Luciah Lopez
CRY BABY
[...] velhos discos riscados
jogados pelo chão entre a poeira e a "bobeira" que lesa
fazem ecoar Cry Baby, enquanto o gelo derrete no Cuba Libre...
O tempo não passa, apenas se atrasa um pouco
_________o suficiente para eu ouvir a música e esperar por você.
A APARENTE FRAGILIDADE DAS FLORES
[...]Há na ponta dos meus dedos uma sensação que me apavora enquanto me devora e solta este animal exótico que te seduz. Preciso desta textura, deste estágio e destas rendas que me realçam enquanto me preparo para você fazendo do meu corpo, o seu relicário.
Coração / flor
______ no coração da flor,
me desfaço do ontem
Rejuvenescendo feito serpente
e amanhecendo nos arvoredos de muitos tons...
Saudade
o que fazer com a saudade
quando os seus olhos dormem?
E o silêncio te leva tão longe de mim...
PAIXÃO
Porque os nossos olhos se apaixonam primeiro?!
_________e a nossa razão se cala
e a boca fica seca,
e o tempo não passa?!
Sabendo
Negar o lado escuro da vida
e construir a perfeição do que somos,
nos dá uma melhor postura diante daquilo tudo
que [nessa altura da vida], já não é mais proibido.
Essências
há um tempo
para caminhar sobre pontes
e deixar que o vento roube
um pouco de perfume
enquanto o olhar se perde ao longe...
Caminho
podem ser as nossas manhãs
a motivação daquilo que imperceptivelmente
guardamos n'alma e que
em determinado momento
muda nossa condição
de meros "viventes"
MADRUGADA NA RUA XV DE NOVEMBRO EM CURITIBA
A Rua XV e a madrugada
caminham pelas calçadas de Petit-Pave
fazendo graça
até o amanhecer.
As petúnias roxas
ainda dormem seu sono
perfumando o velho bondinho vermelho...
As luminárias da Praça Osório
tingem de amarelo
todas as notas musicais do velho
sax que se ouve ao longe...
O dia começa no vai e vem
pelas calçadas
e no cheiro adocicado da pipoca
estourando na panela preta.
Um raio de sol faz nascer
arco íris nas gotas d’água
da velha fonte
com sua sereia de metal...
O tempo, aqui
segue calmamente
acordando tudo com muita calma...
COLINAS
quando não couber
em meus olhos
a ausência das tardes
e todas as cores adoecerem,
a certeza da saudade
vai sobrevoar as colinas
onde os louva-deus
se levantam
e o amor se aquieta
no coração de um pássaro
e a menina corre sozinha
soprando dentes de leão ((ao vento sul))
Escorada num velho troco de bapeba, eu deixo o olhar acompanhar o desenho das nuvens________ o que vem lá?! A chuva talvez...
Me pergunto: que gosto tem essa chuva que traz em seu bojo o cheiro da "bosta fresca" dos bois?!
ABSTRAÇÕES II
(Malheur à moi...)
As vezes me esqueço de sorrir e
distraída, atravesso a membrana
que separa o ontem do hoje
guardando no olhar
só um pouquinho da saudade!