Luar Méndez
Sempre achei que falta de amor no mundo
No fundo... Não é no mundo... É na gente...
Eu vejo fomes e carnavais... E ensejo poesia...
Eu faço versos num inverso abstrato...
Descrevo em letras o que não pode ser dito.
Acredito muito mais no amor real
Destes que não nos fazem nenhum mal.
E eu, bem mais do que ninguém...
...Sei bem do que gente é capaz...
No mais? Aprendam mais com os animais.
É um querer nato e profundo
Desejo todo do mundo
Uma leveza quando avança o tempo
Um pé de vento de felicidade
Vontade é feito bicho com asas
Por cima das casas sobrevoa altivo
Não tem nem motivo pra não se fazer
Anoitecer nos teus braços feito passarinho
Feito bicho que vive em vão desalinho
E retorna pro ninho ao entardecer.
Querer nato e profundo...
Desejo maior do mundo...
Pecados da língua portuguesa.
Transformar baronesa em Barão.
Chamando em vão, no masculino...
Aquilo que por essência é feminino.
Um erro chamar de O MAR...
(Aquilo, que com efeito)
Deveria ser chamado, com jeito...
... de A MAR.
Feito folha e vento
Num intento de voar
No invento de ser céu.
Feito asa e tempo
No momento de alçar
Num alento, ser ao léu.
Feito fita ou pipa...
No experimento de planar
No advento... No ar, no vento...
É tempo de vôo.
Ainda me resta o parco tempo que resta,
Para conhecer o amor, para viver sem temor,
Para buscar ser quem sou, sem temer o amanhã.
Capangueira... Capangueira...
Besta fera do Capão...
Capangueira... Capangueira...
Protegei meu coração.
Que o poder do teu veneno
Derrote o povo pequeno
Que me quer no seco chão.
Eu hoje viajei no tempo...
Mas por um momento pequenino.
Eu vi a manga madura no pé...
Olhei pra ela com olhar de menino.
Parar... Sentir... Por um momento
O movimento sutil do vento
Que toca a folha e faz cair
O ciclo eterno se repetir
Em cada dia, uma sensação...
Mudamos junto com a estação
A natureza grita, tirando o sono
Ela diz... Venham ver o Outono!