizacionais, deixando de priorizar a formação de lideranças que estabeleçam rumos e propósitos, implementar métodos disruptivos de coalizão e desenvolver continuamente novas competências para câmbios estruturais para navegar em um oceano azul, é como tentar se salvar de um afogamento puxando-se pelo próprio cabelo!
Ao reduzir o homem a profissional, acabará por formá-lo peça, talvez até eficiente, capaz e competitiva, de servir aos sistemas, escravizando-os. É necessário que a universidade sobrepasse a concepção de homus economicus e projete o homus íntegro e integral.
A mudança é uma viagem, e não uma lista de tarefas a serem cumpridas.
Quando manifestamos preocupação ao perguntar se já chegamos ou quanto tempo ainda nos falta para chegar (ou para cumprir um mandato reitoral), sinaliza-se que algo não está bem!
Por que razão as humanidades, por que razão a ciência, a arte, a literatura não nos deram nenhuma proteção diante do desumano?
Por que razão podemos tocar Schubert à noite e cumprir o dever, no dia seguinte, matando nos campos de concentração? Nem as grandes obras, nem a música nem a arte impediram a barbárie total.
Como era possível tocar Debussy, escutando os gritos daqueles que passavam pelas cercas de Munique, a caminho dos campos de extermínio.
Por que a música não disse não? Por que as humanidades não nos humanizaram, por que as culturas não nos libertaram?
Francis George Steiner, professor, crítico e teórico da literatura e da
cultura.
Por que razão as universidades não nos educaram e não nos pacificaram? Onde estavam as universidades diante das duas guerras mundiais e frente às mais de duas centenas de guerras do século XIX e XX?
A universidade pertinente dialoga com o entorno para perguntar: como posso ser útil? Monólogos são refúgios quando não se tem nada para oferecer.
Em que medida os sistemas educacionais, os aportes dos egressos universitários e os modelos adotados de ensino superior latino-americanos estariam contribuindo para a redução da desigualdade econômica e social?
Muitos entram na universidade com a insígnia: entramos para aprender, saímos para triunfar e ganhar dinheiro. Desejaria que esta divisa se modificasse para: entramos para aprender, aspiramos a compartilhar e saímos para servir.
As Instituições de Ensino Superior deveriam ser mediadoras de valores, de concepção de sociedade, forjadoras de seres humanos conscientes de seu papel diante das dores alheias.
Quando toda a equipe vai na bola ao mesmo tempo, pode transmitir a falsa percepção de vontade, garra e determinação, mas, na verdade, evidencia desespero, amadorismo, limitação estratégica e visão fragmentada do contexto.
Que se decida ser mais do que ter mais, servir ao próximo a servir-se, e tolerar sempre que ficar esperando ser tolerado.
A essência da responsabilidade social é devolver à sociedade pessoas
melhores do que quando a contratamos.
A empresa não é mais a principal avenida do progresso na sociedade.
As oportunidades de carreira exigem, cada vez mais, um diploma universitário. O centro de gravidade passou para o trabalhador dotado de conhecimento. Porém nenhuma instituição de ensino nem mesmo a escola de administração, tenta equipar os estudantes com as qualificações elementares que os tornariam eficazes como membros de uma organização: a capacidade de apresentar ideias verbalmente e por escrito; a capacidade de trabalhar com outras pessoas; a capacidade para formular e dirigir seu próprio trabalho, sua contribuição e sua carreira. A pessoa educada deveria ser o novoarquétipo da sociedade […]
(DRUCKER, 1992, p. XVI)
O foco principal de uma IES deveria estar no êxito do aluno, sobretudo, para que se transforme em um cidadão civilizado, reformador de si mesmo.