Lucarte
Mulher feita do barro,
da argila poética,
maleável como o mar,
sua voz brincava com a verdade,
enquanto só poetas
podiam fazer isso.
Dia frio,
um cigarro de bom gosto,
com cinzas
tão bonitas
que invejavam
as do morto.
Tragou a morte,
por sempre tossir
com a vida.
Foi jogado
ao mar,
onde há
poesia.
Me beija,
me molha,
me deslumbra
e devora,
nessa perdição
de rimas
que eu mesmo criei,
em tuas curvas rainha,
quero ser teu rei.
Somos
poesias esquecíveis,
perdidas nas variadas
formas de amor,
sucateando o cotidiano,
enquanto inspirações
são malvendidas.
Demonstro
o lixo que sou,
amando de novo,
reciclando sentimentos,
murchando no lodo,
vivenciando clichês
que dão boas-vindas,
mas que logo
se tornam o porquê
da despedida.
Chegará o dia no qual escreverei à noite e morrerei de manhã. Minha poesia amanhecerá póstuma, mas o meu amor por ti será eterno.
Sou apenas
mais um
almejo de alma,
gemendo por vida,
sempre ignorando
o fato dela ser
limitada ao
descanso eterno
e as noites de domingo
Rios de dopamina,
quando sinto
a tua foz,
caindo sobre mim,
como gotas de chuva
e lágrimas
caiam no mesmo
vazio
Lua cheia é seu olhar dilatado e o eclipse são seus olhos dando espaço para os meus se apaixonarem.
Não conheces os prazeres de uma taça de vinho, talvez por isso julgas minha vaidade, pois nunca se embebedou com a sua.
Caio no fundo do poço,
mas não perco a fé no abismo.
Sinto-me como a moeda
perdida do bolso,
prestes a comprar
histórias de vida.
Pois sendo um escritor sincero,
sujo, mas singelo,
lhe escrevo este bilhete
com as unhas grandes
como o ego.
A juventude está indo embora,
sem que tenhamos
nos embriagado de vinho.
Peço que o tempo seja misericordioso,
enquanto abro mais uma garrafa,
com um teor de vida velha,
à margem de um amor
rejuvenescido.
Somos constantes movimentos,
inspirados por sonhos
que já estão acostumados
a ser guardados,
mas jamais esquecidos.
Acordei tão poesia,
por que dormi pensando em ti.
Hoje te vejo de dia,
mas também nos sonhos
antes de dormir.
Fumo a fumaça dos carros
e vago pelo teto dos prédios.
Ao meio-fio do prazer,
enquanto as ruas
caminhavam sobre mim,
transito, transando com a poesia.
Todos os segredos
serão encontrados
a sete mares,
mas teu corpo
é a única onda
que decifrará
qualquer tempestade.
Acredito que este breu que sentimos não seja escuridão completa, ou repleto vazio, ainda há aquele feixe de luz que atravessa a aresta da janela e o sorriso de canto que em qualquer canto, ainda é sorriso.
Ela era a única flor moldada a carne e ossos, poros e sentimentos ao néctar de poesia que rima por dentro.