Lina Houbel

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⁠Talvez se aquele abraço tivesse sido mais demorado, aquelas palavras fossem ditas e se meu amor pudesse ser mais bem transmitido a você. Vivemos de “e se” quando alguém parte, essas poucas letras formam a dor enorme que carregamos no começo, e talvez, pra sempre. O luto é como se uma parte boa e viva do seu coração adoecesse, e se engana quem diz que esse pedacinho se restitui com o tempo, afinal, a saudade nunca vai embora, e o que resta são as lembranças de um tempo bom em que aquele ser tão lindo esteve aqui, do nosso lado. O que eu quero dizer não é apenas sobre a dor, que por si só já é algo insaciável, mas também daquela sensação de vazio que encontramos após, aquela sensação de imobilidade, e a cada gota de água que cai no banho, vento que sopra no rosto e folha que cai no entardecer te faz ver quão curta é nossa jornada, estes detalhes sequer faziam sentido e veja só agora, tudo faz barulho silenciosamente e de tão pequeno se faz grande sob seu olhar. Eu diria que não existe remédio, mesmo quando muitos afirmam que o tempo cura ou até que as lembranças ajudam a sarar a ferida. Mas eu não concordo. Tudo bem doer pra sempre, esse é o preço do amor.

⁠Tanto falo sobre metáforas, talvez seja uma forma para que eu consiga entender a realidade de uma forma mais lúdica e não tão pesada. Quero falar sobre pássaros. A cada voo eles sentem a liberdade em suas asas tão leves, O vento que os leva de uma forma carinhosa para cima de tudo. Falamos, isto é liberdade. Ligamos a liberdade ao lugar a que ele pode ir. Veja só, ele voa tão alto e vê tudo, que liberdade! Veja só, ele pode sentir a brisa mais gostosa no seu corpo, isso é liberdade. Mas, e se eu contar que isto é apenas o que entendemos disfarçadamente sobre liberdade? Na verdade, a liberdade do pássaro não se encontra ali, ela está mascarada, na nossa frente. O pássaro não tem o peso de precisar retornar, ele não tem necessidade de se preocupar de até não voltar e nem para onde vai, essa é a verdadeira liberdade - ele voa sem pensar no futuro, sem pensar nas outras 500 coisas que precisa resolver depois e as outras 500 que não está fazendo agora. O pássaro simplesmente bate as suas asas e chega onde seu coração quiser.
Nós humanos, temos voos frágeis e sem segurança, por isso nunca alcançamos sequer 1% da liberdade gigantesca que aquele pássaro tem. E então, depois de pensar sobre isso, você questiona o seguinte, mas é óbvio que não consigo voar assim, tenho uma vida, tenho responsabilidades. Claro, não há nada de errado em pensar assim, contrário seria se não pensasse. Mas é o seguinte, quando digo que precisamos deixar nossas amarras para trás, não são as responsabilidades, e sim traumas, dores, sentimentos mal curados, aquelas feridas que doem até hoje, aqueles assuntos que você evita de todo jeito, as pendências de suas vontades, tudo isso te prende aqui, bem longe do céu. Se quiser mesmo saber a verdade, dificilmente enxergamos que podemos alcançar voos mais altos, achamos que está ok nesta altitude e que as nossas asas não aguentam subir mais, Mas se em um momento abrirmos essa visão para a imensidão a ser explorada nós assustamos, abaixamos a cabeça e seguimos o mesmo caminho que conhecemos desde sempre. Meu Deus, temos tanto pra voar e ainda sim ficamos tão baixo.
E assim desperdiçamos o nosso belo e único voo. O valioso voo, neste que só temos uma chance, não tem como voltar e tentar começar de novo. Então este é o questionamento que fica; você está voando alto?