Luar do Conselheiro
Observando as andorinhas a planar fica fácil perceber... Que há aqueles que voam por voar, e há aqueles que voam mesmo é por prazer.
Por que falaria em poesia da bela e exposta copa da árvore, se sua raiz, mesmo escondida também é bela e tem função vital?
Na alvorada o alvorecer
Arvorar-se pelas árvores?!
No arvorecer estou mais preocupado...
Em árvore ser.
Eu mantenho com meus versos
Os castelos sertanejos
Vagalumes nos lampejos
Trazem dos céus os anúncios
Minhas hostes de jagunços
Armam-se de dialética
E psicotomimética
É minha crença violeira
A festa da cabruêra
Mitiga a fome de luz
Dos cabras das cabras azuis
Dos carís de correnteza
O mastro de baraúna
Com mais de um lustro de história
Carrega estandarte em memória
Dos crentes na redenção...
São filhos de Dom Sebastião
Envolvidos nas histórias...
Ou são filhos das histórias...
Do Rei Dom Sebastião.
Se existe uma verdadeira vontade de parar o gatilho que extermina a juventude, especialmente a juventude negra, é preciso parar a mão do proibicionismo. Parar a Guerra às Drogas.
Certa vez me perguntaram
Quem do amor foi criador...
-Responda-me poeta! Quem o fez? Quem o criou?
Respondi não sei ao certo,
Se eu disser que sei eu minto.
Sei que toca violino...
E lhe agrada o vinho tinto.
...Nós cheiramos à éter, comemos mercúrio... Nos banhamos em cloro após um dia estressante de trabalho, manuseando cédulas que são nossas algemas. O ruído das máquinas que nós escolhemos para nós como trilha sonora constante... Já não agrada os ouvidos das crianças do amanhã...
Ela pousou no meu ombro
E cantou ao meu ouvido
Que é passarinho...
Que tem asas e que voa!
Vixe! E agora?!
Mas eu sou céu passarinho...
Não sou gaiola!
A casa cheira a café e cânhamo pela manhã... E todo dia é diferente com o sol a pino... Apenas uma certeza é imutável, o céu estará lindo ao entardecer... Marca indelével do Vale do São Francisco.
O perdão não existe de fato
O ato de perdoar não é humano
Insano é pensar em perdão pleno
Enceno perdoar, mas trago em mim
O fim, o motor, o trote, a morte...
Perdão pleno é para Santos
Com seus mantos, são tantos
E tão poucos... São loucos
Perdão é para Deuses!
Juventude e rebeldia são estados de espírito... Podem ser recuperados, se perdidos... E a qualquer tempo.
Qual espectro azul e fluorescente
Num lampejo de aurora fulgurante
Eis então este lorde triunfante
De centelhas de amores gloriosos
Sertaneios de galopes não ditosos
Num versejo de alhures ruminado
Cavalgando num martelo agalopado
Sendo simples com olhos de brilhante
Vira estrela meu confrade radiante!
Nos mistérios deste céu todo estrelado!
Sejas sempre moleque amalucado
Com rompantes de ode declamada
Sejas pétala de sonho amalgamada
E regalos de amores suntuosos
Num repente de riachos caudalosos
Sejas pedra por Bacco edificada!
Sinto falta da letra rabiscada
Num poema de lirismo qual infante
Num remoto, atual, rápido instante
Mais um brilho neste noite estrelada.
Verso lasso num compasso diamante
Desmantelo de cenário e nevoeiro
Sentimento de um rastro forasteiro
E a certeza do vazio já dominante
A presença me faz falta doravante
Desde o olho cruzado então primeiro
Tire este meu coração de tal asseiro
Antes que a tristeza nossa então me mate
Temo que não me socorras amigo vate...
Caso eu precise do teu paradeiro.
É o tempo um cavalo encantado
Que cavalga em rumo só de ida
E de noite e de dia ele convida
Com ponteiros de hora e de minuto
A voar que o tempo é diminuto...