Lucas Silveira
* A tua onipresença nos meus pensamentos parece ter feito o resto do mundo evanecer frente aos meus olhos. Eu consigo facilmente enxergar teu vulto sob a luz dos postes, bem como o teu reflexo ao lado do meu, nas vitrines das lojas. A TV tenta, mas não consegue abafar o som da tua voz, cujo calor provocado pela proximidade da tua boca me fez esquecer do frio que faz lá fora. No lugar de onde venho, sempre faz frio lá fora, e eu levo em alguma parte de mim a lembrança desse lugar.
* A vontade de sanar esse frio me trouxe até você. E, agora, com teus passos ecoando junto aos meus, acho que não consigo mais andar sozinho. E, mesmo que eu consiga, não quero fazê-lo. Hoje eu sei como é a sensação de acordar e ver que aquele sonho antigo nada mais é do que a atual realidade.
* Enfim, é mais ou menos por aí.
Tira os tênis. Estamos caminhando sobre nuvens. A gente não pode ouvir nada daqui de cima, além dos nossos sussurros. E, mesmo quando escurece, a gente sabe que não importa para onde a gente aponte. Vai ser sempre céu, e seremos sempre nós.
Acredite, é impossível procurar algo que a gente não sabe o que é. Eu parei de procurar, e te vi sentada ao meu lado na fila de espera por alguma coisa qualquer. Eu procurava alguma coisa que justificasse todas essas palavras que eu cuspo em todas as direções, sobre uma vida que eu sonhava viver. Nada foi em vão. Hoje sei que nem a mais profunda escuridão vai me impedir de enxergar teu rosto, mesmo com os olhos fechados.
* Quando tento de ti me aproximar em sonhos, é que acabo surgindo em outros lugares, cada vez mais distantes de onde quero estar. Pergunto-me o porquê dessa indesejada distância e, antes de terminar o questionamento, eis que te visualizo a uma distância enorme, que eu não saberia quantificar.
* De muito longe, passo a acompanhar com os olhos o rumo dos teus pensamentos pelo céu escuro de estrelas escondidas pelas luzes de postes e prédios. Eles chegam até mim e desviam no último momento. Sobrevoam, dão voltas ao meu redor, sopram sussurros pela minha nuca, mas nunca encostam em mim. Fogem ao meu toque, escorregam por entre meus dedos... teus sonhos não são meus.
* A madrugada avança até que um desses espectros pára de repente ao meu lado, e me chama pra passear. Dentro do teu sonho, voando na velocidade da luz até o teto do teu quarto, onde pairo a centímetros da tua face, respirando baixinho pra não te acordar, eu fecho os olhos.
* O telefone toca me acordando, fim do meu sonho. Não é ninguém. Estou muito mais perto de ti, agora, mas entre nós ainda existe uma centena de paredes, uma dezena de dúvidas e uma só saudade.
* Que passe o tempo. Que ele escreva as linhas e deixe para mim somente a prazeirosa função de pontuar frases. Muitas exclamações, algumas interrogações e apenas um ponto final, que eu deixei reservado para ti. Faze o que quiseres com ele. É teu.
De repente, você vê que aprendeu várias coisas. Mas não foi de repente, foi aos poucos. "De repente" não quer dizer que você aprendeu rápido. Quer dizer que você não percebe que está aprendendo, até que aprende.
Você olha pra suas fotos antigas e não consegue se enxergar. Você lembra de frases ditas e atitudes tomadas e as trata como se fossem de um outro alguém. Você aprende que não há amor que não acabe, doença que não se cure, não há estrada sem fim. O caminho, sim, é sem fim. Basta torcer para estar percorrendo o caminho certo. Basta perceber que o seu caminho é errado e esperar pelo próximo retorno. É uma estrada de duas mãos.
De repente, você se sente cansado de tanto aprender quando, na verdade, você está é cansado de estar rodeando de gente que não aprendeu porra nenhuma. Não te preocupa. Todos aprendem, cada um a seu tempo. O problema é que alguns demoram tanto que acabam morrendo antes da primeira aula.
Talvez você tenha aprendido mais que eu, ou até menos, ou então aprendido coisas diferentes, ou matado todas as tuas aulas mais importantes. Não sei mesmo, mas minha única certeza é que eu não concordo com uma vírgula do que você diz.
Não eu não quero lembrar
De tudo que eu deixei pra trás
Nem querer o que não volta, jamais
Não eu não quero lembrar
De todos erros que eu cometi
Não eu não quero lembrar
Não eu não quero lembrar, de ti.
* Esses passos tímidos ecoam alto demais e, para quem não quer ser visto, isso não é nada apropriado. Esses corredores de azulejos brancos incomodam. Essas paredes frias que, mesmo que eu me mantenha longe delas, me privam do calor e do aconchego que tanto procuro, nessa noite.
* São esquinas que, sem alto-falantes, emitem sons de toda sorte, e muitos deles, infelizmente, são de uma voz familiar. São suspiros aos quais estou assutadoramente acostumado. Tenho uma permanente impressão de que esses sussuros já muito me esquentaram os ouvidos, em outros noites parecidas com a de hoje. Aí eu luto para não perder a concentração nesses sons, não me soltar da corda que me aponta a direção da saída mais próxima. Desconcentrado, tudo que cuidadosamente orbita meu coração sem bater nas minhas costelas perde o controle e aí tudo que sinto é uma dor interna intermitente que segue cada batida do bumbo de uma música triste qualquer.
* Desconcentrado, agarro-me ao trinco da primeira porta que eu encontro. E sempre acabo no mesmo quarto, na frente do mesmo computador, ouvindo as mesmas músicas, ínsone.
* Parece que eu tô reclamando, mas eu vejo beleza nisso tudo.
* Ah, se você pudesse sentir
Ontem não consegui dormir
Sem ouvir a tua voz cansada
* Você devia estar aqui pra ver
Aqui não pára de chover
Desde que você voltou pra casa
* Se o meu lar for onde houver tua respiração
Vou morar na tua voz, ao menos, até o final dessa canção
No teu coração
* Ah, será que você vai lembrar?
Onde é que você vai guardar o esboço dessa história?
* Ou vai fazer fogueira pra queimar
E ver que não dá pra fechar
A biblioteca da memória
* Você já me conheceu o bastante pra saber
Se eu sou ou não bom o bastante pra você
* Quando acordar, quando a música acabar...
* ... eu posso te ouvir
E eu sinto como se nós não estivéssemos a sós.
Você está aqui, e eu sei que posso estar em qualquer lugar
* Ás vezes eu sinto que eu sou o ar.
" ALGUEM QUE TE FAZ SORRIR "
Eu nunca consegui saber diferenciar
Não querer com não mais sentir
Não merecer com não mais amar
E hoje eu estou aqui
Sem ter lugar pra ficar
Escrevendo canções pra que
Você possa escutar
Com outro alguém do seu lado
Alguém que te faz sorrir
Alguém que vai te abraçar
Quando a escuridão cair
Te impedindo de me enxergar
E eu que hoje estou aqui
E pra sempre vou ficar
Segundos antes de dormir
De mim você vai lembrar
De repente, você vê que aprendeu várias coisas. Mas não foi de repente, foi aos poucos. “De repente” não quer dizer que aprendeu rápido. Quer dizer que você não percebe que está aprendendo, até que aprende.
Você olha pra suas fotos antigas e não consegue se enxergar. Você se lembra de frases ditas e atitudes tomadas e as trata como se fosse de outro alguém. Você aprende que não há amor que não acabe, doença que não se cure, não há estrada sem fim. O caminho, sim, é sem fim. Basta torcer para estar percorrendo o caminho certo. Basta perceber que seu caminho é errado e esperar pelo próximo retorno. É uma estrada de duas mãos.
De repente, você se sente cansado de tanto aprender quando, na verdade, você está é cansado de estar rodeado de gente que não aprendeu coisa nenhuma.
Nota: Trecho de Link
Estou muito mais perto de ti, agora, mas entre nós ainda existe uma centena de paredes, uma dezena de dúvidas e uma só saudade.
O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes. Corra atrás da sua libélula, sem medo de se machucar. Viva o seu romance. Viva o seu último romance.
Cá entre nós
"Tenho há três anos um computador surrado, dotado de um esturricado HD de 80gb. Ao longo desse tempo, fui baixando discos, criando músicas, fazendo inúmeras coisas até que o espaço acabou, me obrigando a fazer um backup. Por "backup" entenda-se salvar em outro lugar os arquivos que a gente não precisa mais, mas não tem coragem de deletar pra sempre. E foi aí que percebi: eu nunca fui um cara daqueles que fica pensando durante horas o que escrever. É muito mais a minha cara sentar a mão nas teclas de forma afobada e desordenada, no melhor estilo Chico Xavier. Quem acompanha meu empoeirado fotolog sabe muito bem disso. Eu gosto de escrever sem pensar, para refletir depois, quando já estiver publicado. Já cansei de vasculhar os arquivos antigos e, por meio dos meus textos, revisar cada segundoo de um passado que eu poderia ter esquecido. Minha mente se preocupa com cada vez mais coisas, e eu preciso de um backup. Por isso vejo na escrita a solução. Ela é meu backup. É como se eu tirasse da cabeça um momento, uma história, assim abrindo espaço para muitos outros momentos, mais intensos e melhores do que os antigos. E, se minhas sinapses falharem algum dia, lá estarão meus relatos para refrescar minha memória.
Portando, se algum dia você perceber que sua cabeça está cheia de histórias, dilemas, problemas a serem resolvidos, talvez seja a hora de você fazer o seu backup, ou melhor, escrever um pouco, para descarregar um pouco disso tudo. E se for uma história triste, sempre teremos a opção de mandar tudo pra lixeira."
E o que eu sinto é o tal do amor. Aquele surrado, mal-falado, desacreditado e raro amor, que eu achava que não existia mais. Pois existe. E arrebata, atropela, derruba, o violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto.
Sim, eu sei muito bem de todos os pesares e os malefícios de trocar o sol pela lâmpada incandescente, mas também sou capaz de perceber a sensação de liberdade que existe quando minha sombra se perde na penumbra. E são raríssimos os momentos em que estou tão sozinha a ponto de ouvir meus batimentos cardíacos. Basta fechar os olhos. É na escuridão que eu tento encontrar tudo aquilo que eu perdi achando que, ao te encontrar, eu não precisaria de mais nada. É na mesma escuridão que eu tento te ajudar. Esse pedaços de mim espalhados pelo caminho são pra você se guiar. Mas você recusou ajuda, você recusou ser ajudado, e você recusou o que eu tinha pra te oferecer. Pra você foi pouco, tudo que foi feito, tudo que foi dito, foi pouco.
"Sinto que somos como dois carrosséis que giram em sentidos opostos. Eu não quero saber o que acontece quando estamos de costas um para o outro."
* A vontade de sanar esse frio me trouxe até você. E, agora, com teus passos ecoando junto aos meus, acho que não consigo mais andar sozinho. E, mesmo que eu consiga, não quero fazê-lo. Hoje eu sei como é a sensação de acordar e ver que aquele sonho antigo nada mais é do que a atual realidade.
* Enfim, é mais ou menos por aí.
Não leve a mal, se o que eu quero é voltar; O mundo real ainda é meu lugar. Não se vá, não assim, não agora...
Eu quero mesmo é que tudo exploda. E que seja luminosa, a explosão, que ecoe pelos quarteirões e faça tremer teus vidros, quebrar tuas janelas. Que perturbe teu sono e te faça ir pra rua pra ver o que aconteceu. Você não vai me encontrar lá. Eu não sou o piloto. Não sou o passageiro. Não sou o pedestre. Eu sou o acidente, e eu sou grave.
E a gente (pode) DEVE ser maior. Basta que a gente queira. E querer não é poder, como as pessoas dizem por aí. QUERER É FAZER. E fazer não é nada fácil. Existem momentos na vida em que a gente precisa ser mais forte do que acha que pode, mais inteligente do que acha que é e mais nobre do que acha que consegue. E como é que a gente consegue? Querendo. E quando a gente quer demais uma coisa, a gente é capaz de feitos que a nossa mente nem consegue conceber. A gente mata um leão por dia. A gente acaba esquecendo das poças d’água, canalizando toda a nossa força para o embate inevitável com os predadores que a vida coloca na nossa frente. E são muitos.