Lorena Izabelle
“Navegar é preciso. Viver não é preciso.”
Essa é uma frase que sempre me deixou pensativa. Hoje de madrugada lembrei-me dela e comecei a ter inúmeros pensamentos. Quer dizer eu sei que viver não tem precisão nenhuma e que quando navegamos existe uma precisão, mas o que é exatamente isso? Digo, ao navegar você sabe exatamente aonde quer chegar, que caminho você deve seguir, quanto tempo irá gastar e o máximo de surpresa que se pode ter é uma tempestade inesperada, que não foi prevista pelos meteorologistas, mas qual é? Tipo você vai navegar e previamente já sabe que tempo vai fazer e o que esperar e mesmo que surja uma tempestade você ainda vai saber aonde quer chegar e que caminho vai tomar, só tem que esperar a tempestade passar pra continuar seu caminho afinal você não é deus do tempo né? Só que viver não tem nada dessa precisão, você pode até ter sua vida toda planejada e saber exatamente onde quer chegar, mas quem garante que as coisas vão acontecer como você imaginava? E além do mais quais são as chances de isso ocorrer? Quer dizer, na vida podem aparecer várias tempestades e você pode esperar elas passarem, mas quando passarem você não vai simplesmente seguir de onde você estava e esperar chegar onde queria como se nada tivesse acontecido. E se essa tempestade mudar todo o seu pensamento? Afinal isso pode acontecer e acontece constantemente. Sempre iremos mudar um pouquinho ao passar por uma tempestade e toda aquela sua vida planejada pode ir por água abaixo, mesmo que você continue com as mesmas metas o caminho pra chegar nelas vai mudar completamente, somos senhores do nosso destino, mas não decidimos cada detalhe da nossa vida, digo, claro que nossas escolhas nos definem, mas não é como se tivéssemos escolhas ao fazermos escolhas, entendem? Não é como se pudéssemos definir cada momento, porque a vida é tão abstrata e tem estradas tão sinuosas que às vezes nem sabemos aonde ir. Não sei exatamente onde quero chegar com todo esse texto, nem sei que quero chegar a algum lugar afinal, por que a vida tem disso né? A vida nos faz pensar sobre ela sem nem ao menos saber o que esperar dela de verdade. Todos temos sonhos e espero que quem lute consiga realizar os seus, mas não espere que seja tudo como você pensa que será. Acho que acabei encontrando o que quero dizer com tudo isso, olha que engraçado, eu não esperava encontrar sentido nesse texto tão rápido e tô começando a achar um. O que eu realmente quero dizer é que não da pra você esperar que a vida seja toda como você idealizou, então se permita, permita desviar do que você imaginou que seria, permita viver de formas que você nem imaginou que viveria, permita-se, é isso, permita-se, liberte-se de todas as suas precisões, porque viver definitivamente não é preciso e quem se prender na ideia de que terá uma vida exatamente como planejado pode acabar se decepcionando ao perceber que nada é como se imagina, tudo pode mudar de uma hora pra outra e o que nos resta é a ideia da imprevisibilidade, o imprevisível é excitante, te faz querer saber o que vem pela frente sem ter ideia do que será. Já pensou se tudo fosse como você quer? Qual seria a graça? Seria como um filme onde você já sabe o final, tudo bem que existem aqueles filmes que mesmo sabendo o final adoramos assistir, mas será que adoraríamos tanto viver sabendo de todos os acontecimentos, tendo consciência do que nos espera? Eu posso idealizar uma vida perfeita, mas quem garante que essa “vida perfeita” vai ser perfeita mesmo e que eu vou realmente gostar dela? Não é muito mais interessante e instigante viver sem saber o que esperar do amanhã? Mesmo que esse amanhã não traga nada bom, no final sempre vai deixar um ensinamento que será usado posteriormente para outro amanhã imprevisível. Em fim... O meu recado é de que vivam sem criar altas expectativas sobre o que será, e sobre o “e se”, e se nada, viva agora porque como dizia Chaplin “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplauso”.
PS: Para quem ficou confuso, o termo "preciso" usado na frase e no texto não remete a precisar nem a necessitar e sim a exatidão. É como se fosse "Navergar é exato, viver não é exato."