Luciano Calazans
A FONTE DA JUVENTUDE
Estou ficando novo...
Ao contrário das convenções, cada ano que fazemos mais um ano, pelo menos em meu caso, é um motivo esplendoroso para celebrar a tão cobiçada “eterna juventude”.
Houve uma época sombria — ou de aprendizado? — em minha vida que chegar aos quarenta era praticamente uma utopia.
Sem entrar em porquês, o fato é que, após completar o glamouroso tempo de vida terrena, percebi que a cada ano que passa, fico mais novo e tenho mais vontade de viver.
A fonte da juventude existe, sim. Está ao alcance de todos e não é através das cirurgias plásticas, cremes para a pele ou musculação. Essas coisas são complementos – para uns necessários, para outros, não. Mas isso não vêm ao caso.
A real fonte da juventude está no verbo sonhar! Sonhar e acreditar nos sonhos ou simplesmente ter fé. Sonhar nos deixa felizes e vigorosos. Sonhar, mesmo que não realize os almejados sonhos, já impulsionam o nosso viver de forma inefável.
Quem sonha, sobretudo com o bem — não só para si, mas para uma coletividade: da nossa espécie e de outras espécies que coexistem em nosso planeta azul conosco – já é essencialmente feliz e realizando, pois os sonhos são reais. ACREDITEM!
Todas as datas são queridas quando temos sonhos; sonhos são: propósitos, batalhas, vôos, mergulhos, trabalhos, cura, vida e fim de vida.
Nada é descartável para quem sonha. Nenhum ser vivo(ou morto) é descartável para quem tem a alma untada pelo verbo sonhar em todos os tempos e modos do verbo.
Sendo assim, se queres a eterna juventude, se preocupe com seus sonhos e deixem que os irmãos e irmãs sonhem! Aliás, se possível, faça parte dos sonhos alheios. Isso é viver jovem para sempre.
Estou um ano mais novo. E, se depender de mim(e dos meus sonhos que são coletivos), chegarei à infância, mais uma vez.
Luciano Calazans. Salvador, Bahia, 15/01/2017 mais novo, mais puro e mais determinado a sonhar!
ARANHA
Vez em quando, uma menina,
vez em quando uma mulher
Vez em quando quelíceras, picadas
vez em quando, uma falha, nenhuma fé
Vez em quando, suprema carência
vez em quando, escravo afeto
Vez em quando sobra, dejeto
Vez em quando cólera turgescente
Vez em quando, horizonte de bruços
de costas, pedaços, postas, apostas em nada
Vez em quando, entra uma mosca
vez em quando, quase nunca
Vez em quando, calúnias, besteiras
vez em quando, o cetro e a enxada
Vez em quando, carrasca do tempo
Vez em quando, um minuto não é
Vez em quando o tapa
vez em quando o buraco
Vez em quando o graal
Vez em quando o falo
Vez em quando, leva o vento
vez em quando a maré traz
Vez em quando, vãos pensamentos
Valem mais que infinitos ais...
TAÍS
Ela chega através das fotos
Abraçada com o futuro está
Abarcada por incertezas triviais
Ela não foge às convicções
Em seu púlpito particular
Discursa em silêncio seus pesares
Abraçando o cinturão de Órion
Que surgiu de seu ventre
Ela, agora, sorri através da fotografia
Linda, como só ela sabe ser
A verdade vedada se traduz em cada gesto
Que erroneamente, parece-lhe servil
Sua natureza não é ser vil
O pai não é o universo, ela sabe.
A terra é sua mãe
Cheiro seu mato a milhas de distância
Fulano disse isso
Fulana é aquilo
Nada importa neste momento único
Os olhos caídos e cansados precisam da liberdade de ser.
O pai não é o mar
A mãe, tampouco
Posso sentir nela o que ela não sente no eu
Ego implacável e que descostura o tecido do amor servil e necessário.
Contradições de uma alma que ama...
Mas existe amor de verdade não contraditório?
O poeta usa um reles vicio como genuflexório
Para tentar externar a indizível vontade
De se reinventar — por e para ela.
Ela é tão linda
Dona de si
E o pai não é o universo
A mãe não é a única.
Ela é tão linda quanto qualquer hora do dia
E a alma é seu universo
E a barca que carrega orion
É seu porto.
Talvez um dia andemos juntos
Por entre alamedas de comunhão
Talvez?
Não.
Com certeza hei de vê-la sorrir
Não só pela fotografia virtual
Mas pela tão almejada felicidade real.
Ela sempre chegará.
O pai estará dormindo
E sonhando com o universo
Que é dela. Só dela.
Luciano Calazans. Praia do Forte, 13/10/2018.
Os cheiros indeléveis da verdade
Sombras de um passado obscuro
Que me acompanham qual um cão
Sem dono, sem rumo e sem prumo
Tentam ceifar o que me cabe em vida
Mordem , puxam, arranhando tristes feridas
Já cicatrizadas e bem passadas
Extraindo uma dor desnecessária e vã
Que serpenteia, uma alma mal lavada
Não há fuga bem sucedida e sim o querer não concedido
Não há o amargo do café em minha língua
Há um agridoce meio amargo sentimento
Que se tornam agradáveis com sua receita
não muito melíflua a me fitar de cima
Um breve coma da fantasia herege
Agora é realidade vestida e travestida
Sem sombras, só gosto, só gosto
Não carece temer a desconhecida conhecida existência do lapso
Não por opção
Essencialmente , não .
Adoro o seu altar mor
Um dia ele será nosso
Sem chagas, sem feridas
Só o sentimento banalizado pelo nefasto cotidiano .
VINTE E DOIS
O músico é uma criança à procura do futuro, do passado, do presente.
Do futuro do presente
De um presente do passado
De um passado de muitos futuros
A música é choro, é chão, é momento
A música é o sempre, é o agora, é uma coisa já vista/ouvida que sempre será novidade
Efêmera e eterna fertilização de corações e mentes.
A música é a definição indefinida do que almejamos ser ou não ser.
É a palavra mais inalcançável ao alcance dos mais incautos ouvidos
A música é uma estrela. Ou seria constelação?
Uma leve brisa ou um tortuoso tufão?
A música é a explicação ao inexplicável.
É o inexplicável translúcido em vasta amplidão
É a liberdade prisioneira
É o teto, a eira e a beira
É o que fomos, o que somos e o que seremos.
A música é utopia real
Fantasia da realidade
Realidade da fantasia
A música é uma criança à espera de zilhões de pais, mães, irmãs e irmãos.
É Arezzo, Cecilia e João, Sãos...
É a certeza da cura
É a cura desenganada
É a ilusão do horizonte
É a bebida que brota de toda e qualquer fonte
É a coisa sem fronteiras, que infelizmente alguns tentam podar.
A música é o mais reluzente significado para nossas vidas, quer queira, quer não .
É angústia, é ânsia, é susto, é suspense, é o amor!
E em seu dia elencado por mortais,
Tento em versos vãos externar o infinito solúvel e sem solução
A música é esperança, é uma criança, é a fêmea e o macho, do flautim ao contrabaixo
Do ventre à luz
Da alma aos sãos
Da cegueira à visão
Do oco aos atos.
Do ogro aos ratos
Dos gnomos aos patos
Da fome ao prato
Existem sons
A música é criança versada e versando
Canções
Luciano Calazans. 22/11/2017
À Deusa que rege a minha vida e a de Zilhões.
Desatinos do Tempo
O tempo mata da mesma forma que cura e nos traz a vida. O tempo ama, o tempo odeia. O tempo dá, exatamente da mesma forma que tira. O tempo anseia e desdenha. O tempo é o cheio, o tempo é o vazio. O tempo traz o tempo leva. O tempo é glória, o tempo é fracasso. O tempo é parceiro e inimigo. O tempo é longo, o tempo é curto. O tempo engorda o tempo emagrece. O tempo para o tempo não para. O tempo é para. O tempo não é para. O tempo enaltece, o tempo deprecia. O tempo nos deixa felizes e o tempo nos deixa tristes. O tempo é visível. O tempo é invisível. O tempo e seus desatinos...
O tempo vem o tempo vai. O tempo é tudo o tempo é nada. O tempo sobra, o tempo falta. O tempo deseja, o tempo ojeriza. O tempo é e o tempo não é. O tempo é Deus, ateu, gnóstico, agnóstico. O tempo é branco, preto e colorido. O tempo tem cheiro e o tempo fede. Perdemos tempo pensando, ganhamos tempo pensando. Nós perdemos tempo, mas o tempo não nos perde. Nós esquecemos o tempo, mas o tempo nunca, nunca nos esquece. O tempo e seus desatinos. O tempo é rei para uns e súdito para outros(que pensam que são monarcas). O tempo é luz e escuridão, é amor, é paixão, é lascívia é um não. É um sim é um talvez. O tempo é tudo. Não temos mais tempo para pensar sobre o tempo, no entanto o tempo está sempre a pensar em nós. O tempo é macho e fêmea, união e desunião. Somos caprichos, devaneios, desatinos do tempo...
Luciano Calazans. Salvador, 12/11/2012.
A esperança, se real, é tão imortal quanto quem a carrega consigo, onde quer que vá ou onde quer que esteja. A esperança é, sem dúvida, uma espécie de "codinome" do amor à tudo que se galga e a tudo que se faz. Esperança, seja no que for, é a mais pura e perene forma de demonstrar nobreza, sobretudo para si e em si e esse sentimento nobre, fica até o fim do fim dos tempos adornando o céu no azul como "algodões celestiais", ou no breu da noite, em forma de cintilantes estrelas.
A Bruma e a Réstia
Por entre as brumas que envolvem as incertezas
Sempre há uma réstia de brilho, de beleza
Seja vermelha carmim ou turquesa
Por entre os limbos, umbrais, carnes e vais
Há o barro, o jarro, o sarro, o sonho o riso...
Haverão, inevitavelmente, as notas batizadas
Pelo frade Arezzo .
Entre você e eu existe a bruma, mas a réstia é demasiadamente incandescente! É fogo
Qual mil lampiões no breu de uma noite sem estrelas.
Entre o eu de você o lamento de muitos vais
Em nossa tempestade existe o sal do mar
O sol do lá, e do turquesa. Beleza!
No desassossego da alma, exuberante é o Álamo
Que adorna nossa casa, a casa das nossas almas, vez em quando, esguias – trivialidades.
Não obstante, no liquidificador metafórico que transcende e mistura a magia,
Somos um só líquido.
Sólido líquido
Calefação
Ebulição
Nunca o congelar. Jamais o engessar.
Somos porquês com respostas
Somos o ganhar sem apostas
Somos um verbo conhecido e desconhecido
Somos uma aberração dos comuns sentidos
Em vários desvarios.
Se isso não é o amor
Amar é o nada
Se isso não é amor
As brumas são réstias
Se o sol não está aqui
A chuva nos basta
Isso é amor
Luciano Calazans, Salvador, BAHIA. 05/02/2018
Os Saberes
Sei o que quero quando sabes o
Queres
Sei o que espero quando, também não sabes
Sei o que busca em mim
Pois é o mesmo que busco em ti
Não sei, no apogeu do meu ãnima senil, a distinção entre a posse e o ciúme
Nos dois lados, nos dois gumes
Que enviesam mais ainda a condição mortal.
Dúvidas vertiginosas
Doces mistérios que em si permeiam o prazer de ser você
Em dons, em tons, que agora nos pertencem
Unindo pontos cardeais do nosso vislumbre comum
A não absoluta felicidade se torna exata e precisa quando sinto o seu caminhar
Destarte , rogo aos nosso Deuses profanos a benevolência da candura mútua de dois seres complexos , que mesmo atraindo nocivos insetos
Se completam qual a Fênix e as cinzas do recriar e do renascer
Para a eterna alvorada que é nosso encontro.
Sei o que quero quando sabes o
Queres
Sei o que espero quando, também não sabes
Sei o que busca em mim
Pois é o mesmo que busco em ti
Não sei no apogeu do meu ãnima senil a distinção entre a posse e o ciúme
Nos dois lados, nos dois gumes
Que enviesam mais ainda a condição mortal.
Dúvidas vertiginosas
Doces mistérios que em si permeiam o prazer de ser você
Em dons, em tons, que agora nos pertencem
Unindo pontos cardeais do nosso vislumbre comum
A não absoluta felicidade se torna exata e precisa quando sinto o seu caminhar
Destarte , rogo aos nosso Deuses profanos a benevolência da candura mútua de dois seres complexos , que mesmo atraindo nocivos insetos
Se completam qual a Fênix e as cinzas do recriar e do renascer
Para a eterna alvorada que é nosso encontro.
Luzes de um Ser Tão imerso
As luzes brincam de sertão
A saudade brinca de gangorra
Às vezes dói, vez em quando vêm alívio
A saudade é a flâmula do desejo de estar
O pai a léguas de distância então
Exalta a resignação forçada
a estar em uma feliz solitude
Tresloucada mordaça em contos de fada
Um vão suspiro - de alívio ou solidão
Enternece o pai distante não por querer
A causa vence efeitos, júbilos, grãos
Assim as luzes podem - e devem
Brilhar mais na seca paisagem
Brincar por raras folhagens
E brincar como seres fortes que são
Tão ser...
Luciano Calazans. São Paulo - SP, 13/09/2015
Vento
Sinto a respiração aliviada da noite
O sussurro do vento e seu timbre aveludado
a falar das vidas, de nortes, do pecado
Enquanto fito um sono digno das fadas
Numa mistura de lençóis brancos e pernas,
Viçosas, fortes, bem torneadas
Arquitetura em carne, osso e cheiro
Morros, montes e vales ocultos
As vezes não, pelo vento
Que revela os cheiros e fragrâncias
De Vênus, das suas, dos seus...
Como sou grato ao olfato e a visão
O tato, paladar e audição
Para que mesmo em obscenos pensamentos,
Possa tocar furtivamente o vento
Cheirar em um sussurro os montes
Degustar o sono das fadas
Ouvir a melodia do desejo ....
Meu
Do vento...
Luciano Calazans. Salvador, Bahia. 17/03/2015
QUINTA JUSTA
Quinta justa
Perfeita dominante
Quinto grau, santo e imaculado graal
Sexto do Outubro, feminino Outubro
Seis horas, vinte e três segundos
Luz ciana, rósea menina
Clarificando dúvidas até então existentes
Acerca – e acima – da realidade gélida e intermitente das saturações necessárias para o aprendizado da vida...Sua vida...Nossa vida....
Vede, filha inocente! O quão esplendorosa é a vida, mesmo que às vezes penitente.
Vede, Ciana Luz, o quanto somos nada ante o significado do teu nome.
E num júbilo de pai presente como a justa quinta de um acorde maior
Acordo que sejas dominante da saúde nos próximos sextos dias dos décimos mês do infinito do tempo que és.
Quinta justa
Justo ser
Justa causa
Do vicejar e do querer.
À Luciana Nader Calazans.
IRMÃOS PAGÃOS
A noite do forte solstício
Equinócios pairam em minha alma
Isentos de reles e engessados artifícios
Como que uma epígrafe de uma branda calma
Grilos, gretas, pulhas, ampulhetas
Não jazem e vivem na arte do meu pensar
Metas e metas conduzem o resvalo da arte sobre a relva da reflexão inevitável
De que só um minuto de solidão em solstício
Equivale a centenas de sóis azuis de verão
Câncer e Capricórnio são irmãos não siameses
Há meses penso
Há meses sinto
Há meses quero
Solstício bem vindo, paz no coração .
Luciano Calazans. Praia do Forte, Bahia 22/12/2015
FUMANTES
Trago comigo cigarro
Trago
Trago comigo catarro
Trago
Trago nas veias café de ontem
Trago esperança na república do café
Trago, prendo e passo
Traga café do planalto
Traga café do palácio
Verde catarro amarelado
Trago – até quando?
Trago a fumaça dos charutos cubanos
Que jazem no Jaburu após os gozados
Farnéis, coronéis sem patentes
Lama indigente
Trago, prendo e passo
Vicio? Virtude?
Trago o amargo dissabor residente
Presidentes, chapas...Ah! Meus chapas!
Vamos comer fezes de ratos, flambadas na vodka Stalinista
Que tal um trago?
Nação ébria e fumante
Das chuvas de aviões fumegantes
Trago!
Preciso parar de tragar
Preciso parar de fumar
Mas, na duvida que é o próximo dia,
Trago comigo, cigarro.
Luciano Calazans. 09/03/2017
Um Quinto de Cinzas
Notas que caem do firmamento argento
Fluido, tônico a uma simples ideia
Cores em ferro, em cinza ou chumbo
Que sugerem uma premissa em lamento
Finda festa da carne de carnes alheias
Cinzas nas portas dos beatos
Verde, terra, branco, mulato
Entornam o mesmo vermelho na via das veias
E no esplendor de uma arisca aurora
Pássaros brincam em seu carnaval sem fim
Sanhaço, garças, canários, corrupião
Desdenham a cinza e furtam cores em si
Na longa estrada até a cidade do senhor do bom fim
Almejo um hiato, uma pausa, um contrato
Com um silêncio de uma pausa geral
Em muitos compassos
Agradeço aos sentidos que me agraciam
Agradeço pelo chumbo, pelo ferro do horizonte
Agradeço pela finda festa de carnes e intrigas pueris
Agradeço à vida pela estrada do sem fim reticente
Agradeço pela festa dos pássaros no horizonte da alvorada em movimento.
Agradeço pelo amor cheio de firmamento
Luciano Calazans. 20/08/2017
JUSTO E FICO
Não que sejas injusta
É da alma, do amo, da natureza
Não que eu seja vão
Não que que sejas não
É que em versos sãos
Impossível é traduzir
O meu querer, o meu sentir
Embora palavras não bastem
Bastardas palavras que escrevo
Saramago, Galileu ou Rimbaud
Também hesitariam o tentar
A tentação que são suas galáxias
Suas luzes, em vários pontos
Exclamação, continuar
Contínuo ar dos seus pulmões
Veja, ó menina...
Como sofro em uma explicação
Sinta, ó menina
O que sou é transição
Perpétua amplidão de sonhos
Toque, ó menina
A minha alma como um violão
Não nascemos para a perfeição
Mas de que adianta a perfeição
Sem o amor quente e puro?
De que adianta a solidão
Em seu vazio obscuro
Sejamos brisa e vento
Chão e firmamento
Amor exato, humano
Veja, ó menina
Simplesmente amo você
Ponto de exclamação.
Luciano Calazans. Serrinha,Bahia, 22/12/2017
O MUNDO EU VOCÊ
Eu você não pode ser?
Não sei por quê...
Temos os motivos
Pra ficar, estar
Sonhar, sorrir
Amar, sentir
Fazer valer a pena
O que a vida deu
E nos ungiu
De forma feliz e plena
Paixão, calor
Luar de amor
Constelações, poemas
Eu você poder ser!
Sei porquê.!
Ainda existe muito pra se ver aqui
Um mar em nós, um mar em mim
Cheio de momentos que serão sem fim
De não, de sim
Estão em nossas vidas
A questão é que ninguém aqui
Navegou sem deixar feridas...
A tristeza é um rio que corre em qualquer vida
De quem ama
Alegria vêm , quando esses rios encontram águas
De sonhos e sorrisos
Sendo assim o amor
Tem dó, tem ré
Tem mi, tem fá
Em toda melodia tem um sol bem lá
Em si , em nós
O som da voz
Essa é a cadência mais perfeita
Que a canção traduz
Em som, em luz, em tudo!
Esses versos são pra te mostrar
Um pouco do meu mundo
Luciano Calazans.
AGÁ, DOIS...Ó?
Qual um anjo...ou drone? Vejo o algo a mais
Que os reles pensamentos dos homens;
Vejo os algodões de outrora
Supérfluo luxo da agora.
Qual a mais célere...ou célebre?
Ave de rapina, que plana acima da biosfera
Acima dos agás, dos dois, dos ós
Sinto àquela criança franzina e curiosa
Que transformava qualquer espécie de nuvem
Em brincadeira, em prosa
Em assunto profundo de roda
Em contos sobre Dumont, Zeus, Deus
O sideral não era espaço, o tempo não tinha compasso, o azul mais que uma cor.
Os meninos gargalhavam às custas dos
Devaneios.
As meninas, não.
Algodão do doce azul do céu
Que agora vejo por cima
Qual uma ave de rapina
Qual uma nave espacial
Qual o próprio tempo em si
Me trague,
Me traga o menino, sempre.
O franzino que até hoje é deslumbre
Em suas silhuetas — formas, cumes, patos, gumes
Do cirros à quase cirrose do poeta
Dos cúmulos dissimulados dos falsos profetas
Do nimbo Argento
Do ninho,
Do chão, onde o vôo é mais alto.
Luciano Calazans, Céu Brasileiro, 27/08/2018.
Mães
Para todos os efeitos
Com todos os defeitos
Pesos e medidas
Seu ar amniótico que um respirei
Qual o milagre do água ao vinho
Migrei ao alimento advindo do seu peito
Atavismo certeiro, ancestral pleito
Após nove meses, fez-se a luz
Big Bang comprovado e endossado
Pelo universo do sem fim
Me fizeste pessoa com destino
Incerto como o alvorecer
Sendo assim, és e sempre será
Uma Deusa – do lar, das ruas, do respirar
Deusa dos verbos errantes
Do doravante.
Hoje, as páginas são escritas por mim
Por vós e quem mais nascer
Reinvento a cada instante
Um modo sagaz e pulsante
Para externar a gratidão perpétua
Os Porões
Sono, temporão
Insônia, certo tempo incerto
Abraço, tempo, espaço, temporão
Júbilo, temporão
Temporão, tudo é...Nada, não
Versos que rego em solo infértil
Tristeza , cauda de réptil
O tempo bom é temporão
O mau também
Tensão atemporal
Duvida moral
Eterno temporão.
Luciano Calazans. 20/07/2017
Fructus et Ventris
Nos dias que orbitavam a Primavera
Vi uma fotografia; talvez um vídeo na Televisão...
E em um misto de realidade e fantasia
Da ribalta que é a vida em si
Surgiu um ventre sagrado e fértil
Saliente e lindo.
Duas vidas em muitas, agora respiram
O amniótico, o quente e a proteção
Epílogo de uma fase
Gênesis, novo testamento, em três corações
As luzes que agora veste
São as síntese das sínteses
De luzes, não das ribaltas
E sim de zilhões de sóis
Luzes celestiais.
Me aproprio de Bilac:
"Ora direis, ouvir estrelas?
Certo perdeste o senso..."
E, num ato intransigente e até de "heresia"
Penso
Que ouço uma estrela que carrega em seu ventre duas estrelas – encanto
Em cantos!
Assim, como numa oração
Rogo às luzes e a exaltação
Que os brados que virão
Sejam fortes e viçosos como o Juazeiro
Que sejam impávidos colossos
Com a mais plena ternura da mais terna rosa
Versos – vãos ou não
Advindos de um coração inquieto e em total ebulição da emoção plena
Deseja que as duas luzes, não pequenas
Sementes do Juá, cores da imensidão
Floresçam vigorosamente qual a árvore encantada do sertão ou do ser tão do mundo
Que por ora é o cais, o porto e a proteção.
Vindas do bem,
Bem vindas à luz maior
Que o juá cresça ainda mais
E que neste enviesado mundo
As vidas sejam as mães, os pais
A paz.
À Ivete Sangalo, mãe Marcelo, mãe Brasil, Mãe terra, fogo, água e ares.
Com todo amor,
Luciano Calazans, Salvador, Bahia, 01/10/2017
O AMOR DA TERRA
Se o eu não reclamar
Soltar a minha voz
Tá claro...sou culpado
Sou mais um a ver
O seu azul morrer
Seu verde rarear
É claro! Sou culpado!
Sou só um "mano", vendo
O futuro derreter e sangrar
Em minhas mãos
Vendo, o cheiro
Da algoz em vários nós
Espalhada pelo chão .(mar)
Eu quero é viver!
Não quero guerra com o planeta
Terra
Eu quero mergulhar
Boiar num mar azul de eras
Terra...Somos inquilinos
A poderosa mãe
Sempre a nos perdoar
Com o doce do rio
Cascatas, imensidão azul
O solo fértil ou não
Motivos de canção
Que ecoam no divino que há nos corações
Amor! Venha!
Seja a nossa redenção
Nossos filhos estão crescendo
Ventres, ventos
Pedem mais um bilhão
Clamam mais uma canção
Queremos renascer!
Queremos recriar a terra!
Queremos mergulhar
Voar no azul do céu de eras
Mãe terra..
Somos inquilinos
Somos os meninos
Somos as crianças
Somos as florestas
Somos oceanos
Somos a esperança!
O Amor da Terra.
Luciano Calazans. 29/07/2017
Sim! TODOS NÓS SOMOS UM
Sim! Ao povo brasileiro
Sim! Ao povo do estrangeiro
Sim! Ao mar e ao sertão
Sim! A quem quer o amor em si
Liberdade, Vidigal, Aldeota, Morumbi
Em um grito só
Praia, Mandacaru, Açucena, Curuzu
Em um grito só
O país é auriverde
Como disse o poeta
De Malês, Iorubás
O traquejo vem de longe
Caiapós e pataxós
Satere, tupinambás
A magia adentra a selva
Guaranis e Caioás
O sotaque não importa
Somos um só rio
Somos um só mar
Sim! À labuta honesta dos descendentes
Sim! A celebração, à festa dessa gente
Sim! Ao côco, ao xaxado e o axé
Sim! Ao choro, o Lundu, o Candomblé
Ponta Negra, Jacintinho, Diamantina, Itabira
A língua é uma só
Salinas do Pará, Rio Branco, Santarém, Manaus
A vontade é uma só
Porque somos o que fomos
Colhemos o que plantamos
Mas é chegada a nossa hora
Mesmo com toda demora
Esperança está no feto
Tá no ventre, na enxada
Tá no mar em movimento
Tá no sul , está no norte
Do nordeste, Centro oeste
Tá num povo que em si é um só
Queira ou não queira
O baiano é sergipano
O gaúcho é paulistano
Carioca é manauara
O mineiro é goiano
E os Deuses, brasileiros
Pardos, mamelucos, mulatos
Cafuzos, confusos
Com fusas, nó atado na garganta
Acordes, consonantes ou dissonantes — a música se faz em nós, em milhas
Do continente às muitas ilhas...
Potiguar é capixaba
Paraense é de Roraima
Chapecó, Catarinense
E o povo é brasileiro
Sim! Ao menino e a menina
Sim! A o menino que é menina
Sim! A menina que é menino
Sim! A um povo que constrói o seu destino
Obrigado por vocês,
Obrigado, meu amor
Obrigado à minha terra
Das palmeiras, sabiás e Patativas
Obrigado ao amor,
Sempre,
Sim!
Todos Nós somos um laço
Todos nós somos abraço
Todos nós somos gametas
Todos nós somos um
SOL!
Luciano Calazans. Salvador, Bahia 2017.
IN CANTOS
Canto nu, uirapuru
Canto lá , sabiá
Canto não, azulão
Canto, embaraço, sanhaço
Canto sim, papa capim
Canto mal, ó cardeal
Galo da campina
Minas, esquinas
Passarinho em sua sina
Canto só, sem voar mocó
Sai do peito, Assum preto
Canto otário, me salva o canário
Belga ou da terra
Do céu e das nuvens
Bel canto em esperanto
Canto nu, urubu
Versos emplumados
D’alma inquieta
Espinha não ereta
Que jaz em uma cama
Um quarto
Assobio sem sucesso
O espólio do das penas
Pena.
Luciano Calazans. Serrinha, Bahia. 22/12/2017