Luana Pazini

Você vai e volta, sobe e desce, nessa montanha russa que eu apelido de coração. Cada mês em um vagão diferente, você não para e não cansa de adrenalina que escorre por suas veias toda vez que se atreve a ir mais rápido pelos trilhos desse brinquedo real. Muda de vagão para que a mesma sensação seja sentida em vários ângulos, de várias formas. Eu sei, você sabe, meus trilhos nunca vão aceitar vagões onde não esteja só você. Você sabe, por isso sai e volta, sorrindo, me conquistando, deixando-me cada vez mais veloz, tornando-me experiência, forte. E você nem sabe que o tempo em que espero me angustia até os pregos da montanha russa. Acredito ainda que o dia em que demorar muito nas saídas, ela chegará a desmontar, outra vez.
Pois que saia, que volte, que suba, que desce, mas que não pare nunca, nem pense em parar de correr por esse coração que só te pertence.

Pela primeira vez, eu não vou te pedir um diálogo. Farei um mónologo e tu será a ouvinte. Só não saia antes do adeus.
Aonde tu quer chegar? Por que tu acredita nisso? Por que tu não acredito nisso? Poxa, o que eu fiz pra tu querer fugir, assim?
Não, não é pra responder nada, aliás, tu não tem voz aqui agora. É só pra pensar, se tu ainda costuma fazer isso. Pensar nas noites sem dormir, nas lágrimas, nas lámurias, nas dores e pontadas no coração, na felicidade sem tamanho, na vontade de arrebentar todas as correntes só por um abraço, na raiva, no ciúme, na minha forma de querer.
Eu sei, tu não vai ler. Eu sei, tu não vai pensar. Eu sei, tu não vai voltar.
Agora, pode ir.
Adeus.